Dreams Pilot - Michaeng

A expectativa de um novo ano

Melbourne, Austrália, 2020.

Na primeira corrida do ano, tudo é um caos e todos estão nervosos andando de um lado para o outro, um dos principais motivos para isso é que será a primeira corrida dos carros depois do teste de inverno e ninguém sabe se haverá algum problema interno no carro.

Mas, esse ano temos mais um motivo para nos preocuparmos.

Uma nova pilota.

Claro, não é como se não confiássemos na pessoa em que contratamos, mas ninguém sabe se de uma temporada para outra o desempenho decairá, certo?

Confesso que fiquei bem impressionada quando soube que a Mercedes iria fechar um contrato multimilionário com uma pilota jovem recém apresentada na Formula Um, e principalmente mantê-la como pilota principal.

No início deste ano, foi revelado o fim do contrato de Mina Myoui com o time da McLaren, após seu ano de estreia nas pistas e ficando incrivelmente em terceiro lugar na classificação ao final da temporada, mas enfim, a Mercedes resolveu apostar nessa prodígio, prometendo o carro mais rápido dentro da pista, assim fazendo com que ela corra com sua maior capacidade.

E também, é claro, uma bagatela de quarenta e cinco milhões de dólares anuais, tendo um contrato de dois anos. Ficando somente atrás da ultima campeã mundial, que ganha atualmente cinquenta milhões de dólares pela Red Bull.

Claro, a pilota aceitou de prontidão, tendo apenas duas condições em seu contrato, que a lataria de seu carro fosse predominantemente preta até o final de sua estadia no time, e que pudesse fazer alterações nos capacetes em algumas corridas ao longo da temporada, o que claramente a Mercedes prontamente aceitou de bom grado.

Durante os treinos de inverno, passei pela pilota algumas vezes, e a mesma sempre estava focada em alguma coisa, ou simplesmente quieta em uma cadeira no canto da parede.

Todos sabem que esse é o jeito dela, mais fechado, e bem, pelo que nós sabemos isso não atrapalhou em nada a última temporada dela.

Mas devo confessar que ela é um tanto quanto marcante, japonesa, alta, com cabelos e olhos escuros mais escuros que o pano de seu macacão e postura incrivelmente impecável.

Mas o meu ponto de vista sobre ela não importa muito, afinal sou apenas uma estudante de engenharia automotiva que tem um pequeno emprego em uma grande empresa de automobilismo.

Um apito um pouco desconfortável soou pelos boxes, trinta minutos para a corrida começar, o que significa que preciso começar os trabalhos.

Meu trabalho aqui é basicamente pegar café para outros funcionários e observar algumas frequências de rádio durante a corrida dentro do paddock, já que meu salário não têm dígitos o suficiente para ficar trabalhando pela grade do pit wall.

Alguns minutos se passaram e cheguei nas máquinas de café, encontrando a Myoui quieta bebendo um pequeno copo de café.

Se ela chegar no grid quinze minutos antes da volta de apresentação, ela terá de largar dos boxes, então porque ela ainda está ali?

A máquina enchia os copos lentamente um por um, enquanto apenas o barulho dela preenchia a sala, já que ambas estavam em um silêncio mortal.

— Boa sorte na corrida, saiba que a equipe está depositando toda fé em você. — Falo sem tirar meus olhos da máquina de café e a pilota parece ter se assustado levemente.

A resposta demorou alguns segundos para chegar, e já estava me repreendendo mentalmente por dizer isso.

— Também estou depositando toda minha fé em mim mesma.