Hoje Eu Passo

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Soraya Thronicke

Tem pelo menos três dias que eu não tenho um minuto de paz e se eu não tomasse um café agora, alguém sofreria as consequências das noites mal dormidas!

— Doutora, trouxe café e uma notícia — Déborah me recebeu, um tanto quanto nervosa assim que pisei na delegacia. Algo me dizia que nem o café iria ajudar no dia de hoje.

— Primeiro o café — Tomei um gole e pude jurar que o dia seria incrível se fosse igual ao líquido fervoroso que acabara de engolir  — Agora a notícia — Me sentei e vi Déborah engolir em seco - Quer um tapa nas costas para falar logo?

— Soraya, ela... — Não é possível que é o que estou pensando — Simone, soltou o estelionatário — Me entregou a pasta com o habeas-corpus, e nós tivemos que liberar.

— Eu não estou ACREDITANDO nisso — Lembra o dia ruim que comentei, acabara de ficar pior ainda  — Faz o seguinte, Deborah, localiza - Simone pra mim AGORA!

— Ela já está no Brasil Chegou ontem, e já tratou de pedir o habeas-corpus.

— Por isso as flores!  — Sempre o mesmo truque — Eu vou resolver isso, cuida de tudo por aqui e qualquer coisa estou na escuta — Peguei minha bolsa e sai daquela delegacia com um único destino em mente, a Tebet Law Firm.

O caminho que em um dia normal, eu faria em 30 minutos, com raiva foi feito em 19, e eu poderia jurar que o elevador demorou bem mais que isso, afinal, a ordinária se escondia no décimo quinto andar.

— Bom dia, doutora Soraya — Denise me recebeu, com um olhar de pânico - Vou anunciar a senhora!

— Nem se atreva — Tirei os óculos — Ela sabe o que fez e não precisa de proteção. Aliás, tenho certeza que neste momento, ela está contando os segundos para me ver entrar pela porta  — A secretária, e braço direito de minha ex mulher  apenas concordou com a cabeça.

— Mas dona Soray.... — Não quis ouvi-la, e fui em direção ao meu alvo.

— Eu sei lidar com ela, Denise — Gritei, e isso era um fato, eu sabia lidar com Simone como ninguém, tal qual ela sabia me tirar do sério como nenhum outro ser humano na face da terra conseguia.

— Eu sei que a senhora sabe, mas —  A secretária estava atrás de mim, mas eu a ignorei e abri a porta.

— VOCÊ SABE QUANTO TEMPO EU DEMOREI PARA PRENDER AQUELE ESTELIONATÁRIO, TEBET? — Lá estava ela, com um sorriso sínico, como eu imaginei, me esperando, louca para o conflito que viria a seguir.

— Soraya! Meu amor, que bom revê-la. Bom dia!

— Doutora, eu tentei avisar —Denise disse da porta.

— Tudo bem, Denise. Trás um café para a delegada — Ela veio até mim — E trás uns biscoitos também, ela anda tão azeda. Quem sabe o doce faça com que o dia dela seja melhor — Piscou para mim cinicamente. 

— Não tem café, não tem biscoitos — Disse, lhe encarando  — Eu quero saber qual o seu fetiche em soltar as pessoas que eu prendo? Porque não é possível, só pode ser fetiche. Não tem outra explicação.

— Trás o café, Denise — Simone me encarou nós poucos segundos em a porta se fechava — Eu tenho muitos fetiche que lhe envolvem, delegada, alguns, você até já realizou.

— Simone, eu estou falando sério! — Sentei na poltrona de frente para ela — Foi um trabalho difícil, e em menos de 48h você jogou tudo no lixo.

— Não é como se eu fizesse de propósito, você sabe disso — Ela se aproximou — Estou apenas cumprindo com o meu papel de advogada.

— Você pesca com cuidado os casos que eu comando — Me levantei, me afastando - Esse sempre foi o nosso maior problema!

Veredito de Uma PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora