Devil by the window • minsung

UM (parte do primeiro capítulo)

Jisung entra pela porta de sua casa jogando a mochila no chão e chutando os sapatos num canto, acendendo a luz do corredor no caminho para o sofá. Seus olhos pesavam com o cansaço, e só de pensar em chegar até o banheiro ou até mesmo seu quarto suas pernas doíam mais com o peso do próprio corpo. Quando caiu deitado no estofado macio, o alívio foi imediato, afundando o rosto na almofada de donut que Felix deu de natal. Não se sabe ao certo quanto tempo ficou nessa posição, mas despertou com um vento frio vindo da janela da sala. Esfregou os olhos sentando, mais desperto agora. Sempre que chegava de um evento era a mesma coisa: precisava de um cochilo antes de seu cérebro voltar a funcionar. Ligou a tv em um canal qualquer somente para preencher o silêncio e foi até a cozinha preparar algo para comer. Não demorou nem dez segundos olhando os armários para lembrar que não havia compras feitas. Tudo vazio. Claro, Chan estava viajando e Jisung não era o tipo de pessoa muito responsável que lembrava de necessidades apenas básicas, como fazer compras ou pagar as contas na data certa. Pegou uma latinha de refrigerante na geladeira e voltou ao sofá, sentando com os pés apoiados na mesinha de centro.

"Ainda bem que Chan não está aqui", foi seu pensamento enquanto terminava o pedido nada saudável pela quarta vez na semana. 

Resolveu tomar um banho enquanto a comida não chegava. Estava distraído procurando uma blusa confortável para dormir quando a campainha tocou. Desistiu de achar no terceiro toque e foi do jeito que estava, com calça de moletom cinza buscar o pedido.

— Foi mal a demora, é crédito. - abriu a porta se desculpando quando o entregador estendeu a sacola do pedido. O homem com capacete pegou o cartão e inseriu na máquina, fazendo o pagamento. Jisung teve uma sensação estranha de estar sendo observado e observado para os dois lados do corredor, mas estava vazio. Voltou a entregar a máquina de pagamento e agradeceu o entregador que não ofereceu palavra alguma nem tirou a máscara ou capacete. O homem foi embora e Jisung olhou mais uma vez os dois lados do corredor franzindo a sobrancelha antes de entrar. — Eu hein, estou ficando doido.

Eram por volta de três e quarenta quando finalmente deitou. Olhou as mensagens no celular ignorando a maioria e vendo as últimas no grupo de seus amigos, avisando que chegou bem e os encontraria no dia seguinte. Dez minutos de cochilo depois um estrondo na sala o acordou, fazendo Jisung pular de susto. Sentado na cama esperou para ver se ouvia algo, mas a casa estava no mais completo silêncio. Pensou que talvez fosse o sono, mas quando estava se cobrindo sentiu aquela coisa novamente. A sensação esquisita. Não conseguiria dormir se não soubesse o que foi o barulho então se levantou o mais quieto que podia e pegou algo para se defender. Que por acaso era um guarda chuva da Ladybug. Iria servir. Abriu a porta do quarto e foi na direção do som, respirando devagar segurando o guarda chuva na posição de um bastão de baseball. A sala estava vazia, mas a janela estava aberta e o vaso com a planta de chan caído no chão, ao lado da estátua de colecionador do Deadpool que ficava no móvel da tv. Os dois quebrados sobre o tapete.

— Puta merda. Ele vai me matar.

Abaixou o guarda chuva ao olhar em volta e não ver ninguém, nem sentir aquilo de novo. Quando se virou de volta, levou um susto com um... gato? Parecia um gato preto... mas definitivamente era o maior gato que já viu, do tamanho de um cachorro.

— Ei gatinho! Espera, foi você que quase me matou de susto e fez essa bagunça? - se aproximou da janela onde o animal estava sentado, balançando o rabo longo. Passou os dedos na orelha do gatão, fazendo um carinho — Poxa... vou levar uma bronca por sua causa, cara. Assim tu me ferra.

O gato miou parecendo rir de Jisung e pulou para dentro, passando entre as pernas do humano.

— Ei, eu não te chamei pra entrar! Por favor, não quebra mais nada, ok? — pegou uma vassoura na cozinha e a pá, juntando a bagunça de terra e cacos da estátua do tapete. Conseguiu salvar a planta e colocou em um pote de massa de biscoitos vazio — Não ficou tão ruim. O que acha?