For You

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O som das sirenes era evidente nas ruas praticamente vazias de Tóquio, entre aspas, estariam realmente vazias se não fosse pelas duas viaturas rondando aquele bairro, aquela região nem deveria ter oficiais da lei por ordem do chefe da gangue que liderava aquele lugar.

O mesmo chefe que agora está morto.

E é por essa mesma morte que as luzes estão brilhando em padrão de azul e vermelho preucurando por alguém de capuz preto, máscara e óculos escuros, em plena madrugada alguém usando um óculos de sol? Então era um assassinato planejado.

Mais que óbvio, já que ninguém se atreveria a matar Shimura Tenko sem ser mais poderoso que ele, isso preocupou as autoridades que apenas descobriram o nome do chefe em sua morte por um bilhete.

Shimura Tenko ou Tomura Shigaraki, chefe da gangue regional
"Terroristas da F"

Por que Touya, ou melhor, Dabi mataria seu próprio chefe? É mais simples do que se pode imaginar.

O mesmo cara que comanda a região, considerado o mais forte, tinha o direito de tudo, até em pessoas. Tenko em um baile de favela deu de cara com um loiro, um loiro encantador, olhos dourados, cabelos passando do ombro, roupas coladas que destacavam seu belo corpo, muito interessante para si. Mal Shigaraki pensou que era o garoto de seu mais camarada confiável — Aparentemente nem tão confiável assim —.

Naquela mesma manhã Dabi encontrou com seu garoto, ele disse que um cara chamado Shigaraki estava no seu pé e que só não o abusava por ser belo demais para merecer isso.

Ah Dabi sentiu seu sangue ferver, sentiu dois ou três grampos de sua mão simplesmente voarem, arrebentaram com sua palma, faria a mesma coisa com Tenko. Com as mesma mãos arrebentadas deformaria o rosto de seu chefe.

Fez exatamente isso, arrancou os braços dele para que possivelmente em uma próxima vida nascesse sem suas mãos e sem o desejo de tocar o corpo do cara mais lindo que já pisou no mesmo chão que ele.

Fez exatamente isso, dilacerou sua face e arrancou seus olhos com os próprios dedos enluvados para que possivelmente em uma próxima vida nascesse cego para nunca mais voltar a olhar para o rosto do cara mais perfeito que já passou ao lado dele.

Fez exatamente isso, com a faca que levava para cortar seus braços cortou seu membro para que possivelmente em uma próxima vida nascesse castrado como um cachorro para nunca mais voltar a ter desejos carnais com o cara mais gostoso que já o trocou uma palavra.

E fez exatamente isso, com aquela faca abriu seu peito e sem sua luva, com sua própria mão, apertou seu coração até jorrar sangue para que possivelmente em uma próxima vida não nascesse, para que não tenha a oportunidade para nunca mais voltar a dizer que apenas não abusaria de seu garoto por ser belo.

Já não estava tremendo de ódio, também não estava nervoso por estar sendo perseguido, já havia tirado seu moletom, suas luvas, seu óculos e sua máscara, jogou na caçamba de lixo quando virou a esquina o caminhão de lixo já estava preste a chegar, virou mais uma esquina correndo e entrou em seu carro, pegou sue telefone e olhou fixamente para o ecrã desligado, esperava uma ligação dele. Ele sempre o ligava de madrugada próximo das 4:30 quando saia de uma reunião, o relógio deu 4:39 e a tela acendeu com o nome do contato de Keigo e a vibração da chamada, como sempre esperou uns cinco segundos e atendeu.

"Como foi a reunião? Já está indo pra casa?"  Keigo perguntou do outro lado da linha em voz baixa, sonolento, recentemente descobriu que seu namorado sempre colocava um despertador para que o ligasse.

"Seu pai não 'tá em casa, né?" Ainda morava com seu pai e depois da reunião o mesmo saiu com outros integrantes então era seguro ir para a casa dele, de qualquer jeito ainda tinha de perguntar.

"Não…'tá tudo ok ai? Onde você 'tá?" Keigo pareceu entender que eles iriam ter uma conversa séria, senão ele não teria pedido confirmação da presença do Takami mais velho, apenas iria para sua residência e ignorar a existência de seu pai — como sempre —.

"Já chego aí em alguns minutos." e desligou.

