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༘'✦ ˑ ִֶ 𓂃⊹ Sn on.

A primeira aula foi normal, ou melhor, foi uma bosta como sempre. Fizemos alguns trabalhos, e contas de matemática, onde apenas esperei a professora responder.

Já estava no segundo período de aula, troca de professores. Agora era de biologia, uma das matérias que eu odeio e que também odeio a professora, essa bundona do caralho, acho que a barriga dela passou pra bunda, talvez ela até pule se ela sentar.

- Bom, amores, sabe como estamos tendo vários trabalhos de biologia, e como estou trabalhando o mesmo conteúdo em uma outra sala, decidi que vamos juntar as salas. Então, por favor, peguem seus matérias e se dirijam a sala do outro 3°.

Eu gelei quando ouvi essas palavras, o barulho se acumulando na pequena sala quando os alunos começavam a guardar seus matérias dentro da mochila.

Eu não iria aguentar ficar em uma sala diferente! Já basta a dificuldade de me enturmar na minha sala, imagina na dos outros? Eles vão me achar estranha, vão rir de mim. Eu não quero isso, não quero ir.

- Sn, não vai? - Acabo sendo interrompida no meio dos meus pensamentos, ergo a cabeça e vejo que é Wendy, a representante de sala depois de anos. Eu me levanto rapidamente.

- Ah! Vou sim.. só tava meio distraída. - Rio de nervoso, minha voz pela primeira vez não sendo trêmula ou baixa, já que era Wendy, e ela era legal comigo.

- Ótimo, nos vemos lá. Vou guardar uma cadeira pra você. - Ela sorri para mim, acabo ficando sem jeito, e ela sai, e percebo que eu havia ficado sozinha na sala de aula.

Tudo que eu queria fazer agora era gritar, chutar algumas cadeiras e talvez me machucar, apenas pra não ir pra outra sala. Para mim, isso é um verdadeiro pesadelo.

Começo a arrumar meus matérias, guardando meu caderno de desenho e o estojo dentro da mochila marrom claro, logo a colocando nas costas e saindo da sala, seguindo em direção a alguns alunos a frente.

✮ ✮ ✮

Já estava na sala de pessoas desconhecidas, sentando bem no fundo, onde os babacas e os quietos da sala sentam.

Eu estava roendo minha unha, minha perna se movendo constantemente, quase tremendo por si só. Na minha cabeça, todos estavam olhando para mim, todos estavam me julgando, todos estavam rindo de mim, todos me viam como uma garota patética.

Eu sentia vontade de chorar. Estava sozinha, com mais outros desconhecidos ao redor de mim, um barulho insuportável surgindo no ar, me fazendo fechar os olhos com força as vezes. Eu olhava um pouco ao redor, vendo algumas garotas susurrarem e apontarem para mim sem nem sequer tentar disfarçar. Eu quase estava em pânico, minha cabeça começando a doer pelo barulho alto.

Eu soltei um grunhido baixo de dor, percebendo que eu já estava mordendo a pele de meus dedos, que agora estavam levemente dolorido, lentamente surgindo manchas vermelhas, que escorrem em pouca quantidade. Fico mais nervosa a cada minuto, nem sequer ouvindo o que a professora fala.

Minha respiração estava irregular, meu coração batendo rápido, enquanto ouço cochichos sobre mim. Eu estava sendo estranha demais? Estava sendo esquisita ao olhar deles? Eu já não queria estar mais ali, eu estava aflita, querendo nada mais do que sumir.

Sem nem perceber, poucas lágrimas estavam a escorrer dos meus olhos, e eu logo me curvei mais, tapando a minha boca para ninguém ouvir os meus apelos e os sons que eu fazia quando chorava. Tudo estava sendo um pesadelo, era como o meu primeiro dia de aula. Eu não queria ser assim, eu não pedi pra ser assim, eu não escolhi nascer assim.

