Prólogo

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ANTES . . .

Estava nevando mais que o normal. Eu amo o inverno e tudo o que ele traz, principalmente a neve; ainda mais quando os meninos tiram um tempo para brincar e fazer boneco de neve comigo, contudo hoje em especial, toda a neve e o clima frio acabaram por se tornar meus piores inimigos. Depois que uma das várias mulheres que o meu pai tinha — se é que posso chamá-lo assim —, roubou seu dinheiro e toda a sua mercadoria ilícita que havia na caixa de estoque dele, ele surtou e como sempre, quem pagou o preço fui eu.

Não tive tempo de saber o que estava acontecendo, a única coisa da qual estava ciente era que como sempre, eu estava apanhando por algo que não havia feito e a minha única opção, foi deixá-lo me bater até que toda sua raiva fosse descarregada, pois, eu sabia que se tentasse fugir ou resistisse, seria muito pior.

Quando ele teve o suficiente arrancando a merda fora de mim, ele simplesmente me arrastou por toda a casa, me jogando para fora. Apenas mais um jeito que ele arrumou de me castigar.

Deitado no chão, eu sentia cada parte do meu corpo tremer ferozmente e em minha boca, o gosto metálico do sangue se destaca por eu morder a língua. Ao que os minutos foram passando, eu sentia meu corpo tornar-se rijo, e com muita dificuldade, eu me levantei e caminhei para um dos únicos lugares do qual eu considerava meu refúgio. O quarto de Soobin.

Circulando ao redor da casa, fui direto para os fundos, encontrando a pequena passagem de ar que ficava na parte inferior da janela que dava acesso direito para o quarto de Bin, lugar para o qual eu sempre fujo quando isso acontece. Já dentro, eu olhei em volta procurando pelo meu Hyung, mas ao ver a pequena luminária de cabeceira acesa, eu me dei conta de que hoje é sexta, o que indicava que os meninos estavam tocando no "WINK PUB'S", um bar situado no bairro vizinho. O mais silencioso possível, eu engatinhei até a porta do pequeno closet, me escondendo na parte inferior junto aos cobertores que estavam guardados, enquanto aguardo ele chegar.

Eu não sei por quanto tempo esperei, mas foi tempo o suficiente para eu adormecer. Senti meu cabelo ser acariciado por uma mão dócil e quente, me fazendo despertar gradualmente. São longos os segundos até eu conseguir me situar e enxergar a imagem de Soobin acima de mim. Seus olhos estavam levemente avermelhados e apesar da dor presente em sua feição, em seu terno sorriso eu encontrei o apoio que eu sempre busco quando venho até ele.

— Beomgyu... — Ouço sua voz lamentar e quebrar ao dizer meu nome e não precisou nenhuma pista para saber o porquê. Assim como eu sabia poder vir aqui sempre que precisasse, ele também sabia o motivo de eu estar aqui nesse momento e com esse fato em mente, eu não consegui evitar a primeira lágrima.— Meu Deus...

Bin abre seus braços em minha direção e instintivamente, eu impulsiono meu corpo para frente, esticando todas as partes rígidas, fazendo um involuntário gemido de dor escapar por entre meus lábios, incentivando Soobin a se mover, logo me embalando em seus braços.

— Está tudo bem agora, Beom. — Soobin sussurra próximo aos meus fios, me embalando suavemente em seus braços. — Eu estou aqui com você.

Eu me agarro fortemente a Bin e também em suas palavras, absorvendo dele todo o conforto e segurança que eu sinto precisar. Meu corpo treme enquanto despejo em seu peito, toda a nova carga de dor que estava acumulando durante a semana, sentindo-me aliviar ao me encontrar no lugar onde me sentia verdadeiramente protegido.

— Mas que caralho! — Ouço a exclamação de uma segunda voz e não foi preciso eu olhar para saber a quem ela pertencia. — Eu vou matar aquele desgraçado.

A raiva e indignação na voz de Taehyun eram palpáveis e perceber isso, me dói ainda mais, pois ficava claro para mim que diferente deles que só me causavam as melhores e mais seguras sensações, eu lhes causava dor e preocupação.

— Meu Deus! Gyu... E-eu sinto muito, anjo. — Taehyun disse ao se abaixar ao lado de Soobin e assim como o amigo, ele também acariciou o meu cabelo suavemente, quase como se estivesse com medo de que seu toque pudesse me ferir ainda mais. — Eu sinto muito por você estar passando por isso novamente...

