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───── O AR QUE VOCÊRESPIRA É GÉLIDO. Você sente como se seus pulmões fossem virar pedras de gelo se inspirasse esse vento gelado mais uma vez. A luz é forte, e bate em seu rosto te fazendo apertar os olhos para que ela não passe nem um pouco mais, mas é uma tentativa inválida. Aquilo era como uma dádiva divina de Deus ordenando que você levante sua bunda da cama que está deitada a tanto tempo.
⸺ Ah... ⸺ Você gemeu, escondendo o seu rosto em baixo das cobertas, como se isso fosse impedir alguém de ir até você.
É segunda feira. E como qualquer pessoa, que tem o mínimo de noção sobre a vida. Você odeia segundas feiras. É sempre o pior dia da semana, geralmente o mais cansativo. Onde a ressaca parece te consumir e te fazer querer ficar por anos deitada nessa maldita cama que os deuses tanto praguejam.
⸺ Senhorita?
. . .
Você escutou alguém te chamar, a voz velha saia suave, como se não tivesse pressa. Porém você cobre mais seu rosto, desejando que aquilo seja somente seu cérebro tentando te enganar. Um delírio matinal.
⸺ Senhorita ⸺ Ele chama novamente, a voz mais alta ⸺ Me perdoe o encômodo, mas está atrasada.
Não. Aquilo com toda a certeza, infelizmente não era seu cérebro querendo lhe pregar mais uma peça. Era apenas Dean. Seu mordomo. O que te segue por todos os lugares aonde você vá, sempre lhe instruindo a não fazer coisas erradas, já que você é péssima com todos os seus assuntos e é burra demais pra fazer tudo sozinha.
⸺ Quanto? ⸺ Você pergunta, a voz sonolenta e preguiçosa que passa por sua garganta como se estivesse te cortando, e você geme novamente.
⸺ Uma hora. ⸺ Ele disse, calmo. Já acostumado com todas as vezes da qual você chega atrasada no Studio, dando desculpas tão esfarrapadas quanto as de um drogado.
⸺ Ligações? ⸺ A voz agora mais natural, você questiona esperando uma resposta grotesca.
⸺ Ele não para, senhora. Acho que está mais irritado que o normal. ⸺ Ele avisa, saindo do seu lado, indo até seu guarda roupa e abrindo a enorme porta, observando as peças que ali estavam guardadas.
Você se mantém alguns segundos na cama, pensando nas coisas que aconteceram no dia anterior a esse, e no anterior do anterior. Tentando recobrar a consciência aos poucos, raciocinando sua existência e sua compreensão sobre o espaço. Quando acabou, lentamente você se pôs sentada na cama, ainda se espreguiçando.