Chamada encerrada

Keigo estava nervoso, correu para a cozinha e pegou uma jarra de chá gelado e dois yunomis os colocando na mesa de centro da sala, ficou sentado do sofá batendo seu pé repetidas vezes no tapete esperando que seu amorzinho chegasse, tinha medo das conversas que tinha com ele.

Certa vez que conversou com ele era sobre qual cachorro ele achava mais bonito para engolir a mão de seu pai, Enji.

Quando perguntaram oque aconteceu com a mão do homem, disse que fez uma cirurgia para amputar por conta de um problema nos ossos.

Obviamente uma mentira mas ao menos a mão sumiu, a mesma mão que tocou no rosto de seu loiro mesmo que apenas estivesse apenas vendo o corte que o mesmo fez na testa. 

Como da outra vez que Dabi ameaçou seu ex que o batia, ameaçou e infernizou sua vida até que ele mudasse de cidade e principalmente de país, quase que de continente, contando que não veja sua cara esta ok, seu ex namorado mora no interior de uma cidade pequena na Malásia e foragido, seria mais difícil ainda não ver sua face. Bom.

Ao menos sumiu.

Já estava sem seu disfarce, dirigia com calma, com cautela para não levantar mais suspeitas do que já tinha, afinal, era um dos três carros circulando pela aquela madrugada e uma viatura estava o seguindo, será que acharam que ele não ia perceber aquele carro branco e laranja com luzes ligadas? Estupidez.

O subúrbio era fechado, ótimo, continuou seu caminho apenas se preocupando em parar na porta de Keigo.

Chegou, estava lá, preferiu bater a porta do que tocar a campainha, sem necessidade já que provavelmente ele estaria na sala que é logo a entrada apenas seguindo um pequeno corredor, dois toques. Apenas.
Se abriu, Keigo o encarou por alguns segundos, estava claramente nervoso por conta da situação que nem sabia do que se tratava mas o comprimentou da mesma forma que sempre fazia apenas para descontrair seu ar pesado.

Rodeou seus braços pelo seu pescoço roxo de tatuagens e queimaduras, antes de o beijar, sorriu, um sorriso gentil e confortável que sempre lhe mostrava para que se fosse o caso dessa situação — essa que é uma conversa séria. —, pudesse falar que estava tudo bem e poderia dizer qualquer coisa que iria escutar. Assim faria.

Juntou seus lábios com suavidade, sem pressa, tinham tempo, pensou. O até então agora moreno, passou suas calejadas e sujas mãos pela cintura de seu loiro por cima de seu pijama de lã, não é como se fosse se importar de sujar o tecido. Ele o puxou para perto mantendo o ósculo calmo apenas o empurrando levemente para o interior da casa se deparando com o hall que consiste em um pequeno corredor e duas molduras nas duas paredes.

A porta fechou, seus sapatos saírem, seus lábios voltaram a se tocar por mais alguns segundos.

Já estavam um em cada sofá, olhando um para o outro, se encaravam profundamente, Keigo querendo saber o motivo da conversa urgente e Dabi tentando achar uma maneira de explicar para o namorado o acontecimento anterior.

"Dabi.. me diga o que aconteceu, por favor." Pediu juntando suas mãos com as do moreno que afastou uma delas e ligou a TV.

Passou alguns canais até que chegasse nas notícias de última hora e aumentou o volume e apenas deixou o loiro escutar. Líder de gangue é morto, identificado por uma carta deixada por seu assassino, totalmente desconfigurado, área restrita por homicídio imaderado, restos do cadáver levado para laboratório em Tóquio.

" O que isso significa? Dabi? " Arregalou levemente os olhos pela notícia de que um dos homens mais poderosos da cidade foi morto.

"Keigo, eu te amo tanto.." Falou e olhou para os próprios sapatos tentando entrar no assunto de forma tranquila " você lembra do que ele te disse? "

" Eu... Sim, lembro-me.." Realmente lembrava, memorizou o dia como inesquecível em um sentido ruim.

" Você me amaria mais,  mesmo se eu tivesse matado alguém... Por você?" Finalmente falou, Keigo não expressou nada e quando Dabi levantou o rosto novamente, foi encarado pelas orbes douradas que contra vontade estavam meio arregaladas.

§

A música referência é "If i killed someone for you" de Alec Benjamin, está na sinopse.

Would you love me more? - Dabihawks Onde histórias criam vida. Descubra agora