Capítulo 1: Minha morte

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Em vida, guerra. Na morte, paz. Em vida, vergonha. Em morte, expiação. O lema que eu mais adoro quando tentei me aprofundar na lore de Warhammer 40k. Um vasto universo cheio de desgraças e mistérios que me deixam curioso e intrigado. Um mundo de mortes de formas horríveis em todo lugar a todo instante. Demônios correndo à solta por aí enquanto causam destruição. Hereges fazendo atos profanos que realizam coisas que nem um louco da minha realidade poderia fazer. Eu sou grato por minha vida miserável e ingrato por ser tão medíocre. Mas ei! Poderia ser pior. Eu poderia ter nascido em Warhammer, Taimanin, ou um lugar que sempre sofre reset multiversal como a DC. A cada maldito dia de minha existência eu agradeço por ter nascido em um mundo onde não há magia, nem que a tecnologia seja tão avançada que tenhamos descoberto outras espécies pelo espaço e que estamos em constante guerras contra eles, ou invasões. Sou grato por ser apenas um humilde humano, um homem nascido de pais pobres, pais que deram tudo o que puderam por mim. Deram até sua vida....

Olho de soslaio pela janela da minha cela e vejo pelas barras da grade ao lugar mais alto da cela. Um sol em plena plenitude de sua existência grandiosa e bela. Respirando profundamente enquanto sinto o ar sem graça e morto da minha cela, acabo me virando de lado e ficando do lado que posso ver minha porta do meu pequeno quarto. Um lugar cinza, com algumas partes escuras que vem de um aglomerado de sujeira que deve estar aqui há gerações. Minha cama, minha dura cama de metal acima do chão por causa de pilares de concreto. Sem um travesseiro, ou qualquer conforto, pois prisioneiros não merecem ter tal tratamento. Suspiro com meu pensamento justo, mas rio da minha situação desagradável e deprimente.

Meu nome é....Meu nome não importa, sou apenas o prisioneiro de código: 01000001 01110010 01101011 01101000 01100001 01101101 . Meu nome foi abandonado quando passei por aqueles portas enormes de metal frio e áspero. Quando fui espancando por outros prisioneiros e revidei com mais agressividade para sobreviver. Quando me levantei para viver apenas mais um dia aqui. Quando engoli meu choro de desespero e angústia com a fome e sede que passei na solitária. Sou o detento, considerado, mais violento daqui. Mantido afastado dos outros para evitar machucar os outros detentos deste lugar de merda que estou. Meu nome não é mais memorável para mim. Eu morri há muito tempo..... O que mais de vinte anos fazem com uma pessoa, hein? Me viro novamente e desta vez estou olhando para cima enquanto vejo o teto com linhas e algumas rachaduras causadas pelo tempo.

Estou há exatos vinte e quatro dias sem comer ou beber algo. Dormir foi a única coisa que venho fazendo aqui. Dormir, acordar, refletir sobre o mundo, ou me relembrar de algum show que vi há muito tempo. Me relembrar dos meus momentos de juventude quando era apenas mais um jovem de quinze anos que passava seus dias em casa com seus pais. Eu era feliz? É. Mesmo com a pobreza, podemos dizer que eu me contentava com pouco que tinha. Nunca experimentei completamente todos os prazeres da vida, como sexo, beber em uma roda de amigos, dirigir uma lancha no pôr do sol, assistir o nascer do sol de um lugar alto, vislumbrar uma bela paisagem enquanto estar ao lado da pessoa que ama.

*Ouuu...*

.....Fome? Eu ouvi meu estômago roncar? É. Possivelmente sim. Meu estômago roncou de fome, mas o que posso fazer para lidar com isso? Não há nada aqui para eu comer ou sequer me hidratar. Tenho sorte de ter pelo menos um pouco de sol para ter vitamina D pelo meu corpo. Sono? Acabei de acordar há pelo menos duas horas. Não posso me exercitar para ficar com pouca energia e  dormir, pois isso literalmente acabaria com a pouca energia de vida que me resta. Estou perdendo aos pouco minha força e sanidade... Não que eu possa me considerar uma pessoa sã, mas sou bem mais estável que muitos prisioneiros daqui. Sou uma pessoa até que bastante sociável considerando os grupos que eu estava no passado. O que posso me relembrar? Hora de aventura? Não me lembro de alguns episódios da segunda temporada. Na verdade, estou a cada dia mais me esquecendo dos episódios de desenhos divertidos. Meu cérebro parece estar virando uma espécie de amoeba com a falta de exercício mental que fazia antes. A falta de novo conhecimento é algo chato. As mesmas informações todos os dias são algo muito angustiante.

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