O som estridente do despertador ressoou pelo quarto, fazendo a garota de baixo da coberta resmungar e desligar a fonte daquele barulho irritante, apenas para ele tocar novamente 5 minutos depois.
A menina pegou o celular vendo que já era 06:05 e se levantou da cama, indo até o banheiro para a higiene matinal, no mais absoluto silêncio que conseguia fazer por ser a única acordada da casa.
Estava frio quando ela andou até a cozinha, chegando na conclusão que teria que esquentar o leite para comer o cereal. Preferia café, mas o cereal sustentava mais do que apenas uma caneca de café.
Se sentou na mesa, comendo o café da manhã enquanto preparava o lanche que comeria nos intervalos: um pacote de bolacha e um pão com presunto.
- Bom dia, Agnes, já tá tudo pronto? - sua mãe apareceu na cozinha, se sentando de frente para a filha enquanto pegava uma fatia do pão.
- Bom dia. Tudo que é do piloto automático. Minha alma tá na cama ainda. - colocou a última colher na boca e se levanta da mesa, voltando para o quarto para colocar o uniforme.
Era quase 06:20 da manhã no início de Agosto. Estava frio, com esse motivo que Agnes estava colocando mais de uma blusa e mais de uma calça por baixo do uniforme da escola que se resumia a uma blusa de manga curta, branca e com a logo do colégio e uma calça jeans.
Terminando apenas de se vestir, ela pegou a bolsa que usava a tiracolo e uma caixa com o que colocaria pelo caminho.
- Pegou lanche? Água? Bolsa? Celular? Álcool? Máscara? - Nayara, sua mãe, começou a perguntar enquanto levava a bolsa que era usada como mochila pelo corredor que ia até a garagem.
- Peguei tudo, mãe. Relaxa.
- Eu não fico relaxa com você longe de mim. Ainda mais agora.
Bem, as coisas realmente estavam diferentes por causa da pandemia e o fato de ser obrigada a ir um dia sim e um dia não na escola, não era animador para nenhuma das duas.
- Sou tão paranoica quando você. E já não gostava que colocassem a mão em mim antes da pandemia.
- É para se cuidar direito, viu? - deu partida, saindo da garagem dentro do carro e fazendo o caminho para a escola.
Não conversaram muito durante o trajeto, mesmo tendo pouco carro na rua, era um caminho longo. O que deu bastante tempo para Agnes terminar de prender o cabelo longo e cacheado em uma presilha, colocar um par de brincos, colar, relógio e a máscara, ao som de uma música qualquer que estava tocando no rádio.
O carro parou bem em frente ao portão do colégio, com as paredes pintadas de branco e azul. O Colégio Future, um colégio conceituado da elite que todo o ano oferecia bolsas de estudo para adolescentes que conseguissem pontuação alta na prova, exatamente como foi o caso de Agnes.
- Se cuida, toma cuidado e não procure confusão com ninguém.
- São os outros que procuram confusão comigo. - fala saindo do carro e indo até a calçada, dando a volta no carro para pegar as bolsas que estavam com a sua mãe. - Beijo, mãe.
- Beijo. As mesmas regras de sempre. Boa aula. - Agnes acena para a mãe pouca antes de passar pelo portão.
Por causa da época em que se encontrava, demorou uns segundos até que ela e mais duas pessoas fossem liberadas para entrar na escola e andar até a sala de aula, sendo que Agnes era do segundo ano e as outras duas do primeiro, pelo o que sabia.
Entrando na sala, estava mais vazia do que se lembrava no início do primeiro ano, mas estava certo, era apenas metade da sala presente e a outra metade ficaria em casa, dia sim e dia não, formando um ensino híbrido.
Preferindo se sentar em uma mesa vazia em frente a lousa, ela colocou o material no chão no mesmo momento em que bateu o sinal. Faltava 5 minutos para começar a aula.
Olhou ao redor, vendo que mesmo com as regras sobre distanciamento, as pessoas insistiam em ficar umas em cima das outras, abraçando e se penduram. Típico
Mas tudo bem, não era da sua conta e felizmente nenhuma dessas pessoas estavam em cima de si.
O professor entrou na sala, mandando cada um ir para o seu lugar e começando a passar a matéria na lousa, Agnes pegou o fichário e a caneta para escrever, deixando o estojo na bolsa por que a mesa era pequena. Isso era completamente sem lógica, um colégio grande e renomado ter uma carteira minúscula.
- Primeiramente, bom dia, turma, espero que todos estejam bem, que seus familiares estejam bem. Mas eu gostaria que começamos essa linda manhã de segunda-feira de Matemática com uma pequena reza. Quem quiser me acompanhar ótimo, quem não quiser tudo bem, apenas peço por silêncio e assim que eu acabar, farei a chamada.
Então ele fechou os olhos e começou a rezar acompanhado de uma única aluna. Ricardo era professor de uma das duas frentes de matemática que tinha, devia ter uns 50 anos já e era simplesmente o professor menos querido da sala inteira.
- Muito bem, agora... Agnes Fakhry?
Agnes apenas levantou a mão, uma pequena vantagem de estar na frente. E começou a chamar os nomes de outros alunos, sendo quase uns 24 alunos dos 48 da sala completa estavam ali.
"Ana Júlia Rodrigues"
A menina mais falante e fofoqueira da sala, ótima para conseguir alguma informação, mas um nojo para conversar.
"Brenda Cavalcanti"
A religiosa da sala, super fofa e prestativa com todos, mesmo esquecendo que precisa ter respeito pelas escolhas dos outros.
"Bruno Meirelles"
Moleque chato pra caralho que nunca cala a boca.
"Caio de Souza"
Bolsista e gênio da matemática e da física.
"Daniel Rodrigues"
Gente boa apenas com quem ele quer.
"Eduardo Silva"
Bolsista, divertido e ótimo em desenho.
"João Pedro Chinelato"
Bolsista, maconheiro e que ama irritar todo mundo.
"Larissa Marinho"
A rainha da sala, que sempre acha que tudo tem que ser feito do jeito dela.
"Leonardo Annenberg"
Garoto mais popular da sala e namorado da Larissa.
"Maria Clara Ribeiro"
Bolsista, mas vive grudada na Larissa.
"Maria Clara Viera"
Costuma sempre ficar na dela.
"Thayna Correia"
Outra que vivia grudada no lado dos populares.
Assim a aula deu início e em pouco tempo, todos estavam falando ao mesmo tempo enquanto o professor pedia silêncio a cada cinco minutos. Todos não, a maioria apenas.
Eram idiotas, simples assim, Agnes estava cercada por idiotas.
Teve ainda mais certeza disso quando um papel foi jogado nela e viu que estava escrito "Bem-vinda a sala de verdade, esquisita".
Isso era um ótimo jeito de voltar as aulas depois de um ano e meio em EaD, com certeza era.
O pior de tudo, é que essa é apenas a primeira aula.
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Vivendo um Dorama
Roman d'amourAgnes Fakhry é uma menina bolsista no colégio de elite Future que está no segundo ano, tendo que sobreviver às várias situações que aparecem na sua vida, incluindo o fato do garoto mais popular da escola inteira, Leonardo, começar a se mostrar inter...