SérgioDepois da chegada conturbada de Tóquio e do encontro nada amigável dela com Raquel, os ânimos foram se acalmando da maneira que era possível. A minha cabeça martelava ao ponto de doer tentando encontrar uma solução para o grande problema trazido pela moça. Não sabia o que fazer, me sentia perdido e única coisa que passou pela minha cabeça foi algo completamente insano. Ouvia Raquel explicar a Tóquio como a polícia fazia coisas sórdidas e ponderava se teríamos como levar a minha ideia absurda em frente. Quando Paula apareceu fazendo o clima ficar mais leve, sorri com carinho. Me apeguei muito a menina, amo ela como se fosse minha. Amo quando ela me chama de tio Sérgio, sinto o coração errar a batida. Ouvi quando ela pediu que a mãe fizesse um penteado em seu cabelo e vi Raquel concordar imediatamente. Percebi o cochicho das duas e engoli em seco temendo que Paula não fosse com a cara de Tóquio igual a mãe. Me surpreendi quando ela sorriu e abraçou Tóquio. Senti a apreensão de Raquel pela falta de atitude pela parte da moça, mas notei que ela se tranquilizou quando a menina recebeu o mesmo afeto por parte da morena. Soltei uma risadinha baixa quando vi Paula bater continência para mãe e acenei para ela, que acenou de volta quando estava indo para dentro. Raquel saiu educadamente em seguida. Encarei a porta a qual as duas tinham passado e me perdi em meio aos pensamentos, mas logo fui tirado deles pela voz debochada de Tóquio.
— Tio Sérgio, é? — A moça comprimiu os lábios para não rir. Senti a minha pele esquentar e sabia que as minhas bochechas estavam coradas, mas agradeci silenciosamente ao universo por ter a barba grande o suficiente para disfarçar.
— Bem, vamos voltar ao assunto inicial. — Limpei a garganta ao mudar de assunto rapidamente e vi que ela ainda me encarava com um ar risonho.
— Professor, eu sei que o senhor é muito fechado e não gosta de expor a sua vida, mas... Por que ela? — A mais nova indagou se referindo a Raquel. — Sérgio umedeceu os lábios nervoso e arrumou os óculos.
— Raquel é uma mulher excepcional, gosto muito dela e tê-la ao meu lado me faz bem. — Respondeu sem deixar a formalidade de lado e, ainda que não fosse a resposta que esperava, Tóquio não insistiu.
O sol começou a se pôr e eu convidei Tóquio para entrar. Quando chegamos à sala de estar da residência, vimos Paula brincando sentada no tapete felpudo e Raquel entregando um copo de suco de laranja para a mesma. Percebi a trança no cabelo de Paula e cada vez mais percebo os inúmeros talentos de Raquel. Sorri levemente com a cena já hodierna. Vi quando Raquel nós encarou e respirou profundamente. Por um momento temi sem saber o que esperar, mas logo me senti aliviado ao ouvir Raquel se dirigir a Tóquio de forma normal.
— Venha, vou te mostrar o seu quarto. — Indicou o corredor com a mão. Vi Tóquio erguer uma sobrancelha, mas ir na direção indicada. Raquel foi atrás e eu me sentei no sofá perto de Paula.
— Quer suco de laranja, tio Sérgio? — A pequena ofereceu e eu sorri com o seu carinho.
— Não, minha pequena, obrigado. — Neguei com a cabeça e a vi dar de ombros e voltar a tomar o suco.
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Sueños y Realidad
RomanceA família representa a união entre pessoas que possuem laços sanguíneos, de convivência e baseados no afeto.