Repentinamente, sinto uma mão em meu ombro. Não quero erguer minha cabeça, meu rosto está repleto de lágrimas, então eu logo as limpo com as costas das minhas mãos, mas ainda não me sinto confiante de olhar. O som de uma cadeira sendo puxada dava pra ser ouvida, a pessoa estava próxima a mim, eu sentia a presença dela, via os pés dela.

- Ei.. mhm... Você está bem? Precisa de algo? Te olhei e percebi que estava tremendo. - Uma voz abafada, mas alta fala, e eu logo percebo quem é. Ergo a cabeça lentamente, olhando de relance para a pessoa, não, pessoa não. Para ele.

- Eu... Eu não sei. - Minha voz sai trêmula e baixa, o de sempre, mas estava mais rouca.

Kenny põe a mão em meu ombro, dando apertos e batidas suaves, como se estivesse tentando me consolar. Eu estranhei, estranhei muito, mas eu não iria recusar, não agora.

Me inclino, descansando minha cabeça no ombro dele, uma de minhas mãos deslizando para descansar nas costas dele, minhas lágrimas molhando um pouco a parka dele.

- Ihhhh, Kenny e Sn tão se agarrando! - alguns alunos gritam, e se torna um tumulto, no qual eu logo fico aflita novamente, por agora estar chamando mais atenção do que desejava. Eu aperto Kenny com força, sentindo meu coração apertar.

- Qual é, não liga pra eles. - Ele me segura mais firmemente, segurando minha cabeça em seu ombro, não querendo que eu olhasse.

Fecho meus olhos, me acomodando mais em Kenny, deixando minha mente em branco, não querendo pensar em mais nada, apenas no conforto que eu não sinto já faz tempo.

✮ ✮ ✮

Agora eu já estava melhor, e era a hora do almoço, todos já estavam saindo da sala, Kenny já foi também. Eu estava terminando de secar as minhas lágrimas, fungando um pouco e quase soluçando, eu nunca tive uma crise antes na escola.

- Ei, sn. O que foi aquilo lá com você? - A voz familiar e feminina chama minha atenção. Termino de ficar com uma aparência mais decente, mesmo que a ponta de meu nariz e meus olhos estivessem vermelhos.

- Ah.. não foi nada. Só estava pensando em algo. - Minto na cara dura, e Wendy me olhava de forma desconfiada, mas ainda sim, ela assentiu.

- Ah, tudo bem então. Sabe, qualquer coisa, você pode falar comigo, tá bom? Eu te considero a minha amiga. - Minha boca se abre em sinal de surpresa, meus olhos brilham. Wendy ri e apenas vai embora, me deixando com o coração na mão. Porra, amiga? Minha amiga? A representante?! Só posso estar sonhando.

Eu fico uns segundos parada, ainda botando o cérebro pra funcionar e até me beliscando. Eu realmente não estava sonhando.

Eu pulo de alegria, comemorando, aproveitando que eu estava sozinha. Eu fiquei feliz, finalmente, fiz uma amiga nessa escola de merda! Uma única amiga, era o que eu precisava. Mas, eu também estava me perguntando sobre Kenny, ele foi tão gentil e compreensível comigo, sem eu nem ter precisado falar sobre o que eu estava sentindo. Talvez, ele realmente não fosse tão babaca.

- Melhor eu ir.. - Murmuro, respirando fundo, me recuperando do meu surto de alegria. Me dirigi até a porta da sala na qual não tenho familiaridade, indo para a cantina.

Estranhamente, ou talvez de uma forma boa, Wendy estava na porta da sala, e eu fiquei meio envergonhada, pensando se ela tinha visto o meu surto, mas tanto faz, só fiquei feliz por ela ter me esperado. Talvez, ela realmente fosse a minha amiga, minha primeira amiga no ensino médio.

꒦꒷꒦꒷꒦꒷꒦꒷꒦꒷

Cap 3, END.
1228 palavras, revisado.
Eu gostei, já me ocorreu. 🤡🤡 (Só deus sabe como tá a mente do palhaço)
A Sn vai falar com o Kenny no cap 4, só um spoiler.

🍊 - Insegurança Do amor • Kenny McCormick.Onde histórias criam vida. Descubra agora