Capítulo IX

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 Eu escovava meus dentes na pia do banheiro na manhã seguinte, uma rotina normal, mas que de normal não se tinha nada, já que sentia como se a rosa do deserto — a flor morta, e jogada na lixeira perto do vaso sanitário ao meu lado — me olhasse de ...

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Eu escovava meus dentes na pia do banheiro na manhã seguinte, uma rotina normal, mas que de normal não se tinha nada, já que sentia como se a rosa do deserto — a flor morta, e jogada na lixeira perto do vaso sanitário ao meu lado — me olhasse de forma como se a culpa dela perder a vida fosse minha. Talvez realmente fosse, já que Guto estava na mesma situação. Gaspeando.

Eu não consegui dormir direito durante a madrugada, ligava de meia em meia hora para Guto pra saber se ele ainda estava por lá, dormindo, ou só vivo. Chegou um certo horário que ele não me atendeu mais, então eu liguei para a casa dele, como uma louca, até o pai dele me dar um esporro por importunação.

Eu estava ansiosa, Niko havia hipnotizado meu amigo por pura birra. Quem ele pensa que é para agir como se eu fosse algo de sua posse e nada nem ninguém pudesse tocar em mim? Eu realmente não entendia o que aquele vampiro tinha achado em mim, o que eu tinha feito para ser o motivo de sua obsessão, eu não tinha nada para o dar, nada que fosse minimamente interessante. Era eu, poxa! Na verdade não me importava, eu só precisava encontrar um jeito de tirar Guto dessa confusão, ele não merecia morrer por minha causa.

Terminei de me arrumar e saí de casa às pressas. Não tinha aula no primeiro horário, então aproveitei para ir até a casa de Guto para conferir se ele ainda estava vivo.

Peguei um Uber para chegar mais rápido lá, e quando apareci no jardim da frente da casa, o senhor Castelo estava em seu roupão de algodão azul marinho, uma caneca fumegante em mãos, buscando o jornal do dia deixado no caminho de pedras pelo garoto que entregava os jornais pela manhã. Ao me ver, tenho certeza que ele revirou os olhos e bufou. Quem poderia o julgar? Eu estava parecendo uma descontrolada ligando para casa dele durante a madrugada perguntando a mesma coisa em todas as ligações.

O Guto está ai senhor? Diga para que não saia de casa em hipótese alguma.

O pai de Guto tentou saber o que eu queria dizer com aquilo, que tipo de confusão o filho tinha entrado, e eu apenas repetia incansavelmente para que ele apenas não deixasse Augusto, seu filho único, sair de casa. Como eu explicaria a ele, um homem de meia idade que parece ser cético em tudo, que o filho foi hipnotizado por um vampiro que se acha meu dono e agora corre risco de vida? Não existia explicação lógica para isso.

— Não bastou ligar a noite toda, veio pessoalmente nos perturbar? — O homem realmente não estava contente com a minha presença, mas eu precisava me assegurar que Guto estava bem.

— Eu realmente sinto muito pelo incômodo, senhor, mas eu preciso falar com o Guto. — Insisti.

— Acho que ele está se arrumando para ir pra aula - eu me aproximei para ouvir melhor, e ele saiu da frente da porta, abrindo caminho para eu passar. O senhor Castelo parecia cansado, as olheiras inchadas embaixo de seus olhos denunciavam a noite mal dormida, e eu me senti mal. A culpa era minha. — Subindo a escada, primeira porta.

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