O despertar do verdadeiro monstro.

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— O chefe quer muito close na esposa. — Um dos homens disse quando os outros se aproximaram de mim.

KyungSoo sangrava muito e a cabeça havia pendido para frente, porém eles ergueram para que visse o que fariam comigo, pois a diversão ali era torturar a esposa para o marido ver e vice-versa. As lágrimas escorriam do meu rosto, enquanto Kyung me encarava seriamente, não parecendo mais ele naquele momento.

Eles pegaram um ferro em brasa e fizeram várias dilacerações nele, que não gemeu uma única vez, deixando os homens furiosos, pois aquilo não era bem visto diante das câmeras.

— Façam esse desgraçado gritar! — o que parecia ser o diretor, esbravejou irritado por não ouvir os gritos de Kyung.

— Esse filho da p*ta parece não sentir dor. — Responderam de volta.

— Vocês chamam essa merda de tortura? — todos voltaram o rosto na direção de KyungSoo, que mesmo ferido, murmurou em escárnio.

— O que disse? — aquela era a primeira vez em anos que via meu querido marido lançar aquele olhar, o mesmo quando o conheci, o mesmo olhar de um psicopata assassino.

Não importava se o tempo passasse, aquela raiz maligna dele ainda estava ali, só esperando que fosse despertada e diante de tanto sofrimento, a verdadeira face de Do KyungSoo estava ali. Um suspiro de alívio escapou dos meus lábios, pois sabia o que ele era capaz e o quanto tudo aquilo não significava nada para alguém que tirou toda a pele de sua vítima com ela ainda acordada gritando.

Kyung me encarou, lançando um sorriso ladino — lá estava ele, tão vivo quanto antes. Meu doce marido havia desaparecido completamente e devo dizer que se sentia aliviada por isso.

— Está se divertindo com isso, caralh*? — o diretor encarava Kyung com os olhos arregalados.

— Vocês são patéticos! — um soco foi desferido em seu rosto, fazendo com que cuspisse sangue, mas sorriu debochando. — A incompetência de vocês é lamentável.

— Vamos ver essa marra quando fizermos sua amada esposa chorar! — Os homens voltaram-se para mim.

Me debati ao começarem a arrancar minhas roupas e quando a parte inferior fora para longe, ergueram minhas pernas para iniciar o estupro. Olhei na direção de KyungSoo, que moveu os lábios.

— Peça, é só pedir. — A frase parecia não fazer sentido, mas eu entendi bem.

— Me salve, D.O! — falei quando estava sendo preenchida.

De repente, o corpo de Kyung se moveu para cima e ele se prendeu no alto da corrente que o prendia. Foi uma grande surpresa quando aquelas correntes foram quebradas sem muito esforço, chamando atenção dos homens presentes, pois ele caiu de pé.

— Como escapou, filho da p*ta? — esbravejaram ao vê-lo caminhando em suas direções.

— Ninguém toca na minha mulher!

Senti como se a terra estivesse tremendo a cada passo de KyungSoo em minha direção, os olhos ficaram nebulosos e meu corpo se arrepiou, sabendo que ninguém ali estava seguro. Então o primeiro que avançou em sua direção, foi arremessado contra uma das mesas de instrumentos, acabando por ser esfaqueado por uma das facas.

Os demais também avançaram e usando golpes de luta, Kyung derrubou um a um sem muito esforço e usando também as armas disponíveis. Um deles teve o crânio aberto por um machado e quando outro tentou impedir, Kyung arremessou um bisturi bem no meio da testa dele.

Ele parecia um demônio, pois aquilo não aprecia humanamente possível, não usando tanta força, mas por outro lado me sentia feliz de ele estar fazendo aquilo. Seus olhos encontraram os meus e ao se aproximar, o diretor apontou uma arma na minha cabeça.

— Se chegar perto, eu estouro os miolos dela! — A voz dele parecia trêmula e usou isso para apertar um botão para chamar os outros seguranças.

