Imaginação

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Era uma chuva torrencial
E ela em cima da ponte parada
O mal não fazia a ninguém
Mas era uma alma condenada

Tentava dar orgulho
A todos os que estavam à sua volta
Mas de vários recebia apenas pura vingança,
Que reviravolta.

Dava tudo de si,
Tudo, sem exceção
Trabalhos, tempo e até dinheiro
Mas no final, era a última opção.

"Continua a ser assim!"
"Tu és uma menina que muito se aproveita!"
Ouvia comentários de apoio,
Mas nenhum deles chegava para curar a alma desfeita.

Desde pequena tentara agradar a todos,
Sem mal nenhum no seu coração
Mas parecia que para todos eles
Ela era apenas uma maldição.

Estava farta de ouvir
Sem poder reclamar
Por isso tentou fugir
Mas não tinha para onde escapar.

Ouvira tanto, mas tanto
O quanto é que ela ouviu!
Sentia-se sozinha, apesar da família
Lhe pedir para contar o que tanto viu.

Todos sabiam a cor dos olhos dela
Mas ninguém vira o que ela viu
O seu passado ela mantivera
No seu canto escuro e vazio.

Todos a julgavam
Mas a boca ela mantinha fechada
Pois sabia que quanto mais falasse
Menos chances tinha de sair dali curada.

Várias vozes imaginárias lhe diziam
Para dali se atirar
Ninguém nunca iria saber
Ninguém nunca iria questionar.

Mas que pensamentos ela tinha!
Afinal de contas, quantos anos tinha ela?
Joventude de maturidade tenra
Para ela, era tudo uma manivela.

Bastava rodar, sem freio nem travão
Rodou-a demasiadas vezes
E agora, ali estava ela
Encima do corrimão.

Os cenários eram sempre assim
Que imaginação fértil ela tinha!
Era apenas uma lamentação
Isto tudo fazer parte da vida que continha.

Usava a sua vida
Como se fosse algo inspirante
Apenas não revelava
O quanto sofria no silêncio sussurrante.

-"Catter", 2023, todos os direitos reservados

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