Michaelis - Parte 2

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Parte 2

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Parte 2

  Início de outono, uma estação tranquila e recheada de brisas gostosas de se apreciar em um bom passeio de bicicleta. Era um período comum em minha vida, cursava meus estudos e me esforçava para manter meus amigos longe. Nunca odiei ninguém, sempre odiei a solidão, mas a necessidade de me afastar das pessoas era inconsciente. Acreditava que era apenas com multidões, mas logo percebi que se trava dos relacionamentos.

  No entanto, foi naquele outono que tudo mudou.

— Hoje, para a surpresa de ninguém, devido às fofocas do senhor Rony Bellbor, teremos um novo companheiro de classe — Pontuou o professor Landini, coçando sua barba espessa e fitando com incômodo nosso colega Rony.

— Nem fui eu dessa vez... — Murmurou Rony, na carteira atrás da minha, fazendo a turma soltar algumas risadinhas.

  Landini deu suas famosas tossidas, claramente propositais, ordenando o silêncio da classe.

— Você já pode entrar, deem as boas vindas a senhorita Michaelis Belphegor.

  Com o aceno do professor pela fresta da porta, uma garota timidamente adentrou o nosso recinto. Seus cabelos eram longos e negros, com pequenas tranças atraindo os holofotes. Com lábios finos como um anjo e olhos azuis como um rio sereno. A menina, com a saia de nosso uniforme ultrapassado, fez uma reverência inglesa e se dirigiu a carteira em meu lado direito, rapidamente saindo da atenção de todos, menos a minha.

  Muitos alunos acabam por se transferir para nossa escola, mesmo no meio do ano letivo, pois nossa cidade é conhecida pela extração de minérios e petróleo. Dito isto, não é nada incomum algumas famílias se mudarem e retornarem em momentos de baixa, ou mesmo atrair a atenção de pessoas que acreditam no dinheiro fácil. Lembro de já ter visto muitos colegas partirem devido à falência iminente, nos obrigando a lidar com a perda bem cedo.

  Mas... Mas... O que era aquele sentimento... Meu corpo começou a suar frio, meus olhos estavam vidrados, um abismo se abriu em meu peito clamando por algo, algo...

  A garota sutilmente ignorou as palavras do professor Landini em sua palestra e desviou seu olhar em encontro aos meus. Eu me perdi naquele rio, girando em um redemoinho, me afogando. Boquiaberto, feito um fantoche, sem movimentos, com as cordas cortadas. Ela me dominou, o que era aquilo que jamais sentira. Minha mente gritava medo, meu coração clamava por amor.

— Está tudo bem? — Cochichou a menina, tapando a boca com a mão, e me deixando estupefato com seu sorriso.

— Eu err... N-Na... E-Está tudo bem, desculpa — Respondi, ofegante, lutando contra a maré.

  Ela riu, graciosa e perfeita.

— Que bom... Bem, me chamo Michaelis, qual seu nome?

— N-Noah.

— Que nome bonito! Espero nos darmos bem, Noah — Declarou Michaelis, juntando aos mãos e conferindo se o professor ainda não havia nos notado.

  Diferente, estranho, bizarro. Estas palavras descrevem sempre as piores coisas, atrelando a novidade ao caótico grotesco, abafando a insuportável curiosidade em nosso ser. Não existiam palavras melhores para ilustrar aquele momento. Eu não queria me afastar dela, pelo contrário, queria me aproximar cada vez mais, aprender sobre ela, ser reconhecido, oferecer meu coração.

  Eu te amo eram palavras sutis para este sentimento voraz, uma paixão fulminante que desencadeou um eu que jamais conhecera. Mas tudo isso viria a mudar, tudo isso viria a acabar.

  Para onde você foi...?

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⏰ Última atualização: Nov 21, 2023 ⏰

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