Capítulo 02

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Guilherme está dormindo no quarto de hospede desde a conversa sobre o divórcio. É estranho dormir sozinha nessa cama,depois de anos à dividindo com ele.

Estou tentando processar tudo que aconteceu na minha vida nos últimos dias. Parece que estou tendo um pesadelo do qual não consigo acordar.

Meu marido tem chegado cedo em casa nesses dois dias após nossa conversa,mas como ele mesmo já havia falado, vivemos como dois estranhos. Falamos o básico um com o outro,depois fica um completo silêncio,como agora.

Estamos jantando juntos,mas ao mesmo tempo é como se não estivéssemos. Cada um no seu próprio mundo,fico me perguntando como deixamos isso acontecer, eramos tão cúmplices um com outro e agora somos como colegas dividindo um apartamento.

Pensando bem nem isso,colegas estariam conversando agora,sobre qualquer coisa, como foi o dia,falando sobre algo diferente que aconteceu. Mas não, ficamos em completo silêncio, concerteza não nos enquadramos como amigos,nem como nada,não há um adjetivo para nós, e isso é triste.

Imaginar à onde nossa relação chegou,de estranhos à amigos,de amigos à namorados,de namorados à marido e mulher, e agora voltamos a ser estranhos de novo,só que agora,estranhos com memórias.

E é isso o que mais machuca,ter memórias do que éramos e ver o que nos tornamos agora,dois completos estranhos.

Sou tirada do meu martirio pelo som da sua voz me chamando. Levando a cabeça para encará-lo, esperando ele falar o que tem à me dizer.

- Falei com Nicolas hoje sobre o divórcio, para saber como tudo vai ocorrer. - Aperto o garfo em minha mão por ter que voltar à este assunto novamente, ele poderia ao menos esperar terminarmos o jantar. Não que eu esteja com apetite para comer alguma coisa,para saber disso é só olhar a comida no meu prato intacta.

- E o que ele disse? - Tento manter o controle,não posso começar a chorar toda vez que falarmos sobre isso,até porque não vai adiantar de nada,ele já tomou uma decisão, tudo que me resta à fazer é respeitá-la.

- Que não será uma separação complexa se os dois estiverem de acordo. - Ele dá uma pausa,me fitando intensamente, talvez pensando que não concodarei,ele volta a falar quando percebe que não falarei nada.

- Dentro de três meses já estaremos divorciados. - Olho para suas mãos, que ele não para de esfregalas, mostrando seu nervosismo. Volto a fitalo, quando ele respira fundo,como se tivesse ansioso.

- Isso foi o que ele me disse como advogado. Depois conversamos de irmão para irmão,ele me falou algo que refleti bastante e no final percebi que ele tinha razão. - Sinto meu coração bater acelerado,como se fosse sair pela boca.

- E sobre o quê,ele tinha razão? - Guilherme levanta da cadeira andando até mim e acada passo que ele dava, sentia meu coração acelerando ainda mais.

- Ele me disse,que são muitos anos juntos para acabarmos assim,sem nem tentar salvar nosso casamento. - Ele pega minha mão para me levantar da cadeira,e agora com o contando delas juntas,é perceptível meu nervosismo. Ainda mais com ele me encarando de um jeito que ainda não sei decifrar,só sinto que é bom.

- Eu concordo com ele Maia. - Mordo o lábio inferior, tentando controlar a ansiedade. Ele percebendo isso faz um carinho na palma da minha mão tentando me acalmar.

- Por isso se você estiver disposta a tentar, nos empenharemos a salvar nosso casamento. - Estou sentindo um turbilhão de sentimentos, mas tem um que se sobressai entre todos, que é esperança. Esperança de que tudo possa se resolver.

- Então, o que me diz,você aceita tentarmos Maia? - Fico em silêncio por alguns segundos processando tudo que ele me disse,parece até um sonho,de que as coisas poderão se resolver.

Guilherme aperta minha mão, nervoso,aguardando minha resposta com expectativa. Respiro fundo controlando meus sentimentos,e falo a resposta óbvia.

- Sim! Eu aceito tentarmos,é claro que sim! - Tendo me controlar para não parecer mais desesperada do que já estou. Ele dá um leve riso, pelo meu desespero, que me dá vontade de abrir um buraco e me enterrar, por ele ter percebido.

- Nicolas disse que talvez nós pudéssemos dar um tempo. - Franzo a testa, não o entendendo. - Nos afastar, para ver o que causou essa crise no nosso casamento, se queremos mesmo continuar casados,ou é só o medo de sair da comodidade,que nós faz querermos continuar com esse casamento.

Ele me fita em expectativa, enquanto penso no que ele falou. Eu tenho certeza de que ainda o amo. Mas talvez Guilherme não sinta mais o mesmo por mim.

E se ele precisa desse tempo para colocar seus sentimentos no lugar,então lhe darei esse tempo.

Tenho que lidar com o tratamento da leucemia agora,que não vai ser nada fácil, pelo que o médico disse. E se posso adiar esse divórcio, então o farei. Só espero que no final,ele perceba que ainda me ama,tanto quanto eu o amo.

-  Está bem,então como faremos? - Ele inspira fundo antes de me responder.

- Nesse tempo que nos afastarmos, eu posso ir para um hotel,ou até mesmo para a casa da minha mãe e você fica aqui no apartamento. - Apenas concordei com o que ele disse. Guilherme pediu para que voltássemos a jantar,pois eu não havia comido quase nada.

Não consegui comer muito,não tinha fome. Depois do jantar Guilherme foi deitar e eu fui lavar a louça para tentar me distrair um pouco de tudo.

Quando o sono finalmente chegou, fui me deitar, e não demorei a pegar no sono.

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