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Cris fez questão de manter o seu olhar preso no do homem. Se alguém tivesse que desviar, não seria ela. E se ficou surpresa pela coragem dele em sustentar a sua encarada, ela preferia não admitir.

O estranho finalmente percebeu a  inadequação de suas posições e começou a se levantar dali. Na pressa e com a elevada dose de bebida já fazendo efeito, ele se desequilibrou e caiu sentado no chão.

O barman riu baixinho atrás dela mas ela perdeu o sorriso que tinha no rosto. Qualquer pessoa pensaria que o motivo seria a preocupação pelo integridade física do homem no chão. A verdade é que não sabia o que fazer com o frio que a assolou subitamente em seu interior.

Cris estava aquecida com o olhar daquele estranho, aquecida como bebida nenhuma a fez se sentir antes. Fato que só percebeu quando ele a privou daquela fonte de calor. E isso a assustou.

Tamborilhando os dedos no balcão, lamentou a ausência de seu copo. Pegou o copo dele mas já estava completamente vazio. Pensou em pedir outra dose para o barman. Olhando de relance o homem perdido no chão, se enfureceu. O que tinha de tão interessante assim naquele chão?

Olhe para mim - ela pensou em gritar - apenas olhe, seu idiota!

Ao tentar chamar a sua atenção, a garota levantou o pé em sua direção. Sua intenção era chutar a perna dele. E talvez tivesse conseguido se não fosse a quantidade de álcool em seu sangue. O máximo que conseguiu foi quase pisar em sua mão.

Se a posição anterior era inadequada, a atual era escandalosa. Com as pernas tão entreabertas como ela estava e ele no meio delas, alguém poderia pensar que eles estavam ensaiando algum roteiro de vídeo adulto. Mas Cris descobriu que não ligava, pelo menos tinha garantido a atenção dele de volta minimamente.

Ela o observou cerrar o punho como se precisasse se restringir fisicamente para não a tocar. Riu baixinho percebendo a língua dele passeando pelos lábios de novo, tentando solucionar a secura em sua boca.

Vamos, olhe para mim - ela repetiu mentalmente. Arrepiada, quase ergueu mais um pouco a perna para que corresse com aquela língua por sua pele. Espera, o que? Não, ela definitivamente estava bêbada, era isso.

Ele se afastou dela totalmente envergonhado pela própria reação. A vergonha tinha lhe dado um pouco de sobriedade. O suficiente para que conseguisse se erguer direito do chão.

Procurou apressado entre os bolsos a sua carteira. Vacilou por alguns instantes na parte dos cartões mas logo retirou algumas cédulas. Ainda se recusava a olhar para ela e isso a incomodou como nunca.

Depositou as cédulas o mais perto o possível do barman e se virou para ir embora. No meio do caminho, lançou na direção dela um pedido de desculpas. Nesse acanhado pedido de desculpas, ela percebeu que gostava do tom grave da sua voz.

- Ei... não precisa ir embora.

Ela o segurou pelo braço e ele congelou. O barman recolheu o dinheiro e se afastou.

- Eu nem devia estar aqui. Aliás, nem sei porque topei em vir.

Ele tentou retirar o braço debaixo do dela mas Cris manteve o aperto firme. Tudo para que ele continuasse falando.

- Mas você veio!

Ele balançou a cabeça e soltou um suspiro pesado.

- Porque o meu filho insistiu e ele nem está aqui.

Cris se alarmou. Essa nova variável não estava prevista em seus planos e poderia colocar tudo a perder.

- Ele ainda vai chegar?

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⏰ Última atualização: Nov 06, 2023 ⏰

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Wicked Game - JoCrisOnde histórias criam vida. Descubra agora