Epílogo

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Martín e Elena saíram do galpão com feições tristes. Os olhos da mulher estavam inchados e vermelhos de tanto chorar. O homem tinha a cara amassada, ficou um tempão derramando lágrimas sobre o corpo do amado. Após se levantaram, a ambulância levou o corpo ao hospital para limpar o ferimento.

Os dois estavam acabados. Fisicamente e emocionalmente.

A pior parte seria contar para os amigos. Claro, também seria difícil contar para a família.

Ah, imagina como Yong ficaria. Ele não merecia esse sofrimento todo.

Tinha que contar, se eles descobrissem por conta própria seria pior.

Imagine como a mãe de Luciano vai ficar.

Aquela mulher viva e maravilhosa perderia todo seu brilho.

- Como vamos contar?

- Para quien?

- Pais e amigos.

- Eu no conheço los amigos de infância dele, só algunos. Y no soy próximo o suficiente dos padres dele.

- Certo, eu conto pra família e pra uns amigos íntimos. A gente marca a data do velório. E eu que vou pagar. Tudo.

- Mas é caro demais! No voy a aceptar esto.

- Vai sim e cala a boca.- ela riu, pegando o celular- Alô, Saci? Sou eu, capeta. A Lena. Eu to bem sim. Faz um favor. Chama a Maju, a Babi, a Rata e o Tita aí na sua casa daqui quinze minutos, preciso falar uma parada séria. Não precisa chamar o Alex, não se preocupa. Vejo você em quinze minutos.

- Puede me dar su número de teléfono?

- Sim, claro. Aqui está.- a morena disse, adicionando o número do loiro

- Bien, voy a avisar a los outros amigos. Adiós, Elena.

- Falou, Martín.- a brasileira se despediu, virando uma esquina que o argentino nem tinha visto

O loiro se dirigiu a casa de Catalina. Sabia que todos se reuniam lá em coisas urgentes. Esperava que seu desaparecimento fosse urgente...

O portão da casa da colombiana logo apareceu em seu campo de visão. Respirando fundo, tocou a campainha. Instantes depois, viu Viviane abrir a porta. Ao reconhecer o rapaz na porta, abriu um grande sorriso e correu até o portão, o destrancando rapidamente:

- Martín! Graças a Dios!- a venezuelana abraçou o amigo, que deixou lágrimas molharem sua camisa

- Hola, Vivi...

- Estás machucado? Siente dolor?- ela perguntou, apalpando seu rosto

- No, estoy bien.

- Onde tá o Luciano? No consigo ver ele.

- Voy explicar tudo lá dentro. Vamos entrar.

Assim que Martín pisou dentro da casa, gritos de alegria e abraços junto com lágrimas foram a primeira coisa que conseguiu ver. Conseguiu ver sorrisos também.

Seria uma pena ter que desmanchar aqueles sorrisos felizes com a notícia que daria.

Aos poucos, foram se acalmando. Quando já estavam calmos, Yong sentiu falta de alguém. E perguntou por esse alguém:

- Martín, onde está o Luciano?

Chegou a hora.

- Yong...Luciano está muerto.- o loiro preferiu ser direto, sem enrolação. Doía menos falar de uma vez só

- M-Morto? Como assim?!- o coreano gaguejou com o susto

Luciano não podia estar morto. Não podia

- Ele murió con una facada nas costas.

- N-Não acredito...Você pode explicar?- Honda pediu, ainda em choque

Assim foi feito. O argentino explicou a história inteira. Desde o momento da chegada dos brasileiros no galpão, o tiroteio, a facada, as últimas palavras, a chegada da ambulância, e, por fim, a sua própria chegada na casa em que estava agora.

Ao terminar a história, se acabava em lágrimas. E não era o único. Catalina e Viviane se abraçavam, chorando juntas. Yong escondeu o rosto no peito do japonês, que o abraçava, chorando também. Dražen escondeu o rosto com a mão, mas conseguiam ouvir que ele chorava. Francis derramava suas lágrimas com a cabeça escondida nos joelhos, já que estava sentado no chão. Ninguém tinha forças para falar nada, só conseguiam pensar.

- Ele prometeu que voltaria...- o coreano foi o primeiro ao quebrar o silêncio, com os olhos inchados

- Sei que deve ser mais difícil para você, mon amour. Afinal, era o seu melhor amigo.- o francês murmurou, dando um tapa no ombro do rapaz

- Vou pensar que ele está em um lugar melhor agora. Melhor que esse planeta em que vivemos. Um planeta cheio de sofrimento e dor. Um dia, nós vamos nos encontrar. Eu sei que ele está esperando por nós, onde quer que esteja.- o homem que perdeu o melhor amigo disse, voltando a chorar no peito do outro asiático, que o abraçou novamente

- Ele está vivo. Eternizado em nós, em nossas lembranças, em nossas memórias, em nossos corações...- Honda murmurou, fazendo um leve cafuné na cabeça do rapaz em seu peito

- Con certeza...- a colombiana suspirou

- Ele está con nosotros.- a venezuelana sussurrou

Martín não disse nada. Concordava com todos. O brasileiro com certeza estaria em um lugar melhor agora, mas ao mesmo tempo estava eternizado nos corações das pessoas.

Além das risadas, das brincadeiras, das implicâncias, da personalidade. Além de tudo, sentiria falta do que mais gostava no amado.

A coisa que Martín mais sentiria falta seria uma coisa bem específica.

O sorriso inesquecível de Luciano.



Notas do autor:

Agradeço imensamente ao leitor que chegou até aqui; obrigada por ler!

Não é muito minha praia escrever para um lado mais triste/poético, por isso, se algo não estiver de seu agrado, me avise.

Qualquer coisa, pode falar, aceito críticas.

Espero que tenha gostado e até a próxima!!

Sorriso Inesquecível- BRAxARGOnde histórias criam vida. Descubra agora