— Tae, ele precisa de um banho, roupas secas e algo para comer. — Bin disse enquanto me transferia para o colo de Kang antes de se levantar e fechar as persianas do quarto. — Eu vou colocar a banheira para encher com água aquecida. Leve ele daqui a alguns minutos para você poder dar-lhe um banho. Mesmo depois que eu o abracei, ele continuou gelado, com certeza deve estar com muito frio.

Ouvi Soobin dizer antes de seus passos pesados o guiar para fora do quarto. Taehyun respira profundamente antes de se adiantar, me ajudando a me despir da velha t-shirt que uma vez foi de S.Coups. Cada parte do meu corpo doía como o inferno, então qualquer movimento que eu fosse submetido, um gemido escapava involuntariamente por entre meus lábios e a cada gemido de dor, eu via Taehyun hesitar antes de pôr fim se levantar e buscar por uma tesoura, logo cortando o tecido surrado, me livrando de ao menos um instante de dor.

Quando o tecido está fora, os olhos de Kang escaneiam meu tronco desnudo e ferido. A mão de que segurava o material surrado da t-shirt cortada, aperta fortemente o tecido, tornando branco, os nós de seus dedos. Ouço quando ele suga uma respiração profunda enquanto analisa os hematomas por quase todo o meu corpo.

— E-eu vou matar aquele velho desgraçado. — Observo sua mandíbula apertada e seus olhos levemente marejados. Eu sei que ele está se segurando para não chorar na minha frente. — Eu sinto muito que você tenha que passar por isso Gyu, mas eu prometo que isso vai passar e então eu e os meninos vamos tirar você desse inferno. Vamos proteger você.

Encarando os olhos de Tyun, neles eu enxergo convicção e sinceridade. Cada palavra dita por cada um dos meninos, eu acredito e guardo em meu coração, porque diferente de qualquer um que vive aqui nesse bairro, eles foram os únicos que mostraram realmente se importar comigo. Mesmo que acreditar em alguma força divina venha a ser difícil para mim, eu agradeço a quem quer que seja que colocou esses anjos para cruzarem caminho comigo.

— Você já pode levá-lo para o banheiro, Tae. — Bin diz ao aparecer na porta do seu quarto. — Enquanto você banha ele, eu estarei na cozinha preparando uma sopa caso você precise de algo.

Soobin volta a desaparecer pelo corredor e Taehyun me ajuda a levantar e antes de me guiar pelo corredor até o banheiro, ele cobre o meu corpo com uma grande toalha branca.

Ele testa a temperatura da água antes de permitir que eu entre na banheira. Quando a água morna entra em contato com os cortes feitos pelo cinto, eu não posso deixar de choramingar com a forte ardência. Assim que tenho todo o meu corpo submerso na água aquecida, o tremor vai amenizando gradualmente. Com a ajuda de Kang, eu começo a me lavar. Penso em dizer-lhe que tudo está bem agora que tenho ele e Bin aqui comigo, mas eu ainda posso sentir raiva e tensão exalando não só de sua respiração pesada, como também de sua mandíbula apertada, me deixando ciente de que no momento, o silêncio é bem-vindo.

Após o banho, quando já estou agasalhado e deitado na cama de Soobin, S.Coups e Huening entram no quarto com uma sacola contendo alguns remédios que eu creio que sejam analgésicos e anti-inflamatórios. Taehyun chega logo atrás com uma tigela com sopa, e meu estômago ronca, me lembrando das longas horas em que estou sem comer. Alimento-me gradualmente com a ajuda de Kai antes de Coups se aproximar e me entregar os remédios.

Quando termino de comer, sinto-me sonolento — provavelmente devido ao remédio —, por isso estico meus braços para a pelúcia que Soobin me deu de aniversário. Eu sempre a deixo em sua casa, pois tenho medo do meu pai jogá-la fora, pois de acordo com ele, coisas desse tipo são apenas para bichinhas. Bin me entrega a pelúcia e, de um a um, os meninos vão se retirando do quarto. Eu adormeço tendo um último vislumbre do rosto angustiado de Kang e todo o meu coração dói ao vê-lo assim.

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Rockers - O Som Dos Meus Sentimentos : Taegyu AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora