𝘁𝗵𝗲 𝗯𝗲𝗴𝗶𝗻𝗻𝗶𝗻𝗴 o̲r̲...

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— Olá, P'Kim.
— Muito tempo sem nos vermos... — Indaga Porchay, ao encontro daquele que não imaginava que poderia encontrar tão casualmente.

— Como você está? — Aquele pela qual foi direcionada a saudação, pergunta. Hesitante pela resposta que estava prestes a sair da boca do mesmo que uma vez 'foi' o amor de sua vida, em meio às suas escolhas erradas.

— Eu estou bem. Pois as coisas ruins... Eu já esqueci todas elas. — Porchay responde, podia sentir suas mãos suarem, o coração bater forte em meio ao nervosismo, e às lembranças percorrerem sua mente como uma grande correnteza.

— Bom, isso é ótimo. — Frase essa que não chegava nem perto de todas as coisas que Kim gostaria de perguntar-lhe, gostaria de poder dizê-lo o quanto esperava por este encontro, o quanto ansiava por seu abraço e o seu cheiro. De que todas as pequenas coisas, mesmo que simples, pudessem voltar a ser como antes. Não queria nunca tê-lo deixado escapar de seus dedos...

— Então... Em breve, vamos fazer uma música juntos? — Propôs Porchay, de maneira despretensiosa. Ansioso pela resposta, sentia mesmo a necessidade de recomeçar, de ter todo aquele sentimento de volta. E gostaria imensamente que Kim também quisesse aquilo, que dessa vez, não cometesse o mesmo erro da última, que não o deixasse e o abandonasse feito lixo. Pois aquilo ainda doía muito, como uma cicatriz incurável, era apenas difícil demais para descrever e até mesmo fazer esta pergunta.

— Eu irei primeiro. — Como se aquele sentimento ruim voltasse outra vez, sentiu que não deveria ter feito aquela pergunta, e quase automaticamente se arrependeu daquilo. Sentiu-se um pouco tolo, como se Kim fosse mesmo recusá-lo, como se fosse fazer o papel de idiota como anteriormente havia lhe ocorrido. Como se Kim fosse lhe descartar. Suas inseguranças e medos lhe atingiam de uma forma angustiante e dolorosa.

Porchay afastou-se, mas antes que pudesse...

— Espere! — Com um movimento brusco, Kim puxou o seu braço de volta para si, até que Porchay estivesse novamente à sua frente. E citou, com uma pequena lágrima de felicidade prestes a escorrer de seus olhos profundos. — Com certeza, sim, faremos isso!

— Você está suando? — Indaga.
— Caiu em algum rio ou algo assim?

Kim retira um pequeno lenço de seu bolso, mesmo que suas mãos estivessem trêmulas, sentiu um pequeno vestígio de coragem para levá-lo até o rosto de Porchay. E com muito cuidado, o limpou de todo o suor que estava agora presente em sua face. Podia sentir os olhos do menor penetrarem os seus, aqueles grandes olhos de jabuticaba, tão brilhantes quanto ele se lembrava, mas tão gentis e meigos da mesma maneira. Aqueles mesmos olhos que viu derramar rios de lágrimas quando o deixou. Pensamento esse que o tormentava toda vez que se recordava.

— Vamos, eu vou te dar uma carona!

Afirmou, entusiasmado. Sentiu uma luz acender em seu coração, a esperança, aquela que havia se apagado quando tudo deu errado. Quando sentiu mesmo que não merecia ter ninguém ao seu lado, pois mesmo que tentasse, era difícil demonstrar o que sentia.
E estragou tudo, machucou não só a si mesmo, mas aquele que estava ao seu lado, e perdeu-se do seu único amor, assim como perdeu-se de si mesmo.
E qual seria o peso da culpa imensurável que ele sentia? O quanto o momento errado podia mesmo mudar tudo, poderia mudar o destino em um piscar de olhos. O futuro que transcreveu milhões de vezes em canções que jamais saíram do papel, em poemas. E todas aquelas letras e melodias, todas elas eram para Porchay, mesmo que ele nunca soubesse.

Ele havia se perdido, antes de seu amado, não havia mais nenhum propósito em sua vida, apenas um ciclo doloroso sem fim.
E a coisa que mais doeu em sua vida em TANTO tempo, foi ter perdido aquele que lhe prometeu juras de amor, por pura ignorância e medo de mostrar-lhe quem realmente era, aquele Kim que vivia apenas dentro de si, que nunca teve coragem de mostrar ao mundo.

THE BEGINNING OR THE END?  (Kimchay)Onde histórias criam vida. Descubra agora