Eu vou cuidar de você, Cass.

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Dean acelera o Impala, raspando os pneus no asfalto. Seu coração batia com força no peito conforme Somebody to love se aproximava do fim na rádio, levando seu estado de desespero ao limite. O telefonema de Sam ainda preenchia seu cérebro.

Uma bruxa, mais precisamente uma desconhecida por Rowena e suas "amigas" (ou como ela preferisse chamar), havia amaldiçoado Castiel. Agora, de acordo com Sam, ele estava sem poderes, tossindo, cheio de olheiras e com calafrios.

Dean para o Impala com pouco cuidado no lado de fora do bunker e corre para dentro, parando apenas ao chegar à porta do quarto às vezes usado por Castiel para colocar o trabalho em dia. A porta estava aberta, com Castiel deitado na cama e Sam e Rowena um de cada lado, olhando um para a cara do outro como se tentassem entender o que diabos a bruxa pouco amigável, que Dean mataria sem pensar duas vezes quando a encontrasse, havia feito com Castiel.

Dean pigarreia, o que assusta Rowena e acorda Castiel. Sam apenas o olha. Acorda? Anjo não dormiam, mas Castiel aparentava estar fazendo isso segundos antes.

--O que aconteceu?--Dean entra lentamente no quarto, parando somente ao chegar ao lado da figura adoentada.--Como era a aparência da maldita?

--Dean.--Castiel se senta devagar.--Desculpa, a culpa foi minha. Eu estava caçando.

Dean o fumega com os olhos.

--Olha, Castiel, eu sei que você é muito bom caçando, mas não poderia ter tomado um pouco mais de cuidado?!

Castiel franze as sobrancelhas e deita a cabeça, como se não tivesse entendido. Dean deseja chacoalhá-lo pelos ombros de tanta raiva.

--A bruxa parecia uma charlatã, não imaginei que ela fosse tão poderosa. Rowena não faz ideia do qu...

Castiel tem um violento ataque de tosse e Dean, no desespero, começa a bater em suas costas. Sangue voa para o lençol e para o sobretudo de Castiel, assustando aos três. Felizmente, logo ele para de tossir, aparentando uma estranha melhora. Rowena solta um muxoxo e Dean, voltado de uma raiva desesperada, a fita.

--Você vai descobrir o que é isso!

Rowena bufa e leva a mão ao rosto.

--Não seja grosso, eu estou ajudando por livre vontade!--Ela se aproxima de Castiel e suspira quando nota a palidez de sua pele. A alguns minutos atrás, não estava tão evidente.--Eu irei pesquisar, mas não posso prometer encontrar a solução. Eu nunca ouvi falar de uma bruxa chamada Cândia.

--Cândia?--Dean fecha as mãos em punhos.--Castiel, onde você a enfrentou?

Castiel respira fundo, como se estivesse com dificuldade.

--Indiana, Evansville.

Dean se aproxima da porta, determinado a caçar a vagabunda, mas outro violento ataque de tosse e muito sangue, o faz desistir da ideia. Ele volta a se aproximar de Castiel e coloca a mão em seu ombro.

--Rowena.--A voz de Sam o assusta. Por um momento esquecera que o irmão ainda estava presente.--Se encontrarmos a Cândia e ela disser o que precisa ser feito, mesmo com o Castiel longe, é possível reverter?

Rowena pensa por um instante, até finalmente dar de ombros.

--Sim, mas dependendo do que foi feito, precisaremos do Castiel por perto.

Sam olha para Dean.

--Resolvido. Você fica aqui cuidando do Castiel e eu e Rowena procuramos a Cândia.

--OH, espera aí.--Dean ergue as mãos.--Você quer que eu deixe você caçar uma vagabunda sozinho? Se ela fez isso com o Castiel, pode fazer o mesmo com você!

Castiel escolhe o momento para tossir mais uma vez. Dean fecha os olhos e conta até três, tentando manter o coração calmo. Não queria imaginar Castiel morto. Jamais imaginaria o Castiel morto. O que quer que aquela maldita havia feito, poderia muito bem ser mortal.

--Dean, eu irei tomar cuidado.--Sam se aproxima, colocando a mão no ombro do irmão.-- Castiel só foi atingido porque estava sozinho, mas com a Rowena por perto eu não vou correr perigo, afinal, ela também é uma bruxa.

Dean engole em seco e olha para Castiel. Ele estava quase dormindo, algo que um anjo não deveria fazer, mas que antes já estava fazendo. Seria possível uma maldição transformar um anjo em um humano adoentado?

--Tudo bem...--Dean fecha os olhos, cedendo.--Mas se...--Seus olhos voam para Rowena.--Se ele for atingido, eu acabo com você.

Rowena bufa, mas não diz nada. Ela pega a bolsa ao lado da cama, sorri para Castiel e sai do quarto, seguida de Sam. Quando a porta se fecha, Dean cai ao lado de Castiel na cama. Ele procura no rosto de anjo algo, embora ele não saiba o que é, conforme os olhos dele se obrigam a tentar ficar abertos.

--Dean.--A voz de Castiel soa fraca.--Eu vou dormir por um tempo, okay?

Dean quer forçá-lo a permanecer acordado, pois teme que Castiel morra enquanto se entrega ao desejo humano de descansar, mas ele não o impede conforme os olhos finalmente se fecham e a respiração se acalma. Dean espera que ele acorde tossindo, que mais sangue respingue no lençol e no sobretudo, mas nada acontece.

Ele se levanta e puxa um cobertor do baú ao pé da cama. Quando está prestes a cobri-lo, Dean para e sorri para o rosto solene do amigo. É um sorriso, de certo modo, melancólico.

--Eu vou cuidar de você Cass. Seja lá o que ela fez com você, vai ficar tudo bem.

Por um momento Dean pensou tê-lo acordado, mas o rosto de Castiel volta a relaxar. Com cuidado, Dean o cobre com a coberta, porém sem retirar o sobretudo ensanguentado. Temia interrompê-lo e dessa vez acordá-lo para valer. Se Castiel tivesse mais um ataque de tosse por sua causa, ele não se perdoaria.

Dean puxa a cadeira da escrivaninha e a coloca ao lado de Castiel. Iria vigiá-lo da mesma maneira que Castiel tantas vezes havia feito durante suas noites mal dormidas. 

Maldita Maldição-DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora