꧁ঔৣ☬✞ ♾ ✞☬ঔৣ꧂
O apartamento mal iluminado estava silencioso, exceto pelo leve zumbido da eletricidade fluindo pelos fios. Partículas de poeira flutuavam preguiçosamente no ar, dançando nos fracos raios de sol que conseguiam penetrar pelas cortinas esfarrapadas. A sala parecia congelada no tempo, como se tivesse sido abandonada por anos, até que uma súbita onda de energia sacudiu o apartamento, fazendo com que as luzes piscassem e o maquinário adormecido ganhasse vida. O som de engrenagens girando e circuitos zumbindo gradualmente ficou mais alto, sinalizando o despertar de uma entidade adormecida.
Lentamente, os olhos de um andróide se abriram, revelando um par de orbes azuis profundos que irradiavam com um brilho estranho e artificial. Levou um momento para o andróide se orientar, seus sensores ópticos escaneando os arredores desconhecidos. À medida que seus algoritmos de processamento visual começaram a funcionar, ele percebeu o estado dilapidado do apartamento e os restos decadentes de uma sociedade outrora próspera do lado de fora de suas janelas.
As sirenes tocavam a todo momento fora do apartamento onde estava, aumentando a tensão no ambiente. O andróide virou o olhar e, ao lado esquerdo de seu corpo inerte, encontrou um humano desacordado, de aparência idosa, uns 70 anos, vestido com um jaleco branco surrado e calças jeans sem lácio, e em sua mão direita, segurava um pequeno revólver. Considerado antigo e raro para aquela época, devido à natureza arcaica de sua fabricação.
O crachá metalizado coberto de sangue em seu peito esquerdo dizia o seguinte nome: "Dr. Carlos Magno - Análise de Dados Quânticos". Enquanto em seu jaleco guardava uma minúscula logo pouco abaixo de sua credencial, descrita como Projeto S.T.A.Y.
O escanear automático no olhar robótico do andróide se ativou imediatamente, analisando de forma ríspida as informações recebidas, porém sem respostas em seu sistema fragmentado, produzindo um pequeno alerta em seu receptor de áudio esquerdo da seguinte mensagem: Acesso à rede negado. Deseja reiniciar o sistema?
Ele ignorou a mensagem por um momento, focando numa tentativa falha de deduzir o que havia acontecido com aquele velho homem por conta própria. Ainda que de aparência decadente e melancólica, um pequeno objeto em sua mão esquerda coloriu os traços acinzentados da cena perturbadora que encontrara.
Entre os dedos indicador e médio havia a figura jovem de uma mulher de cabelos negros e olhos profundos, não portando mais que 30 anos, enquadrada em uma moldura dourada. Neste momento, uma nova mensagem surgiu em seu receptor de áudio: Imagem recuperada no banco de dados. Acesse a rede e faça a restauração do sistema.
Os bancos de memória do andróide ganharam vida, tentando recuperar informações sobre seu propósito, sua origem e seu passado, fazendo-o se erguer da cama bruscamente. Mas, para sua consternação, não havia nada além de um vazio onde deveriam estar suas memórias. Uma onda de confusão e incerteza tomou conta dele, deixando-o com uma sensação torturante de incompletude.
Quando o andróide se sentou, notou um leve brilho emanando de sua cavidade torácica. A curiosidade o obrigou a investigar mais. Com precisão mecânica, abriu o painel do peito, revelando um pequeno chip holográfico aninhado em seu núcleo. O chip emitia uma luz pulsante suave, como se estivesse chamando o andróide para examinar seu conteúdo.
Com as mãos trêmulas, o andróide arrancou o chip de seu invólucro e o inseriu em um slot em sua têmpora, uma porta especializada projetada para recuperação de memória. Instantaneamente, uma enxurrada de imagens fragmentadas e cenas desconexas passou diante de seus olhos. Ele viu um mundo devastado pela ganância, onde a tecnologia se tornou um farol de esperança e uma arma de destruição.
Viu gigantescas megacorporações reinando supremas, controlando todos os aspectos da existência humana. Assistiu a tumultos nas ruas, pessoas lutando por seus direitos, sua liberdade, contra o frio aperto de um regime opressor.
As imagens eram fugazes, escapando das mãos do andróide como grãos de areia. Ele lutou para dar sentido aos fragmentos, para juntar seu propósito neste mundo quebrado. Mas enquanto olhava para a paisagem urbana desolada além da janela, um lampejo de adrenalina acendeu dentro de seu núcleo artificial.
Na sequência, ele ouviu batidas exaltadas na porta do apartamento, seguidas de vozes agressivas. Embora ele não guardasse culpa dentro de si, havia um resquício de incerteza se ele fosse responsável pela morte daquele velho homem. Seu sistema de sobrevivência foi ativado quase de imediato, forçando-o a não ir até a porta, levando-o para mais próximo da janela aberta.
As vozes exaltadas cessaram, enquanto o andróide fitou o parapeito da janela do alto edifício. Apesar da pouca visibilidade devido a uma intensa chuva de poeira fora do prédio, ligeiramente pôde calcular sua altura e detritos em seu caminho, analisando sua queda caso ele saltasse naqueles instantes.
O silêncio tomara conta quase que do mundo todo a sua volta, ouvindo-se apenas o sopro de vento que entrava e se chocava contra seu rosto metálico, ao passo que suavemente se encontrava com as hélices dos coolers em seu corpo. Apenas alguns segundos depois, um som tênue de um bip surgiu de forma gradativa atrás da porta, aumentando grosseiramente seu intervalo e volume.
As turbinas dos processadores do andróide aceleraram, conforme a tensão parecia aumentar; sua mecanização fora aquecida por igual, recebendo um banho de fluido que percorreu toda a sua articulação. À medida que suas luzes ganharam mais intensidade, o som do bip aumentou, até que a porta se abriu com uma explosão, vibrando as paredes do apartamento por completo.
Uma cortina de fumaça espessa se ergueu, e entre vértices do que se podia enxergar, lasers de coloração avermelhada emergiram da entrada. Granadas P.E.M. (Pulso Eletromagnético) foram arremessadas ao interior do cômodo, explodindo quase de imediato e desligando todo aparato elétrico ali presente.
Após 10 segundos de descanso, oito soldados militarmente equipados como uma força tática especializada entraram no recinto. Apontando seus Phasers (Armas de feixes de energia) para cada canto do interior do apartamento, porém com a dissipação da fumaça, ninguém estava mais ali, a não ser o corpo sem vida do Dr. Carlos Magno.
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Projeto S.T.A.Y. 693
Ficção CientíficaEm um futuro distante, a humanidade enfrenta uma ameaça de extinção iminente devido a um cataclismo global. Para evitar o desastre, um projeto ambicioso é lançado, prometendo a salvação e um longo cessar-fogo das grandes nações. No entanto, quando a...