• Capítulo VIII •

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Tépidos raios de sol atravessavam a cobertura de folhas e faziam brilhar a pelagem de Pata de Deserto. A mesma se espreguiçou com pequena vontade e então finalmente saiu da toca dos aprendizes. Pata de Terra dormia enrolado em seu ninho, enquanto soltava pequenos roncos. Pata de Deserto se aproximou do gato e o cutucou, esperando o mesmo acordar.

- Ei Pata de Terra! Levante-se! Hoje iremos treinar juntos!

- Já vou! - Ele disse abrindo a boca em um bocejo enorme, logo se espreguiçando.

- Eu também estou cansada, mas temos que ir treinar, nossos mentores já devem estar na saída do acampamento e você mal saiu do ninho ainda!

- Eu já disse que já vou! Asa Ligeira me fez caçar o dia inteiro ontem! A maioria das presas da pilha foi eu que caçei!

- Bem, realmente há muitas presas na pilha - Ela miou, olhando por cima do ombro a pilha de presas frescas, logo voltando a cabeça para o aprendiz - Mas não podemos deixar de caçar apenas porque ela está cheia, temos que deixar mais cheia ainda! Agora vamos, lesma dorminhoca! - Ela miou, trotando até a clareira, esperando que o amigo a seguisse.

- E você é uma cérebro de pulga! - Ele miou, correndo até a entrada do acampamento, onde Coração de Cachorro e Asa Ligeira esperavam os aprendizes.

- Vocês já estão atrasados! O sol logo estará a pino e nem saímos ainda! - Miou Asa Ligeira, irritada.

Os pupilos abaixaram a cabeça e então seguiram os guerreiros. Os felinos pararam em uma parte da floresta que era rasa. Asa Ligeira logo direcionou Pata de Terra até o lado de uma rocha, e Coração de Cachorro levou Pata de Deserto para o lado oposto.

- Hoje vocês vão treinar a luta. Ataquem! - Asa Ligeira ordenou, fazendo um sinal de cabeça para os pupilos.

Pata de Terra deu o primeiro movimento, pulando em Pata de Deserto imobilizado-a. A felina o empurrou com as patas traseiras e então usou o seu peso e sua agilidade a seu favor e, então, bateu no rosto do aprendiz amarronzado e então o agarrou.

O felino começou a ficar agitado, começando a chutar Pata de Deserto, na tentativa de se livrar da gata alaranjada clara. A mesma soltou o gato. Os dois se afastaram, com a determinação de vencer. Pata de Terra subiu em uma rocha alta o bastante, o mesmo após subir, se arremessou na aprendiz, os dois rolaram na terra, com chutes e tapas agressivos, nem parecendo mais um treinamento, e sim uma batalha real. Pata de Deserto se agarrou nas costas do felino, tentando desequilibra-lo.
Pata de Terra soltou um rosnado dolorido. A gata rangeu os dentes enquanto a luta continuava, e os mentores os avaliavam. A felina amarelada mordeu a pata dianteira do aprendiz, que soltou um miado agudo e estreitou os olhos. Pata de Terra a chutou com força e montou a gata, e então começou a deixar os músculos rígidos, Pata de Deserto tentou se soltar porém o gato mordeu a orelha da mesma, a fazendo soltar um grande chiado de dor que logo se transformou em um rosnado.

A gata conseguiu se livrar do aprendiz após empurra-lo com as patas dianteiras. Pata de Deserto em seguida iria se jogar contra Pata de Terra, porém Coração de Cachorro interrompeu a luta.

- Vocês estão indo muito bem, porém lembrem-se que isso é apenas um treinamento! Vocês não são inimigos.

- Desculpe, Coração de Cachorro. - Disse Pata de Deserto logo guardado as garras.

- Certo, você lutou bem, Pata de Deserto! - Exclamou Pata de Terra.

- Você também foi ótimo! Algum dia podemos treinar de novo! - A felina mia, arrumando seus pelos.

- Apressem o passo! - Miou Coração de Cachorro.

Chegando no acampamento, Pata de Terra foi direto falar com Pata de Borboleta. Pata de Deserto foi para a pilha de presas frescas e apanhou com a boca um pardal gorducho. Coração de Cachorro se aproximou da pupila e miou:

- Leve essa presa para os anciões, depois descanse e pegue alguma coisa para você na pilha de presas frescas, você lutou bem.

- Certo, Coração de Cachorro! - Disse a felina logo levando o pássaro para a Toca dos Anciões.

Pé Ligeiro e Rosto Queimado estavam dormindo nos ninhos de musgo mas Couro Rajado e Ruína Cortada estavam conversando baixinho.

- Demorou viu mocinha! - Exclamou Ruína Cortada.

- Desculpe Ruína Cortada. Aqui está seu almoço. - Ela miou, cutucando o pardal em direção ao ancião.

Pata de Deserto saiu da toca e foi em direção a pilha de presas frescas e apanhou um arminho, logo a mesma dirigiu-se a toca dos aprendizes e deitou-se em sua cama de musgo. Pata Felpuda se aproximou de Pata de Deserto, começando a trocar lambidas com a pupila.

- Como foi seu treinamento? - Pata Felpuda perguntou a aprendiz amarelada, lambendo seu pelo.

- Eu lutei com Pata de Terra! - Ela miou, lambendo a pata passando duas ou três vezes na orelha.

- Quem venceu?

- Coração de Cachorro percebeu que estávamos levando muito a sério o treinamento e então nos separou, mas Pata de Terra lutou muito bem!

- Interessante. Sabe o isolado que recentemente veio no acampamento?

- Sim! O Ecl... - Ela hesitou após lembrar-se de que o Clã não sabe de seus encontros com Eclipse - Sim, sei, o que tem ele?

- Estão dizendo que ele quer "vingança" com Pata de Terra.

- O que? Eu não acho que ele faria isso.. - Ela fala, meio hesitante.

- Por que acha isso? - Perguntou Pata Felpuda.

- Bom.. ele não parece tão perigoso.

- Isolados e vilões nunca são confiáveis.

- É, você tem razão. - Ela mentiu.

- Bom, agora tenho que ir, ainda há muitas presas para serem caçadas. Até mais! - Pata Felpuda despediu-se e foi trotando até a saída do acampamento.

- Até!

Gatos Guerreiros - O Pequeno IsoladoOnde histórias criam vida. Descubra agora