🧃 | Capítulo único.

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— Hyung! Aqui!

     A voz rouquinha mas sempre doce chamou a atenção de Minho, que até então estava com os olhos perdidos, sem saber ao certo onde o seu menino estava. Eles sempre se encontravam ali, no campo atrás do colégio que estudavam, mas que estava sempre tão abandonado que eles questionavam às vezes se eram os únicos que sabiam da existência.

     Gostavam da possibilidade. Sempre gostaram de estar sozinhos, a companhia um do outro sempre seria a melhor que Felix e Minho poderiam encontrar, e eles sempre deixaram isso muito claro um para o outro.

     Felix e Minho eram os melhores amigos que o mundo já viu. E os mais apaixonados no mundinho em que apenas eles dois viviam.

— Você parece com meus gatos, sempre estão por perto mas parece que se misturam com o ambiente! — Os dois garotos riram juntos, bobos, finalmente ocupando o mesmo espaço ao que Minho finalmente sentou ao lado de Felix, que prontamente lhe ofereceu uma caixinha de leite fermentado.

     Minho pegou, a encarou por alguns segundos em silêncio e sorriu.

     Achava engraçado como cada momento com Felix tinha gosto de nostalgia.

— Voltamos para o fundamental? — O mais velho questionou, rindo quando viu os olhinhos bonitos revirarem pela pergunta boba.

— Eu sei que você gosta! E eu estava com saudade, faz tempo desde que tomamos esse tipo de coisa…

— Pensei que tinha chegado em seu momento energético.

     Minho recebeu um empurrão em seu ombro como resposta e sorriu novamente, as mãos ocupadas abrindo o plástico do canudo minúsculo que vinha na caixinha. Lembrou de quando compartilhava um daqueles com Felix quando ainda tinham 6 anos, as mãos pequenas do loiro sempre lhe renderam dificuldades para abrir aquelas coisas, então essa responsabilidade sempre caia nas mãos de Minho – não era como se as suas fossem muito maiores, mas pelo menos ele tinha uma habilidade melhor.

— Sabe que eu só tomo essas coisas quando estou jogando, eu preciso me manter acordado! E você sempre reclama quando faço isso usando doces.

— É proibido se preocupar com o namorado agora?

     O silêncio que seguiu a fala de Minho poderia ter sido constrangedor, mas aquilo nunca seria possível entre aqueles dois. Principalmente quando o silêncio envolvia um Felix de olhos arregalados, as bochechas pintadas com sardas agora tomando um tom avermelhado e a boquinha bonita entreaberta, como se tentasse reagir e não conseguisse.

     Minho o achava adorável. Roubou um beijinho de canto e foi retribuído com um tapa leve, daqueles que Felix dava sempre que estava sem jeito por alguma bobagem que o mais velho tinha feito. Aquilo acontecia com frequência.

— Você sabe que eu quebro sempre que diz essa palavra.

— Você quer que a gente acabe como aqueles casais gays dos séculos passados? Historiadores nos chamando de melhores amigos?

— Eu não acho que vamos parar na história por nada, senhor Lee.

— Eu discordo, outro senhor Lee. Com certeza os namorados mais bonitos que a Terra já recebeu são um evento e tanto, alguém precisa registrar.

     Felix não respondeu. Invés disso, revirou os olhos enquanto sorria, deixando as palmas pequenas tomarem o rosto esculpido e puxá-lo para mais perto de si. Não tinha certeza se entrariam na história, mas seu namorado estava certo; eram os mais bonitos da Terra. Bem, pelo menos ele achava Minho o mais bonito da Terra. Os mirantes cintilavam conforme os traços bonitos ocupavam toda sua visão e faziam seu coração transbordar, tão cheio de amor que jurava que podia morrer a qualquer momento.

     Morreria por Minho, sempre teve certeza disso.

— Não acha que alguém tão gatinho como eu merece um beijo? — O mais velho quebrou o silêncio confortável que havia sido estabelecido, o ocupando agora com as risadinhas bobas que ambos soltaram antes que Felix concedesse seu desejo, unindo os lábios em um beijo que era muito como eles.

     Sempre tiveram a impressão de que se conheciam desde sempre, e isso era em todos os sentidos possíveis. Talvez isso explicasse porque suas bocas sempre se encaixaram tão bem, desde a primeira vez que acidentalmente se juntaram era assim  – e não havia sido tão acidentalmente assim, Felix sabia que Minho havia feito de propósito! Mas nunca conseguiu discutir verdadeiramente sobre isso, sempre acabavam em outro beijo.

     Eles amavam se beijar.

     Os lábios se uniam como se já soubessem exatamente onde deveriam estar, as línguas sempre tiveram o próprio ritmo e nunca precisaram brigar, porque elas sempre se encaixaram perfeitamente. As borboletas dançavam em ambas as barrigas e trazia um arrepio gostoso pela espinha tanto de Felix quanto de Minho. Juntos. Era assim que queriam ficar pra sempre, entrelaçados de uma forma que ninguém pudesse interferir no mundinho deles.

     Se separar sempre foi incômodo. Principalmente quando vinha daquela forma.

— Hyung? Está tudo bem? — A voz doce soou preocupada agora, quando suas mãozinhas que antes seguravam o rosto por puro carinho pareciam precisar segurar por outro motivo.

     Minho parecia desligar.

     Felix odiava quando Minho desligava.

— Lixie, por favor, fica comigo… — O ruivo choramingou quando a visão começou a escurecer e a imagem de Felix a sua frente já não parecia tão nítida. As lágrimas que brotaram no canto de seus olhos só pioraram a situação, tudo que podia enxergar agora era um borrão. O último sentido a desligar foi sua audição, só a tempo de ouvir o loirinho dizer:

— Eu sempre estarei com você, Minho Hyung.

     O alarme tocou.

     O travesseiro sob o rosto de Minho estava molhado, uma poça causada por suas lágrimas havia sido formada bem onde seus olhos e bochechas descansavam.

     Pegou o celular apressado, desejando ver que dia era.

     02 de novembro.

     Dia de Finados.
    
     Dia de visitar Felix.

dois de novembro | minlixOnde histórias criam vida. Descubra agora