Capítulo III

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Apesar da frieza de Simone para com Soraya, ela sabia dos próprios sentimentos, sabia que não era indiferente a loira, mas se negava a admitir isso, primeiro porque achava que seria uma forma de demonstrar fraqueza, e segundo porque se priorizava acima de qualquer coisa ou pessoa. No início sua intenção realmente era usá-la, ela pensou em tudo, desde o primeiro desvio até o último. As coisas começaram a ficar sérias quando ela percebeu que Thronicke realmente seria capaz de qualquer coisa por ela. Primeiro ela arriscou seu primeiro mandato como senadora, depois aceitou receber bem menos que Simone apenas para agradá-la, para no fim aceitar ir para a prisão enquanto Tebet seguia sua vida com o dinheiro que havia ficado. Ninguém faria isso por outra pessoa senão por amor.

Entretanto, Simone havia aprendido a se dar prioridade, tanto que mesmo sabendo que gostava de Soraya, ela ignorou o fato de que a mulher estava há quase dois anos presa. A ministra além de orgulhosa, era calculista e mal sabia o significado da palavra "empatia". Ela queria mesmo era dinheiro e poder. Se aproveitava da vulnerabilidade de Soraya nas vezes em que as duas transavam e ainda ficava cada dia mais rica. Ela tinha sexo e dinheiro, do que mais precisava?

No tempo em que a loira esteve presa, ela buscou esquecê-la se envolvendo com outra. Seu casamento estava arruinado de qualquer forma, ela mal conseguia olhar na cara de Eduardo sem revirar os olhos, e jamais iria arriscar seu título para visitar Soraya, apesar de querer aquilo. A verdade é que Tebet lutava internamente entre o desejo de abraçar o mundo e a vontade de ter Soraya para si. Ela detestava admitir que queria ter sua parceira por perto novamente, e as vezes tentava se convencer de que era somente pelo sexo, mas no fundo sabia que não era. Ela havia se apaixonado pela mulher que inicialmente seria somente seu fantoche, mas jamais poderia deixar aquilo ultrapassar os limites.

Ela finalizou o almoço dado por Soraya, e voltou ao dormitório. Na sala de convívio, a frente do quarto, pôde observar a loira conversando com algumas mulheres. Ela estava sentada sobre uma das mesas enquanto as outras estavam de pé a sua frente. Ela parecia bem alegre e animada pra quem havia sido pisada por quem dizia amar, Simone pensou.

A morena sentou no beliche de baixo e ficou observando ela conversar com as mulheres. Entre risadas e alguns palavrões que diziam em voz alta, uma dessas mulheres se aproximou de Soraya, ficando entre suas pernas. Logo o sorriso da baixinha foi desfeito e um semblante sério tomou conta do seu rosto.

A mulher colocou a mão sobre a coxa de Thronicke, apertando levemente, mas ela a retirou muito rapidamente.

Simone observava tudo de seu quarto e por mais que tentasse não transparecer, seus suspiros e bico entregavam o ciúmes que ela sentia naquele momento. Apesar de não ter o mínimo direito sobre Soraya, aquilo lhe incomodou.

Ela levantou da cama, e antes que a mulher se reaproximasse novamente da loira, ela foi até a porta do dormitório.

– Soraya! – Gritou por ela.

Soraya abandonou aquelas mulheres, e saiu como um cachorrinho atrás do osso. Ela poderia ser o que fosse dentro da prisão, mas quando se tratava de Simone, ela era apenas uma submissa que faria qualquer coisa pelo mínimo de atenção.

– O que quer? – Tentou soar fria, mas falhou miseravelmente no tom de voz.

– Agradecer. – Tebet engoliu seu orgulho naquele momento, não era nada fácil pra alguém como ela. – Obrigada pelo almoço. – Ela se negava a olhá-la nos olhos.

– Só isso? – O olhar de Soraya mudou, ela passou os olhos pelo volume dos seios de Simone, não era nada boa em disfarçar seus desejos.

– O que achou que seria? – A morena a encarou séria.

Quinze Bilhões Ou O Meu Amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora