NOAH VESTIA BRANCO. Parecia um anjo. Ainda estávamos em Carolina, mas não havia ninguém por perto. Estávamos sozinhos, mas não sentíamos falta de ninguém. Noah fez uma coroa de ramos para mim e ficamos juntos.
— Any — irrompeu minha mãe, sacudindo-me até que eu acordasse.
Ela acendeu a luz, ofuscando minha visão, e tive que esfregar os olhos para me adaptar.
— Acorde, Any. Tenho uma proposta para você.
Olhei para o despertador: eram sete e pouco da manhã. Cinco horas de sono.
— Dormir mais? — balbuciei.
— Não, querida. Sente-se. Temos um assunto sério para discutir.
Fiz um esforço enorme para me sentar. Minhas roupas estavam amassadas e meus cabelos se rebelavam para todos os lados. Minha mãe batia palmas, como se isso fosse acelerar o processo.
— Vamos, Gabrielly. Preciso falar com você.
Eu me espreguicei duas vezes.
— O que é? — perguntei.
— Você precisa se inscrever na Seleção. Acho que daria uma princesa excelente.
Era cedo demais para aquilo.
— Mãe, sério, eu... — suspirei enquanto lembrava minha promessa a Noah na noite anterior de que ia pelo menos tentar. Mas, agora, à luz do dia, não estava muito certa de que queria me submeter àquilo.
— Sei que você é contra, mas pensei em um acordo para você mudar de ideia.
Apurei os ouvidos. O que ela tinha a oferecer?
— Seu pai e eu conversamos ontem e decidimos que você já está madura o bastante para trabalhar sozinha. Você toca piano tão bem quanto eu, e com um pouco de esforço vai ficar perfeita no violino. E sua voz... bem, se você quer minha opinião, não há melhor na província. Sorri, um pouco grogue de sono:
— Obrigada, mãe. De verdade.
Acontece que eu não dava tanta importância a trabalhar sozinha. Não entendia como isso seria um incentivo.
— Mas não é só isso. Você pode pegar seus próprios trabalhos, ir sozinha e... ficar com metade do que você ganhar — ela disse, meio que fazendo uma careta.
Arregalei os olhos.
— Mas só se você participar da Seleção.
Minha mãe sorriu. Ela sabia que assim me ganharia, embora eu achasse que ela esperava um pouco mais de resistência da minha parte. Mas como eu poderia resistir? Eu já ia me inscrever mesmo, e ela dava a chance de eu ganhar um pouco de dinheiro só para mim!
— Você sabe que o máximo que posso fazer é me inscrever, certo? Não tenho como garantir que eles me sorteiem.
— Eu sei, mas não custa tentar.
— Nossa, mãe... — balancei a cabeça, ainda chocada. — Tudo bem. Preencho hoje o formulário. É sério o negócio do dinheiro?
— Claro que é. Cedo ou tarde você ia trabalhar sozinha mesmo. E vai ser bom para você ser responsável por seu próprio dinheiro. Só não se esqueça da família. Ainda precisamos de você.
— Claro, mãe. Como esquecer todas as broncas?
Dei uma piscadinha e ela riu. O acordo estava feito.
No banho, tentei digerir tudo o que tinha acontecido em menos de vinte e quatro horas. Preencher aquele simples formulário me garantiria o apoio da família, faria Noah feliz e me ajudaria a guardar dinheiro para casar com ele!
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A Seleção - Beauany
Romance"Não queria ser da realeza. Não queria ser Um. Não queria nem tentar." Para trinta e cinco garotas, a Seleção é a chance de uma vida. Num futuro em que os Estados Unidos deram lugar ao Estado Americano da China, e mais recentemente a Illéa, um paí...