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Pov Billie

— Vai se foder, é sério isso? — Grito ao Jennifer, minha madrasta, me dar a bela notícia de que vai me mandar para a porra de um internato.

— Billie, a gente acha que é o melhor para você! — Patrick, meu pai, fala em um tom calmo, oque me irrita mais.

— Melhor pra mim? Vocês não sabem de nada, seus merda! — Esbravejo, intercalando meu olhar entre meu pai e Jennifer. Enquanto Jennifer me olha horrorizada.

— Você está descontrolada, Billie! Não percebe? — Jennifer fala em um tom firme. Me aproximo dela, ficando a centímetros do seu rosto.

— Vai tomar no meio do seu cu, Jennifer! — Falo e me levanto com raiva e pressa, derrubando a cadeira.

— Arrume a suas malas, você sai amanhã! — Escuto Jennifer dizer. Bato a porta do quarto e agarro meus cabelos, deslizando na porta. Puxo meus cabelos com força, tentando não chorar.

Do que adianta chorar agora? Eu posso fugir, mas isso só foderia mais com a situação.

Depois de um tempo, abraçada com meus joelhos no chão, me levanto e começo a arrumar minha bolsa.

Algumas batidas são dadas na minha porta e logo meu pai passa pela mesma.

— Billie, vamos conversar, por favor. — Se senta em minha cama e eu continuo a colocar as coisas em minha bolsa sem olhar para ele. — Billie, por favor. — Diz em tom mais firme, levanto meu olhar devagar, vendo seu rosto preocupado e até meio triste. Então, decido me sentar e conversar.

— O que você quer? —  Pergunto olhando para as minhas mãos.

— Billie, vai fazer bem para você, lá também é um centro de reabilitação. Vai te ajudar com as drogas, bebidas e também com a sua saúde mental. — Ele diz em tom compreensivo.

— Até parece que ela quer me ajudar! Ela só quer se livrar de mim, você tá cego ou só não quer ver? — Digo já sentindo um nó em minha garganta.

— Eu concordo com ela, você precisa disso, Billie. Tenta, por favor, se você não gostar juro que eu te tiro, tá bom? — Faz um carinho na minha costas e eu afirmo. — Vem cá! — Me puxa para um abraço.

Seu abraço me dá vontade de chorar, ele não é um pai ruim.  Jennifer é uma madrasta ruim.

[No outro dia]


— Eu vou sentir tanto a sua falta! — Zoe me aperta contra ela.

— Eu volto logo. — Me solto de Zoe e me viro para Drew, que está com o rosto vermelho e com os olhos cheios de lágrimas. Abraço forte Drew, sentindo meu moletom ficar molhado.

— Eu te amo, tá bom? — Drew diz pra mim com a voz embargada.

Vendo ela chorar desse jeito, me dá vontade de chorar.

— Eu também te amo, muito.  —  Acaricio suas bochechas. — Eu também te amo muito, Zoe. — Pego na mão de Zoe.

— Te amo pra caralho, Billie. — Zoe fala e vejo o canto de seus olhos encherem de água.

— Vamos logo, Billie! — Escuto a voz irritante de Jennifer me chamar.

— Tchau. — Me afasto delas, acenando para as mesmas.

Entro no banco de trás junto com Finneas. Me sento, coloco meus fones e abro o Spotify.

— Isso tudo é culpa sua! Se não fosse tão problemática, parasse de usar drogas e não ficasse de drama, isso não estaria acontecendo. — Escuto Jennifer dizer, antes de eu dar play na música. Bufo e fecho minha cara na hora.

— Querida, não precisa falar assim com a Billie! — Meu pai interve, pela primeira vez.

— Eu menti? — Ergue os braços, me deixando com mais raiva ainda.

Meu pai apenas suspira, querendo evitar a briga. Não entendo porquê ele não se separa dessa puta.

Depois de um tempo, percebo que o carro parou. Inclino minha cabeça para o lado. Vejo um grande portão branco, com uma placa fincada na grama escrito: Internato Centro de Reabilitação para Jovens.

O carro anda novamente, passando pelo portão. Assim que o carro entra, consigo ver várias pessoas vestindo roupas em tons claros ou pasteis. Algumas corriam, outras conversam, relaxam, algumas até mexiam com plantas. Não parece ser tão ruim.

Meu pai para o carro em frente ao prédio, e logo depois uma mulher sai do mesmo, vestida com roupas formais. A forma como ela anda e seu sorriso largo no rosto me dão medo.

Meu pai franze o cenho assim que seus olhos caem sobre a mulher.

Saímos todos do carro, a mulher anda até nós, com aquele sorriso medonho ainda em seu rosto.

— Boa tarde, O'connel's! — A mulher cumprimenta. — Eu sou Evellyn, gostaria de conhecer o internato, Billie? — Se vira para mim. Franzo o cenho a encarando.

— Não. — Digo de forma seca. — Só me diz onde é a porra do meu quarto. — Assim que as palavras saem da minha boca a mulher fecha a cara.

— Vocês são cristãos? — Meu pai pergunta com as mãos no bolso.

Ele é ateu, odeia cristãos; ele acha que essa ideia de adorar a um ser invisível e achar o que é certo e errado porque leu em um "livro velho" que as pessoas tem que sair julgando os outros por aí.

— Bom, a gente não obriga nossos alunos a serem ou fazerem aulas de educação religiosa, mas tem para quem quiser! — A mulher continua sorrindo.

— Pode me dizer onde é a porra do meu quarto. — Digo novamente. Evellyn se vira para mim, assustada dessa vez, retira uma chave do bolso escrito: B15. — Eu vou lá. — Dou um abraço demorado em Finneas. Me despeço de meu pai, pego minhas bolsas no chão e me preparo para caminhar até o outro prédio.

— Não vai se despedir de mim? — Jennifer abre os braços. Chego perto dela, como se fosse abraça-lá.

— Pau no seu cu, Jennifer. — Dou um sorriso cínico para ela. - É em qual prédio? — Pergunto ainda olhando para Jennifer. A mulher não fala, apenas aponta para um prédio a minha esquerda.


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