As paredes pareciam sufocantes, enquanto eu tentava desabafar com ela, mas não conseguia, assim que eu abria minha boca, algo me fazia fecha-la novamente.
Tudo o que eu queria nesse exato momento era estar em meu quarto, olhando para o teto até dormir.
- Me fale, Luisa, me fale como você está hoje. - A minha piscicóloga olha para mim, consigo ver sua curiosidade em seus olhos azuis, mas falar que ela se preocupa comigo já é besteira.
- Estou bem. - Respondo em um tom seco, enquanto desvio meu olhar para o chão.
- Soube que você tem uma apresentação de dança próxima semana, como está sendo os ensaios? - Ela diz em um tom suave, o que quase me faz olhar para seus olhos novamente, mas eu não o faço.
- O de sempre.
- Luisa... Você estava indo tão bem.. O que aconteceu?
- Nada, mas eu já posso ir? - Eu finalmente volto meu olhar para ela, e percebo uma expressão gentil em seu rosto.
- Faltam mais uma hora de terapia, querida. - Ela diz antes de pegar sua caderneta novamente, o que me faz suspirar.
- Podemos pular para um minuto. - Eu digo em um tom sarcástico, e me reencosto no sofá macio e vermelho de sua sala, enquanto olho ao redor da mesma, haviam quadros de vazos de flores bonitas nas paredes, e alguns armários de madeira escura, as paredes azul claro ganhavam um lindo contraste com as cortinas brancas e quase transparentes.
- Não posso e você sabe disso. - A senhora de cabelo levemente grisalho responde.
- O que eu vou dizer para você? Você já sabe de tudo mesmo. - Dou de ombros, antes de inclinar minha cabeça para o lado enquanto olhava para ela novamente.
- Você está fazendo terapia comigo a nove anos e só o que eu sei é o que seu pai me diz, mas a única coisa que sei de você é seu nome e a sua idade.
- Na minha opinião isso já basta. - Eu sorrio de ladino.
- Como você pretende melhorar se você se comporta assim? Você precisa encarar seus traumas, para conseguir supera-los. - Sinto seu tom começar a se tornar mais firme, enquanto seu olhar para mim continua sereno.
- Eu já os superei, eu não lembro da maioria deles, na verdade, só lembro dos piores.
- Então me diga eles, e vamos tentar superar e você vai ser uma pessoa mais forte.
- Você acredita que sou fraca, Sra. Smith? - Eu arqueio uma sobrancelha enquanto espero sua resposta.
- Todos nós somos fracos e fortes ao mesmo tempo.. Mas existe também alguém que não consegue encarar o que passou ou o que ainda passa, e decide esconder isso de todos, se isolar, e dizer que vai ficar tudo bem, só porque não sabe como ou se deve pedir ajuda. - Ela faz uma pausa e suspira suavemente. - Não se torne essa pessoa, Luisa.
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AMOR DE SANGUE
FanfictionLuisa acreditava em amor, paixão e nessas histórias clichês quando era mais nova, porém isso mudou assim que conheceu Aaron, o garoto é o oposto do que ela sonhou em viver em algum romance. Ele poderia quebrar qualquer um apenas para ver um sorriso...