Capítulo 2: Gardênias Brancas e a Caixinha de Música

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Acordei naquela manhã com o sol invadindo meu quarto e um sentimento de excitação que percorria minhas veias. Hoje era o dia em que finalmente partiríamos para a London Art University, a faculdade dos meus sonhos, sentada na minha cama, me espreguiçando. Respiro fundo, observando o ambiente do meu quarto, olhando atentamente para o papel de parede rosa claro com gardênias brancas e pequenas borboletas lilás que eu e Tia Rose tínhamos pintado à mão nas minhas férias de verão de 2018.

Memórias antigas invadiam a minha mente e aqueciam meu coração, e daqui a algumas horas eu criaria novas memórias, só que em Londres. Minha ficha ainda não tinha caído, não consiguia acreditar que eu era oficialmente adulta. Senti que as coisas seriam mais rígidas para mim daqui pra frente, e eu não estava errada, mas única coisa que eu poderia fazer é ter maturidade o suficiente para encarar isso e arcar com as responsabilidades dessa minha nova vida, dessa nova fase.

Levanto da cama e, após uma rápida passagem pelo banheiro, coloco uma calça cargo jeans, uma blusa branca simples e meu cardigã branco, além de uma fita rosa claro no meu cabelo, deixando-o solto com algumas mechas presas pela fita. Desço as escadas para encontrar Mahara, que já estava de pé e pronta quando desci as escadas para a cozinha, onde o aroma delicioso do café da manhã preparado pela minha tia Rose me acolheu.

— Bom dia, Mahi! — Cumprimentei, sorrindo ao vê-la sentada à mesa, saboreando um café da manhã.

Ela olhou para mim com uma torrada na mão e mastigou antes de responder. — Bom dia, Lili! Já disse que a comida da sua tia é divina? Porque, por Deus, essa torrada amanteigada com queijo e orégano é perfeita.

—Obrigada pelo elogio, Mahi. Que bom que gostou. — Fala minha tia Rose, que estava ocupada na cozinha. Ela se aproximou e me deu um abraço caloroso. Sua preocupação carinhosa era reconfortante. — Bom dia, querida. Como está se sentindo hoje? — Ela me perguntou.

Sorri, agradecida por ter minha tia como apoio. — Bom dia! Estou um pouco nervosa, muito nervosa para ser sincera. A ansiedade está me matando. Eu fico pensando em várias possibilidades de tudo dar errado.

— Não vai dar errado não, vai dar tudo certo, deixa de pessimismo. — Fala Mahara enquanto toma um gole do suco. — A gente vai conseguir sim, e nem pense em dizer que não vai, senão eu vou te deixar aqui. — Dou risada da "ameaça" da minha amiga.

— Se você me deixar aqui, como vai sobreviver? Você não vive sem mim — falo com um sorriso irônico, colocando a mão no peito.

— Iludida, tadinha. — fala rindo.

— Vamos, Mahi, admita que me ama, não vive sem mim. — falo brincando, dando uma piscadela desajeitada, e minha tia ri e Mahara revira os olhos rindo enquanto come um pedaço de torrada.

Enquanto conversamos, ouvimos alguém buzinar do lado de fora. Tia Rose vê o relógio e se assusta.

— Meninas, Tom já está na porta! O trem vai sair em 40 minutos! Vocês vão se atrasar! Vão pegar suas coisas, rápido! — Tia Rose fala eufórica.

Com um misto de pressa e animação, corremos para pegar nossas malas, conferindo se não esquecemos nada no quarto. Mahara pegou seu violão, eu agarrei meu diário de capa rosa bebê, enquanto Tia Rose nos ajudava a carregar tudo até o carro de Tom.

— Bom dia, meninas! — Disse Tom saindo do carro e vindo nos ajudar a colocar as nossas coisas no porta-malas.

— Bom dia — falamos em sincronia, cada uma terminando a frase com um adjetivo como: "Querido", "papai" e " Tomas".

Enquanto Mahara segurava seu violão com cuidado, eu estava conferindo freneticamente se tinha tudo que precisava na minha mochila.

— Mahi, você tem certeza que não esqueceu nada? —, perguntei, com um tom de preocupação. Ela riu suavemente.

Metamorfases: O Retrato Lilian HarrisOnde histórias criam vida. Descubra agora