As folhas do fim de outono ainda caiam das árvores de forma tediosa naquela tarde, as pessoas passeavam pelas ruas calmamente com seus cachorros ou filhos, vagando de um lugar para outro por entre a multidão que iam e vinham do seu trabalho. Katsuki nunca gostou de climas quentes, o frio do inverno e o tempo gelado do outono sempre lhe foi muito mais convidativo do que os dias abafados que o verão trazia, ou as tardes mais quentes que a primavera tinha a oferecer.
Era cansativo toda essa rotina que tinha que seguir todos os dias, acordar cedo, ir trabalhar, suportar seus colegas de trabalho — que o irritavam na maioria das vezes — e depois, enfrentar uma multidão no caminho de volta para casa, afinal, desistir de ir para o trabalho no seu carro em prol do meio ambiente também tinha o seu preço.
Engenharia sempre foi o seu sonho quando se tratava de emprego, fez faculdade, graduou-se e agora tinha uma empresa multimilionária, a qual era responsável pelas maiores construções do seu país. Seu esforço era bem recompensado, garantia-lhe uma vida de luxos e prazeres carnais que apreciava muito, trazendo-lhe a sensação de orgulho que por muitos anos almejou sentir de si mesmo.
Katsuki olhou brevemente para os papéis em sua mesa, as planilhas dos ganhos e gastos mensais perfeitamente organizadas por mês. Alguns projetos para aprovação requeriam a sua atenção imediata e alguns — já pré-aprovados e em andamento — necessitavam de empreiteiros para serem colocados em ação, mas, pelo bem da sua empresa, ele deveria escolher com cautela as companhias terceirizadas para fazer o trabalho, ou teria um processo nas costas para arcar.
Sua cabeça já doía pelo cansaço mental, implorando pelo sono que não teve na noite passada. O loiro suspirou, desconcentrando-se dos orçamentos quando algumas batidas à sua porta ecoaram pela sala espaçosa que era o seu escritório.
— Pode entrar!
— Hey, Kat, boa tarde. — Mina deslizou calmamente até o sofá no canto do ambiente.
— Diga.
— Você já terminou aquelas planilhas que te pedi? O Todoroki está quase surtando por causa disso.
Seus olhos se fixaram nas grandes janelas atrás de Ashido, o vidro que cobria a parede do teto ao chão dava uma visão privilegiada do centro de Seattle.
— Eu vou ver se a secretária já terminou, acho que deixei com ela.
— Kat, Kat, Kat, você não anda dormindo muito, não é? — Ashido sorriu doce enquanto o olhava. — Você despediu a Ochako, lembra? Ainda está sem secretário.
— Merda, o Kaminari não tinha resolvido isso pra mim? Que porra, até isso eu tenho que dar conta também?
— Respira, Katsuki, vou ver se alguém já foi selecionado. Até onde sei, ele ainda estava fazendo algumas entrevistas.
— Certo, vou mandar as planilhas para você por e-mail.
Os olhos rubis se voltaram ao monitor do computador à sua frente, o orçamento já pré-revisado pelo seu contador — Tenya Iida — listava todos os gastos que poderiam ser feitos nos próximos seis meses, assim como os que cada um dos projetos sobre à sua mesa custaria.
Céus, Katsuki transpirava de raiva só de pensar na dor de cabeça que seria encontrar alguém tão competente quanto o Tenya, quando este deixasse a empresa como planejava, no fim daquele mês.
— Drinques ou festinha?
— Hoje? Não vai rolar, mas eu acho que o Denki e o espeto devem ir.
O relógio já pontuava cinco da tarde, e essa era a deixa que o Bakugou estava esperando para se estreitar para fora daquela sala e poder cair na sua cama até o dia seguinte, quando deveria retornar à sua tortura diária.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor não, ataque cardíaco
RomanceKatsuki nunca foi do tipo que namora, sua vida era regada a muitas bebidas e diversão, fora o trabalho, claro. Todavia, uma hora ou outra o amor bate à sua porta, estando esperando ou não. Mas para Bakugou Katsuki, ter um ataque cardíaco era um milh...