Caminho durante horas e o suor desce de enxurrada sobre a minha pele, enquanto minha respiração não absorve o oxigênio existente ao me redor. Apesar do cansaço evidente, o eco ameaçando eclodir de dentro do meu ser, não me permite parar para descansar e eu continuo andando entre a vegetação escura, como se meus pés soubessem para eu estava indo. Quando eu sei que cheguei ao meu limite e que meu corpo não sustentaria mais aquele ritmo frenético ao qual estava caminhando, algo na minha frente ganha coloração.
Empurrando as folhas a minha frente das árvores para conseguir enxergar, avisto uma belíssima e enorme cachoeira de água cristalina, onde as nuvens no céu fazia uma complementação perfeita e digna de pintura artística. Na beira da cachoeira havia um rapaz agachado, com a mão esquerda enfiado na água, onde claramente um peixe interagia com ele.
Em frações de segundos, ele pressente minha presença e acariciando o animal, se ergue e vem na minha direção clamando bastante entusiasmado:- Já aguardava tua presença novamente, José!
Eu ainda estava tendo dificuldade para respirar, como se agora meu sistema respiratório estivesse sem ar e pudesse ser um ataque cardíaco. O jovem rapaz porém, se aproxima o suficiente para me surpreender com um abraço apertado.
- Meu amigo! Respira fundo, está tudo bem. Você não está sozinho.
Aquelas palavras me causa uma explosão, fazendo meu cérebro espalhar tudo que estava acontecendo para processar de uma única vez. Encaro com espanto os olhos negros do menino ao qual acariciava meus ombros, assustado de não tê-lo reconhecido antes.
- Carlo!
- Sim?- Questiona ele com tanta convicção, que eu percebo que é meu intercessor a minha frente.
- AI MEU DEUS! Acutis, eu estou com tanta coisa na cabeça que quase não o reconheci...
Ele nem espera eu finalizar, para responder dando leves tapinhas nos meus ombros:
- Eu sei que está complicado, mas a sua avó é uma mulher forte.
- A VOVÓ, ela está com cancêr!
- Ei JH, não se preocupe. Vai ser uma fase difícil para a Tia Carlinha, mas ela vai ser curada. Ela só precisa passar para isso, mas Deus nunca a deixaria sofrer. Ainda não está na hora dela. Eu juro, meu amigo. Está bem!?- Fala o adolescente com tanta convicção que eu acabo sem palavras diante dele.
Assinto com a cabeça, ao qual continuava latejando com tantas coisas. E a minha respiração continuava descontrolada.
- E como está a missão?- Pergunta ele me buscando do meu desvaneio.
- Está indo, mas eu tive que interromper a minha parte já que tenho que cuidar da vovó em Barbacena. E-eu...- Porem novamente aquela falta de ar dentro de mim, fala mais alto.
- José Henrique, sua missão não está interrompida. Você está onde precisa estar e eu quero que saiba que há uma missão muito importante para você, amigo. Há uma pessoa que precisa muito de você, não é sua avó. Ela precisa que você a ajude. Você não precisa entender agora, só não esquece: ela precisa de você.
- De mim?- Questiono sem entender onde o Beato estava querendo chegar.
- Eu não te escolhi atoa, você será um grande missionário, mas não estará sozinho. Toma.- Diz ele e só sinto o peso de algo caindo em minhas mãos entreabertas.
Uma corrrente banhada a ouro, com uma medalhinha de Santa Teresinha do Menino Jesus. Aquele acessório religioso me dar uma sensação de dor, como se meu corpo ainda continuasse em estado de falta de oxigênio, fosse eclodir pelos ares.
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Apaixonada pelo missionário✞
EspiritualQuando o namorado a deixa para seguir a vida sacerdotal, Helen ainda está com o coração desamparado e nem mesmo a novena de Santa Teresinha parece ajudá-la fortalecer a fé para seguir sua vocação matrimonial. E com a chegada de José Henrique na comu...