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───── VOCÊ OLHA COM UM olhar apertado para Jon. Que está sorrindo e soltando risadas exasperadas para Sae, que o olha com um desdém óbvio e uma vontade absurda de querer soca-lo. E talvez você e Itoshi concordem em algo pela primeira vez. Além da concordância que vocês tem de discordar em tudo do qual vocês tem direito a opiniões em geral, mesmo não sendo muitas coisas.
Já avia passado dois dias desde aquilo, da pequena troca de discursos de ódio entre você e Itoshi, que hoje parecem tão normais quanto antes. Sempre trocando farpas tão exageradas que fazem parecer que vocês se conhecem a mais tempo do que é verdade. Porém agora mais exageradamente, já que ambos adiquiriam o número um do outro, conseguem fazer isso tanto estando presentes quanto estando um longe do outro. Sempre fazendo questão um ao outro de lembrar de suas existências desagradáveis.
Você gostava disso as vezes, apesar de evitar pensar nisso pois tinha medo daquilo. Ria quando recebia as mensagens dele, os torpedos te xingando e spans de emojis de um rostinho irritado e um dedo do meio tão verdadeiro quanto se ele estivesse fazendo isso na sua frente. Você consegue facilmente ver Itochi falando tudo o que escreve, o que as vezes é engraçado já que ele faz questão de sempre dizer algo sarcasticamente odioso naquelas mensagens. Algo muito no estilo Sae.
Itoshi não falava absolutamente nada interessante para Jon estar tão animado dizendo bobeiras a ele. E aquilo o deixava desconfortável, talvez até irritado. Então ele olhou para o lado e te viu, encarando eles dois com um rosto óbvio de pena. Como se estivesse sentindo por ele ter de sofrer com aquilo.
Sae odiava ter conseguido seu número. Odiava aquilo porque desde que você mandou a primeira mensagem de um emoji zombeteiro de tudo o que Itochi falava. Ele se pegava frequentemente olhando fissurado para a tela desligada do celular, esperando suas novas mensagens simples, idiotas e completamente previsíveis, mas que ele amava adivinhar e acertar como se fosse um jogo. Ele odiava amar aquilo, ele se pegava com um sorriso quando previa exatamente o que você iria mandar, era como se estivesse acabado de apostar um milhão de dólares e acertado. Era divertido, e você estava de alguma forma se tornando mais agradável. E ele não queria aquilo. Não queria que você ficasse agradável nem se tornasse divertida. Ele queria distância de você, assim como queria no começo, quando te conheceu realmente, e a única coisa que ele queria era um afastamento imediato. E não proximidade.
