O marido, a esposa e a criança tomaram aquela decisão fatídica e devo dizer que me sentia mal por aquilo, pois sabia o desespero que devia ter sido o que lhes aconteceu. O som de tiros logo silenciou as respirações compassadas daquela família, então apenas o mórbido silêncio.
Naquele quarto jaziam os três corpos com uma bala bem no meio da cabeça, primeiro o menino, depois a esposa e por fim o homem colocou a arma dentro da boca, fazendo o último disparo. Eles estavam deitados juntos na cama como uma família unida e era uma cena triste, partiu meu coração aquilo acontecer.
Depois de uma hora em que se mataram, a porta do quarto se abriu, três homens adentraram o cômodo e um deles dispunha de uma câmera, posicionando no tripé.
— Comece com a criança. — O que era talvez o diretor, deu a ordem e um deles, um homem grande e careca, começou a abrir o zíper da calça.
— Violar o corpo de uma criança morta, sério? — falei, então Kyung fechou a porta, chamando atenção dos homens, pois estávamos sentados em uma poltrona atrás da porta.
— Quem são vocês? — sorri ladino, colocando o braço em volta dos ombros de KyungSoo, que estava sentado na poltrona e eu no braço desta.
— A morte — ele respondeu.
[...]
Segurei a mão de Kyung enquanto voltávamos para casa — aquela foi a pior lua de mel de todas e estava sentindo falta da minha humilde residência, porque era bem menos complicada. Tivemos problemas com o avião e perdi uma das minhas pantufas favoritas, ou seja, odiei aquela viagem, principalmente porque teria pesadelos com tudo.
Nos jornais não passava outra coisa, que não fosse o esquema de snuff movies com casais enganados. Minha mãe tinha ligado completamente histérica, preocupada porque eu havia sido uma das vítimas e fiquei surpresa que houve outros sobreviventes, o que era bom. Tiago fez um excelente trabalho divulgando as filmagens.
A mídia não sabia que fora KyungSoo a pessoa que matou todas aquelas pessoas, pois apaguei as filmagens do massacre, impedindo que ele fosse investigado novamente. Eu estava feliz em voltar para casa com ele, mas temi que sua versão psicopata continuasse, no entanto, Kyung parecia bastante tranquilo.
— Não acredito que perdi minhas pantufas! — resmunguei mexendo em minha bolsa de mão, enquanto estávamos dentro do uber.
— Eu compro outra mais bonita pra você. — Kyung se virou com um sorriso para mim e fiz muxoxo.
— Está insinuando que minhas pantufas eram feias?
— Longe de mim, querida! — ergueu as mãos em sinal de rendição e me puxou contra seu peito, onde era quente e confortável.
— Eu te amo de verdade, Kyung! — me aninhei nele.
— Também te amo de montão, minha ratinha!
Ver a fachada da minha casa, foi a melhor coisa do mundo e quase beijei a calçada quente por estar finalmente no único lugar seguro para mim, meu lar, com minhas coisas e onde sabia que ninguém me faria mal ali. Ajudei Kyung com as malas e ele abriu a porta para que eu passasse. Subimos as escadas para o andar de cima e me senti feliz.
— Vai me acompanhar em um banho refrescante? — sorri sugestiva e ao virar, travei vendo um homem sentado na poltrona da sala e dois homens vestidos de branco estavam atrás dele.
— Como foi a viagem, querida? — o homem mais velho sentado sorriu e meus olhos se arregalaram.
— Quem é você? — questionei em choque. — Kyung, chame a polícia!
— Não, ele não vai chamar. — Virei a cabeça e KyungSoo estava apenas parado na porta, sem se mover, olhando para o homem à nossa frente. — Pelo visto a missão falhou, não é, meu filho?
— Esta versão também está com defeito. — KyungSoo respondeu ao homem, me deixando em choque e o encarando com os olhos ainda mais arregalados.
— Kyung...
— Uma pena — o mais velho bateu no próprio joelho e ficou de pé, fazendo com que eu recuasse.
Quem é esse homem?
Pensei desesperada, pois aqueles últimos dias foram infernais para mim e do nada surgiu um homem mais velho, dentro de um terno ridículo marrom, cabelos muito grisalhos e um bigode da mesma cor. Infelizmente, para meu desespero maior, KyungSoo parecia conhecê-lo, falando coisas que não faziam sentido algum.
— Sabe, pequena Stefanny, eu estava mesmo confiante que dessa vez daria certo, até deixei que vocês vivessem livres no mundo, mas é uma pena. — Pisquei nervosa, recuando, porém Kyung estava na porta barrando. — Sua amiga chegou bem perto, mas não do jeito que eu queria.
— Irá reiniciar, doutor? — Olhei novamente para meu marido, que ainda não me encarava.
— O que está acontecendo, Kyung? — agarrei em sua camisa.
— É, teremos que reiniciar. — O homem mais velho fez um bico.
De repente senti algo perfurando meu pescoço, então coloquei a mão nele e sangue escorria, então virando, percebi que o próprio KyungSoo havia feito aquele corte. Caí sobre seu peito, mas ele não se moveu, me encarando cair em seus pés sangrando como um porco no abate. Logo o homem mais velho se ajoelhou de frente para mim e um sorriso desenhava seu rosto.
— Nos vemos em breve, minha pequena! — Senti todo meu corpo perdendo os sentidos e caí sobre o piso.
[...]
Abri os olhos atordoada, pois tinha tido um sonho estranhíssimo, então coloquei a mão na cabeça e tudo parecia girar. Senti uma pontada no pescoço, mas achei que fosse porque havia dormido de mal jeito.
— Você está bem? — Virei a cabeça e Aila me encarava com uma expressão divertida. — Tá com dor de cabeça? — pisquei um pouco confusa. — GISELE, CÊ TEM REMÉDIO PRA DOR DE CABEÇA? — ela berrou para a outra, que estava mais na frente.
— TENHO! — Gisele berrou de volta e passou entre as outras a bolsinha de remédios.
Apesar da confusão, olhei pela janela e percebi que ainda estávamos dentro daquela van capenga, pegando fogo, indo direto para o fim do mundo.
Olá fanáticos de plantão! 👋 Aqui encerro esse mini conto spinoff de You can call me monster e já temos novos mistérios envolvendo as protagonistas e seus amados. Imaginam o que seja? Espero que tenham gostado e obrigada por lerem até aqui.
Vejo vocês nos comentários!
😉💋💋💋 no ❤️
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Nada é o que parece (Spinoff You can call me monster) CONCLUÍDO
HorrorApós os acontecimentos de You can call me monster, Fanny e D.O decidem viver suas vidas felizes. Ele gerenciava um restaurante no centro de Belém, enquanto Fanny trabalhava como modista e ela por sua vez, inscreveu o casal para um sorteio de uma via...