Sempre fui melhor que meu irmão na luta. Mesmo que seu físico pareça favorável, tenho mais agilidade que ele. Em contrapartida, ele é o mais forte no quesito "poder".
— Está pronto, Cassius? — pergunto, assumindo a posição de luta.
Cassius abre um sorriso:
— Eu já nasci pronto — ele diz, imitando minha posição.
Cassius gosta de lutar, mesmo sabendo que ainda tem que aprimorar esta habilidade. Solto um suspiro e começo a me concentrar. Fecho os olhos e tento sentir o meu poder. Ele é fraco, como um assobio. É difícil senti-lo no início, mas aos poucos vai se multiplicando, mais, mais e mais.
Abro os olhos e tento encontrar meu irmão. Ele não é tolo, não está aqui. Já começamos a lutar.
Atrás de você
Uma voz grita, uma voz que só eu posso ouvir. Sem hesitar, desvio do golpe que Cassius estava prestes a dar. Sinto um pico de adrenalina percorrer meu corpo. Na mesma velocidade que ele aparece, ele some. Volto a me concentrar, já sabendo da sua tática. Olho ao redor, tentando prever de onde ele irá atacar. Meus olhos ficam cada vez mais atentos, cada vez mais concentrados, cada vez mais focados.
Estava prestes a mudar de tática, quando sinto um pequeno sinal de vida. Um pequeno sinal de aura. Sinto isso como se fosse uma pequena faísca, quase passando despercebida. É fraco, mas tenho certeza de onde vem. Outra tática de Cassius.
Cassius quer que eu pense que ele está em algum lugar por aqui para eu seguir sua aura e ele me encurralar. Com o seu poder, ele pode escapar de qualquer enrascada e sair sem nenhum aranhão. Belo plano, parece que ele andou treinando alguns métodos diferentes.
Me abaixo na terra, como se estivesse em uma reverência. Em vez de seguir sua aura, vou absorvê-la. Isso é muito arriscado. Estou baixando minha guarda para usar uma estratégia que ainda não dominei completamente. Mas tenho que tentar, afinal, é para isso que treinamos.
Respiro fundo. Solto um suspiro.
Repito essa ação algumas vezes. Absorver é algo difícil, requer muita concentração. Tento sentir novamente a pequena faísca. Faço essa faísca se aproximar, como se estivesse a domesticando. Vou puxando-a para mim, sugando o máximo que posso.
A sua direita
A voz grita, mas não sou rápida o suficiente. Cassius me acerta com tudo na boca. Sinto gosto de sangue.
Droga.
Antes que ele pudesse escapar, o puxo pelo pescoço, fixando seu olhar no meu. Seu rosto assume uma expressão assustada. Ele sabe o que vou fazer. Sinto sua brilhante aura ao seu redor, sem hesitar, a puxo para mim. Ela vem para mim, como se fosse um cão sem dono, ela me obedece, entrando de imediato do meu corpo. Posso sentir a adrenalina de seu poder percorrendo meu corpo.
Com um chute bem dado, Cassius me joga para longe. Enquanto ainda estou no chão, ele se levanta e tenta me socar novamente, mas eu desvio. Dou uma rasteira nele, ele cai na terra com tudo. Antes que ele pudesse fazer qualquer movimento para se proteger, subo em cima dele e o imobilizo. Com um piscar de olhos, ele invoca um portal e desaparece junto com ele. Cassius reaparece em pé atrás de mim e tenta chutar minha cabeça, mas antes que ele possa dar o golpe, abro um portal e me livro da pancada. Reapareço atrás dele e lhe dou um soco em sua nuca.
Mas ele não desiste tão fácil. É um cabeça dura. Ele vira a cabeça em minha direção e retribui o dano, acertando minha bochecha. Nenhum de nós se machuca de verdade, mas sentimos dor.
— Você só ganha as lutas copiando os outros! — Ele diz, antes de invocar um portal e praticamente mergulhar nele. Abro um sorriso:
— E você só ganha por ser um covarde por não ter coragem de aparecer!
Ouço sua risada atrás de mim e ele me empurra para dentro de um de seus portais, perco o equilíbrio. Minha trança castanha-escura voa com o vento que sai de dentro dele, suas faíscas azuis dançam de um lado para o outro. Meus olhos se arregalam. Não sei para onde ele vai me deixar, mas não vou deixar barato para o meu querido irmão. Sem que eu possa fazer nada, mergulho em seu interior.
Meu irmão foi gentil. Poderia ter feito uma viajem longa para mim, mas ela não durou mais que alguns segundos. Mesmo assim, isso não torna a experiência menos horrível. Cassius não usa seu poder completamente contra mim, ele pega leve comigo para não causar danos irreversíveis. Me dá calafrios só de imaginar ele usando toda sua capacidade contra mim.
Na mesma velocidade que entrei, saio. Parece que Cassius não foi tão gentil assim. Estou caindo a quilômetros de distância do chão em alta velocidade. Acho que qualquer outra pessoa estaria desesperada nessa situação, mas sei que o plano de Cassius foi horrível. Ainda caindo, crio um portal na minha frente, caindo com segurança no chão. Onde está Cassius?
A sua esquerda
Vejo tudo como um borrão. Vejo Cassius se jogar contra mim, minhas mãos tentando machucá-lo e a sua mão se aproximando com velocidade, eu desviando e minha bota acertando precisamente seu olho direito.
— Ai!
Ele cai para trás com as mãos sobre o olho. Um líquido escarlate se junta a suas lágrimas. Ele bufa de dor.
— Cassius! — digo, preocupada. Me aproximo do meu irmão e o ajudo a levantar — Acho que já está bom por hoje.
— Não acredito que você venceu com uma bota. Uma bota! — ele diz, fingindo raiva. Abro um sorriso mesmo nesta deplorável situação.
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Reinos da Discórdia
Fantasia"O mundo se tornou um lugar cruel. Tem apenas os que procuram poder e os que querem destruir. Temos que ficar entre os dois." O mundo está dividido entre traições, batalhas e a falsa ilusão de poder. Para sobreviver temos que ser os mais fortes. Em...