— Confia em mim, ratinha? — assenti convicta, então fechei os olhos ao sentir algo raspando próximo da minha cabeça e ouvi o som do corpo do diretor caindo no chão.

KyungSoo me tirou daquelas correntes e envolvi meus braços ao redor do seu pescoço selando nossos lábios. Se havia um homem que eu amava naquele mundo, era ele, pois meu coração pertencia àquelas duas versões dentro de si. Virei a cabeça ao ouvir um gemido e me surpreendi ao ver que Tiago ainda estava vivo.

[...]

Ergui os olhos na direção dos telões — imagens de vários casais sendo torturados em câmaras diferentes, quando vi as imagens de Vanessa e Rubem antes de morrerem. Um dos agressores usava um tipo de strapon de ferro pontudo, então de uma forma violenta, enfiou em Vanessa, que havia sido amarrada de quatro em uma mesa.

Virei a cabeça, vomitando o que tinha dentro do estômago, vomitando em cima do editor, que morreu com uma serra cravada em seu peito. Limpei a boca com o braço, vendo que fizeram o mesmo com Rubem. As lágrimas desceram pelo meu rosto, vendo-os mortos de uma forma tão perversa, sendo filmados para um tipo de snuff movie.

Puxando uma cadeira, olhei nas câmeras de segurança e KyungSoo andava pelos corredores, atravessando as salas de torturas, matando todos que encontrava pelo caminho. Eu sabia que ele era assustador e um assassino nato, mas nunca imaginei que fosse quase sobre humano. Um dos torturadores teve o peito atravessado pelo punho de Kyung e até mesmo as balas não o seguraram.

Ele pegou uma das armas e atirou em alguns que também se armaram com pistolas. Em algum momento algumas transmissões deixaram de funcionar e não consegui ver mais nada. De repente vi pela câmera do saguão ele arrastando uma das funcionárias, enquanto o sangue dela fazia trilha pelo caminho.

A recepcionista teve o pescoço quebrado com uma única mão e seu corpo pendeu contra o balcão. Logo a cabeça de Kyung se ergueu em direção da câmera a qual estava lhe vendo e ficamos nos encarando fixamente.

[...]

Encaramos a imensidão azul, enquanto se podia ver um navio se aproximando, provavelmente a guarda costeira. Virando a cabeça, encarei o pacotinho que segurava e tirando um pedaço do pano, meu coração doeu ao ver o bebê natimorto de Helena. Ela o esperou com tanta ansiedade e lá estava ele, sem vida, nascido a força para para ser tirado desse mundo de forma cruel.

Olhei para Tiago, que teve os punhos envoltos de bandagens para estancar o sangue devido aos arames farpados — ele segurava o corpo morto de sua amada — perdeu tudo que mais amava. Queria ter salvado ela e a criança, ambos não mereciam ter passado por aquilo, eram uma família feliz. Então lá estava nós três, os únicos sobreviventes, na beira da praia, esperando uma salvação que viria tarde demais.

— Me perdoe por não tê-la salvado — murmurei com os olhos ardendo pelas lágrimas.

— O que você poderia fazer? Fomos enganados! — ele respondeu sem me encarar. — Vocês têm certeza do que farão?

— Isso precisa acabar! — respondi, então Tiago virou me encarando, depois olhou para o corpo do bebê o qual envolvi em um pano.

— Você tem as filmagens de tudo, pode salvar outras vidas. — KyungSoo disse.

Tudo que vi naquela sala de edição estava em um pendrive, que deixei em posse de Tiago, pois ele revelaria para o mundo aquela máfia desgraçada, que enganava casais para filmá-los em sofrimento. Eu e Kyung não podíamos fazer aquilo devido ao passado sombrio de meu marido, além do fato dele ter matado todo mundo ali.

— Boa sorte então!

Nada é o que parece (Spinoff You can call me monster) CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora