02 - drogas

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Cheryl Mitchell

Sentei na penúltima carteira da fileira ao lado da janela na sala, retirando os meus materiais da bolsa e fazendo tudo, menos copiando a matéria que o professor de biologia barrigudo passava no quadro.

Inclusive pensando. Diversos pensamentos circulavam na minha mente durante aquela aula entediante.

Alguns irrelevantes, outros não.

Aliás... por que o meu irmão nasceu de olhos verdes e eu não?!

Agora que eu parei pra pensar. Isso é uma injustiça!

Nós somos gêmeos idênticos e eu não queria ser a gêmea a ter nascido com defeito.

- Cher - Senna me cutucou com o lápis e assim que eu a encarei, ela acenou com a cabeça para o professor. - Acho melhor você começar a copiar a matéria ou pelo menos fingir que tá copiando. Ele já te olhou feio umas três vezes.

Olhei o professor e tomei um susto ao me deparar com a sua carranca. Seus braços estavam cruzados acima da barriga grande de cerveja.

- Relaxa, Senna - pisquei algumas vezes, sussurrando pra ela. - Ele deve estar com alguma dor de barriga. Olha como ele segura ela, parece que tá carregando um bebê.

A gente não pode nem mais imaginar que está na Disney na sala de aula que os professores já enchem o saco, sinceramente!

***

O refeitório estava lotado – como sempre – e eu desci as escadas desesperadamente quase pocando de cara no chão ao tentar alcançar o meu grupo de pessoas preferidas.

- Uma hora dessas você vai acabar caindo e quebrando os dentes do jeito que anda descendo as escadas - Mari abusou.

- Credo, Meri, vira essa boca pra lá. - a repreendi, virando para o resto da turma. - Vocês vão lanchar hoje?

- Acho que só vou comprar um sanduíche. - Mich e Andrew responderam.

- Vou pra fila - Livia respondeu e carregou Mia junto a si em seguida.

- Trouxe o meu lanche então não. - Senna me olhou.

Eu não disse nada, apenas saí carregando Senna pelos braços para fora do refeitório.

Mas antes de podermos atravessar as grandes portas de entrada da GH High school, um arrombado apareceu na nossa frente, bloqueando totalmente a passagem.

Desviei o olhar pra cima, já que o meu ponto de visão dava para ver apenas o uniforme azul e vermelho da escola em seu corpo.

Fazendo isso, pude me deparar com a sua face filha da puta de linda.

- Jason Miller.

- Srta. Mitchell.

- Me fala logo o que você quer - soltei Senna e cruzei os braços, o encarando.

Era incrível como só de ele falar o meu nome já me deixava furiosa.

Ele sorriu levemente inclinando a cabeça para o lado.

- Eu precisava de você pra fazer um trabalho pra mim. - disse e eu comecei a imaginar a fortuna que eu poderia cobrar só para fazer aquele trabalho de geografia que a professora passou na semana passada.

Sorri internamente, boiando em uma piscina de dinheiro num apartamento luxuoso em Hollywood.

Mas a minha alegria foi logo se esvaindo quando percebi, pelo olhar de Jason, que não era aquele o trabalho que ele queria que eu fizesse.

- Se estiver falando de drog...

Mal percebi quando Jason se aproximou e sua mão foi parar rapidamente na minha boca.

- Não! Claro que não, seu pedaço de salsicha enlatada. - revirou os olhos. - Você fala demais.

- Que porra de palavreado é esse, Jason?! - mordi a pele macia da mão dele. Jason gritou e Senna me olhou com os olhos arregalados. - Isso é pra você aprender a me respeitar, imbecilé.

Pau no cu.

- Eu até estava considerando te ajudar mas como você fez isso, pode me esquecer! - me virei, puxando Senna para sair de perto dele.

Na verdade, eu não iria aceitar a sua proposta nem se me desse um milhão de dólares. Afinal, tudo o que vem dos amigos do meu irmão dá merda no final.

O bad boy da casa ao lado Onde histórias criam vida. Descubra agora