03 - salsicha temperada

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Cheryl Mitchell

Entrei no quarto do meu irmão quase arrombando a porta e encarei os dois herdeiros de satanás deitados no sofá jogando "Mortal Kombat" na tv.

- QUEM FOI O PAU NO CU QUE PEGOU O MEU SECADOR?! - gritei fazendo os dois pularem do sofá, Dylan só faltou dar um mortal de tanto susto.

- Que secador? - o ruivo franziu as sobrancelhas ruivas.

Falso.

- Sério, Dy. Nem cabelo você tem, você é careca. Então devolve logo meu secador - disse, e Dylan me olhou com uma expressão indiferente antes de voltar a jogar. - Se não é uma brincadeira, pra quem foi a vaca que você emprestou o meu secador?!

os dois se entreolharam por alguns segundos que pareceram horas.

Então Jason balançou a cabeça, negando com os olhos azuis arregalados quando meu irmão assentiu.

- Foi o Jay Jay. - murmurou, mas foi alto o suficiente para eu poder ouvir.

Ergui as sobrancelhas e cruzei os braços para o moreno que tentava se esconder ridiculamente atrás do ruivo.

- Jason - seu corpo ficou tenso ao me escutar -, você tem algo a declarar?

- Eu prometo que iria te entregar depois que eu terminasse aqui - ele juntou as palmas na frente do rosto fechando os olhos. - Por favor, não me bate!

Eu teria dó se não estivesse com tanta raiva.

Imagina ter que passar mais duas horas fora de casa treinando porque está no time de merda de vôlei da escola e só querer chegar em casa, tomar um banho, secar o cabelo e descansar.

Mas aí você descobre o que seu secador não está aonde ele costuma estar.

E então você passa mais duas horas somente revirando o seu quarto, depois senta num canto e chora porque achou que perdeu o seu bem mais precioso.

Mas não.

Foi a droga do melhor amigo do seu irmão que pegou ele.

- Eu não vou falar mais uma vez. DEVOLVE O MEU SECADOR.

Jason saiu correndo com o rabinho entre as pernas diretamente para o banheiro do meu irmão.

***

- Não acredito.

Tem pó na minha cabeça e o cheiro de coentro começa a invadir as minhas narinas.

Ao entrar no meu banheiro, liguei o secador imaginando que estava tudo certo e eu finalmente iria secar o cabelo.

Mas, na verdade, estava tudo errado porque o Jason Arrombado Miller encheu a porra do secador de coentro em pó.

E ele foi todinho no meu cabelo molhado.

É, ele teve a audácia de fazer isso.

E eu realmente não sei onde ele encontrou essa merda.

Filho da puta!

Eu vou arrastar a cara daquele merdinha no asfalto e depois enfiar a cabeça dele na privada pra ele largar de ser otario.

Abri a porta do quarto com a maior força e brutalidade que eu consegui e desci cada degrau da escada da minha casa com raiva.

A raiva estava transparente em mim.

Ao chegar no primeiro andar, pude avistar aquele rostinho lindinho mas que estava prestes a virar um omelete de carne humana.

De repente, devido ao cheiro forde de coentro, espirrei, fazendo ele - que estava na sala sozinho - perceber a minha presença ali.

Não sei se deveria me sentir envergonhada por estar somente de toalha na frente dele mas com certeza a minha maior preocupação no momento era o meu cabelo coberto de coentro.

Como se eu fosse alguma comida pra ser temperada.

Se alguém fosse me comer, tudo bem... mas...

- Eu... não sei o que fazer com você.

Sim.

Eu sabia muito bem o que fazer com ele.

Começando pela colher de madeira em cima da mesa de centro entre nós. Eu poderia muito bem enfiar ela no meio do...

- O que foi? Não gostou do tempero, salsicha?

O Jason gargalhou como se aquela fosse a piada mais engraçada que tivesse feito em anos e assim que eu cheguei perto o suficiente pra socar aquela carinha bonita, subi em cima dele e dei sequências de tapa na sua cabeça.

- Isso é pra você aprender a não me chamar de salsicha! - continuei dando socos nele, que reclamava implorando por perdão.

Salsicha por acaso não era um personagem de um desenho?

- Eu não vou fazer mais, Cher. Me d-desculpa... - suas mãos estava na frente do rosto e ele mal conseguia falar enquanto tentava se defender de mim. - Me desculpa. Aí! Tá doendo! DYLAN ME SOCORRE

- Cheryl, o que tá acontecendo aqui? - meu irmão apareceu de repente na sala, com uma bandeja de bolinhos recheados nos braços.

Aquilo era um encontro?

- Ela tá brava só porque chamei ela de salsicha temperada.

- Esse rola bosta entupiu o meu secador de coentro! - puxei cabelo sedoso do filho da puta quase arrancando o seu coro cabeludo.

Ele me olhou de um jeito estranho, um olhar eu nunca tinha visto vindo do Miller.

- OLHA O QUE ESSE FILHO DA PUTA FEZ COM O MEU CABELO

- Cheryl - observei Dylan respirar fundo, a touca enorme de cozinhar cobria seu cabelo inexistente. - Pode me dizer por que você tá DE TOALHA em cima do JASON?!

Toalha?

Olhei para baixo, e então lembrei.

Droga, eu estava de tolha, completamente nua por debaixo dela em cima do amigo do meu irmão.

Dylan me olhou com sangue nos olhos.

Nunca vi uma pessoa tão fodida igual a mim nesse momento.

- Que merda - desviei o olhar novamente pra Jason, que me olhava com aqueles olhos verdes desconfiados e as mãos em volta da minha cintura, as quais me impediam de sair de cima de si. - Pode me soltar, imbecil?

- Se você soltar o meu cabelo...

O bad boy da casa ao lado Onde histórias criam vida. Descubra agora