III

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Pov Billie.

— Você não tem amigos mesmo? —  Pergunto de novo a Celia enquanto andamos pelo jardim. Ela dá uma risada fraca, abaixa a cabeça e a balança.

— Não. Tenho colegas, não amigos. — Me olha e eu afirmo.

— Qual é a diferença? — Observo as flores em minha frente. O balanço de vai e vem calmo delas me traz paz.

— Amigos são quem eu posso contar segredos, quem eu sei que estão aqui comigo e quem eu tenho intimidade.
Colegas são só pessoas que eu convivo e, às vezes, falo ou converso. — Celia puxa uma flor e a cheira, um ato tão delicado que, por segundos, me senti a pessoa mais bruta do mundo por arrancar flores e jogar elas por aí.

— Entendi. — Afirmo com a cabeça. Celia se vira para mim e aproxima a flor do meu rosto.

— Toma. — Me entrega a flor. —Combina com os seus olhos. — Pego a flor, de cor azul claro, e coloco em minha orelha. — Eu sou cheia de colegas. — Celia diz e suspira.

— Pelo menos tem uma amiga, eu. Vai ser obrigada a conviver comigo! — Sorrio convencida e Celia solta um risada alta.

— Espero que você não toque o violão pequeno de noite! — Balança a cabeça e eu fico confusa. Violão pequeno?

Violão pequeno? — Repito confusa. Dou uma risada alta ao enteder. Celia se vira para mim, com os olhos arregalados. — Porra, você tá falando do ukulele? — Dou outra risada. — "Violão pequeno" — Rio descontroladamente.

Me recupero, um pouco, e me viro para Celia. Ela me encara com as bochechas levemente vermelhas e de braços cruzados.

— É um ukulele, sua cabeçuda! — Seguro o tapa que ia dar na cabeça dela. Ainda não tenho intimidade o suficiente para isso.

— Eu não sabia, cacete! — Ela sorri sem graça. — Mudando de assunto, você toca bem. — Continuamos a andar, dessa vez, de volta para o prédio.

— Muito obrigada, eu sei! — Sorrio convencida. — Ganhei meu primeiro "violão pequeno" com 6 anos. — Conto, ainda debochando de Celia. Ela cobre o rosto enquanto eu continuo rindo.

***

Depois de Celia e eu andarmos pelo jardim, voltamos para o quarto. Agora estou sentada na minha cama, tocando melodias aleatórias, enquanto Celia desenha na cama no outro lado do cômodo.

Look don't...make...now you.Bufo, fecho os olhos e jogo minha cabeça para trás.

Assim que abro os olhos, vejo Celia me encarando. Não vejo o rosto dela, apenas os olhos, o rosto está escondido entre o caderno de desenhos.

— Tô te atrapalhando? — Pergunto e passo a mão pelo meu cabelo. Celia arregala os olhos, de leve quase imperceptível, e nega.

— Não! — Fecha o caderno e o joga na cama junto com a caneta que estava em sua mão. — Hoje é a festa. — Celia conta e eu sorrio empolgada. Hoje é sexta?

— Que horas? — Pergunto encarando Celia, que se deita na cama.

— Depois do toque de recolher, às 23. — Fala e eu dou um pulo da minha cama, indo para a dela.

Acho que ir para a cama de Celia vai ser algo que eu vou fazer muito enquanto estiver aqui.

— Já escolheu sua roupa? — Me sento na ponta da cama e Celia, como na primeira vez que fiz isso, se afasta um pouco.

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⏰ Última atualização: Aug 06 ⏰

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