Capítulo 01

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- Você foi diagnosticada com LMA que é a leucemia mieloide aguda. - Meu mundo desabou sobre meus pés,após o doutor pronunciar tais palavras, não conseguia ouvir nada ao meu redor, parece que tudo parou no tempo . Fiquei tanto tempo presa em meus pensamentos, que só voltei a realidade com o médico tocando minha mão. - Sei que é uma notícia delicada,mas procure ficar calma.

Não tinha como ficar calma,não conseguia ficar calma,estava nervosa, suando frio. Achei que fosse desmaiar à qualquer momento, então respirei fundo,tentando controlar meus sentimentos antes de falar.

-  Tem certeza do que está escrito aí, podem ter se enganado, ou trocado,não sei. - O doutor me olhou com pesar,o que só me fez sentir pior.

- Entendo que o primeiro passo é a negação, mas infelizmente não é um erro no seu diagnóstico senhora Maia. - Ele diz tudo lentamente, que me sinto como uma criança que não compreende a situação, bom talvez seja porque eu não estava compreendo mesmo.

- Foram encontrados baixos níveis de hemoglobina no sangue, baixa contagem de plaquetas e presença de blastos maior que 20%. A doença foi descoberta no início, as chances de cura são altas, a senhora é jovem,fazendo o tratamento corretamente, tudo vai ficar bem. - Tento me agarrar nestas palavras, que vai ficar tudo bem,mesmo que ele esteja dizendo isso só para me acalmar.

- O que vai acontecer a partir de agora? - Minha voz saiu trêmula, como se tivesse dificuldade em falar.

- Vamos iniciar o tratamento com a quimioterapia endovenosa,a terapia de indução,que tem geralmente uma duração de sete dias. - O doutor vai falando,mas ainda estou tentando assimilar o que está acontecendo comigo.

- O objetivo da terapia de indução é destruir a maior parte das células doentes,o que acaba destruindo também as células saudáveis. -  Ele faz um pausa na explicação, o que me dá uma sensação estranha de medo. - O paciente fica muito debilitado, devido a os efeitos colaterais e a até mesmo por conta da severidade da doença.

- Por isso o paciente deve ser internado para obter suporte médico. Essa internação pode durar de quatro à seis semanas. - Ele me explica mais algumas coisas e saio do hospital, sem saber ao ceto o que vou fazer.

Pedi alguns dias antes de começar a quimioterapia, porque preciso conversar com Guilherme sobre o que acabei de descobrir.

Os dias que se seguiram ,eu tentei achar um bom momento para falar com ele,mas estava difícil, Guilherme chegava sempre tarde da empresa e não queria conversar comigo, o mesmo dizia que estava cansado e que precisava dormir.

Mas hoje ele chegou cedo e não posso mais adiar essa conversa, sei que vai ser difícil, mas tenho que encarar minha atual situação.

Preparo um jantar bem legal para nós, coisa que já não fazíamos à algum tempo. Ele estava um pouco inquieto, sempre esfregando as mãos, mania que ele tinha sempre que estava nervoso.

Depois do jantar, digo a ele que precisamos conversar, ele concorda e seguimos para a sala nos sentando no sofá de frente para o outro. Respiro fundo antes de falar, mas Guilherme fala primeiro.

- Maia,não é fácil ter esta conversa com você, mas não posso mais seguir assim. - Franzo a testa,não entendo o que ele quis dizer,spero ele continuar sua fala. Ele faz uma pausa que me deixa mais nervosa do que antes.

- Nosso casamento vem se desgastando a um tempo,estamos distantes ,já nem sequer conversamos mais um com outro. - Isso era verdade infelizmente, sempre ocupada com meu trabalho,ele com a empresa,já fazia um tempo que não sentavamos para uma conversa.

- Parecemos dois estranhos morando no mesmo lugar. - Alguma coisa me diz que não vou gostar do rumo que dessa conversa,o aperto no meu coração confirma isso.

- O que está querendo dizer com isso Guilherme? - Minha voz saiu tão baixa que não tenho certeza se ele ouviu. Ele fica me olhando por alguns minutos, que me deixam aflita.

- Eu quero o divórcio Maia. - Ouvir essas palavras me destruíram,senti meu coração se partindo em meu peito. Isso foi pior do que a notícia que recebi do médico. Isso sem dúvidas me machucou muito mais.

As lágrimas começam a cair no meu rosto, tento enxugalas, mas não adianta, elas,não param de cair.

Olho para meu marido,sem conseguir pronunciar uma palavra sequer,com a dor em meu peito,que só vai aumentando. Respiro fundo antes de falar.

- Por quê? Você não me ama mais Guilherme? - Ele não me responde, o que só me destrói ainda mais. - Me responde,você não me ama mais?

- Construímos uma vida juntos Maia, sempre vou ter um carinho muito especial por você. - Ele não me ama mais,e confirmar isso só me quebra ainda mais. Mas se ele já não me ama,não posso obrigá-lo a ficar comigo,isso só me machucaria ainda mais.

- Tudo bem, se é o que você quer,nos divorciamos.  - Essa última palavra saiu com um gosto amargo da minha boca. Enxugo minhas lágrimas, me forçando a ser forte e não continuar chorando.

- Eu sei que isso é uma situação difícil,acredite,não está sendo fácil para mim também. - Então porque está fazendo isso? Era o que queria perguntar, mas não a faço.

- Vou falar com Nicolas sobre o que precisa ser feito,para fazermos isso o mais rápido possível. - A dor no peito só piora a cada momento que ele continua falando. - Você disse que quería conversar e acabei não deixando ,me desculpe,é que precisava fazer isso enquanto ainda tinha coragem. Diga,o que queria conversar?

- Não era nada importante, não se preocupe. - Não vou falar com ele sobre a doença, não por agora pelo o menos,não quero que fique comigo por pena. Só de pensar isso me dá um aperto no peito. - Se não se importa, gostaria de me deitar,com licença. - Ele apenas concorda com a cabeça e me retiro da sala.

Deito na cama,me cobrindo com o lençol e libero as lágrimas que tentei segurar,soluçando, com a dor excruciante no peito. Fico assim até finalmente dormir.

Uma segunda chance para nós Onde histórias criam vida. Descubra agora