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AMÉLIA ALBUQUERQUE
point of view.







A manhã chegou com uma vibe preguiçosa, e o ronco do despertador era uma verdadeira sinfonia de tortura. A aula de matemática foi um teste real de resistência, onde o professor parecia falar uma língua extraterrestre.

— Gente, só pode ser castigo! Esse professor de matemática deve ter estudado com o diabo. — Sávio reclamou, arrancando risadas de todos.

— Já tô pensando em contratar um dublê pra mim nas próximas aulas. — Matheus brincou, tentando aliviar a tensão.

Na hora do intervalo, nos reunimos na nossa mesa de sempre. Camila, Luisa, Sávio, Vinicius, Matheus e eu, todos juntos para enfrentar o segundo round de aulas.

— E aí, como estão sobrevivendo a esse caos chamado matemática? — Luisa perguntou, com um sorriso sarcástico.

— Eu já pensei em desistir e virar artista de circo. Malabares são mais fáceis que essas equações. — Respondi, provocando risadas.

O intervalo passou voando entre piadas, fofocas e reflexões filosóficas sobre a vida adolescente.

No meio da aula de biologia, enquanto o professor tentava explicar a complexidade das células, meu pensamento divagou para algo mais profundo.

"Será que o amor é uma espécie de célula? Uma parte fundamental que, quando danificada, causa um impacto em todo o organismo?"

Mas, claro, essas reflexões filosóficas eram interrompidas por Sávio fazendo caretas para o professor quando ele virava as costas.

A tarde chegou com um clima diferente. A gente decidiu explorar um pouco mais da nova rotina do ensino médio.

— Que tal irmos àquele café que abriu perto da escola? Ouvi dizer que o chocolate quente de lá é uma obra-prima. — sugeri, animada.

— Amélia, sua mente genial acaba de nos salvar de morrer de tédio. — Sávio apoiou a ideia, e todos concordaram.

No café, entre risadas e debates sobre os rumos do ensino médio, percebi como esse grupo era meu porto seguro. E, no meio desse turbilhão de emoções, Matheus continuava sendo aquele equilíbrio que eu precisava.

Enquanto saboreávamos nossas guloseimas, meu olhar cruzou com o de Matheus, e a frase ecoou na minha mente, "estamos ligados de um jeito que eu ainda não entendo." Acho que, às vezes, as melhores coisas são aquelas que não conseguimos explicar.

O pôr do sol pintava o céu com tons de laranja e rosa, e eu sentia que, apesar de todas as incertezas e desafios, havia algo bonito se formando nessa bagunça chamada ensino médio.

O amor, por mais complicado que fosse, era a cola que mantinha nossas peças unidas, e acho que, no fim das contas, era isso que nos fazia resistir a todas as tormentas da adolescência. E, enquanto o sol se despedaçava no horizonte, eu sabia que o melhor ainda estava por vir.

gorilla roxo - matuêOnde histórias criam vida. Descubra agora