As vezes tenho necessidade de derramar palavras sobre o papel, como lágrimas rolando devagar pela bochecha, contornando os lábios e se perdendo depois do queixo.
Então pego a caneta e o papel, me posiciono e nada sai. Os sentimentos se embolam como um novelo de lã que passou pelas patas de um felino, tão enrolados que não encontro a ponta. Não sei dizer o que estou sentindo, nem o porquê.
Então sufoco. Preciso deixar sair, mas não consigo. Preciso chorar pela caneta em cima do papel, mas tudo parece tão denso que nada sai.
Tranca minha garganta, fecha minha traquéia, enche meus pulmões de tragédia e aos poucos pereço. Devagar e sem esperanças.