Capítulo II

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Simone tentava incansavelmente conseguir um habeas-corpus para sair do lugar à qual ela havia dado o carinhoso apelido de inferno o mais rápido possível, enquanto Soraya recebia mais uma remessa de drogas de um dos carcereiros e já iniciava sua venda.

Tebet não conseguia entender como aquela mulher culta e que só andava em salto quinze, havia se tornado a fornecedora de drogas da prisão e uma das mais temidas ali dentro. Na verdade ela não queria pensar naquilo, tanto faz se sua ex parceira comercializa drogas ou não, ela só queria sair daquele lugar. Aquele mundo não lhe pertencia.

Eduardo havia abandonado a morena no mesmo instante em que ela fora detida, o pedido de divórcio já estava em tramitação, e isso significava que Simone estaria completamente sozinha dali pra frente. Com suas contas bloqueadas, ela não dispunha de absolutamente nada, mas também se negava completamente a manter qualquer tipo de relacionamento com Soraya para garantir privilégios ali. Ela preferia morrer a deitar novamente com a mulher que havia acabado com sua carreira política.

Os guardas mandaram que elas saíssem para o pátio, teriam duas horas de banho de sol antes do almoço, Simone se negou a sair no início, mas após um bom grito vindo de um deles, ela foi forçada a seguir as outras detentas.

– É bom você tomar cuidado lá fora. As presas das outras alas não gostam nadinha de políticas. Se quiser eu posso...

– Eu não quero nada de você. Me deixa em paz! – Simone sequer deixou que Soraya finalizasse sua fala. Se não fosse por ela, a morena estaria reunida com seus colegas de trabalho.

– Escuta aqui Simone, você pode até ficar de birra por um dia ou dois, mas eu tenho certeza que quando uma dessas mulheres decidirem limpar o vaso sanitário com seus lindos cabelos, vai deixar o orgulho de lado e me procurar. E eu vou estar bem aqui. – Disse a última frase sorrindo, deu um leve pulinho e beijou sua bochecha.

– Sem contato físico, baixinha! – O guarda gritou.

– Quer um também, Pedrosa? – A loira virou para trás e lhe mandou um beijo.

Ela passou na frente de Simone e um grupo de mais ou menos cinco mulheres a seguiram, pareciam até seguranças dela.

No pátio, as "funcionárias" de Soraya cuidaram em vender parte da remessa de drogas que ela havia recebido enquanto a dona da mercadoria observava sentada em um dos cantos do enorme pátio.

Simone ficou do lado oposto. Como não conhecia – e nem queria conhecer ninguém – ela ficou sozinha.

Ela ficava impressionada em como as mulheres que vendiam as drogas, faziam isso sem o mínimo cuidado. Os guardas viam tudo aquilo, mas se faziam de cegos. Como ela conseguia se dar bem até na prisão? Eram tantos os xingamentos direcionados a ex companheira que Simone mal conseguia assimilar todos.

– Então é você a vadiazinha nova? – Uma mulher de cabelos tingidos de ruivo e pele morena com o dobro do tamanho de Tebet se aproximou dela. Três outras mulheres lhe acompanhavam. – Nova é só modo de falar, né? Certeza que cê tem mais de sessenta. – Ela riu. – Levanta!

Simone virou o rosto para o lado ignorando a mulher.

Bastou um aceno com a cabeça para uma das três mulheres que a seguiam, agarrar nos cabelos de Tebet e a colocar de pé.

– Deixa eu te explicar as regras por aqui branquela, você não é merda nenhuma. Lá fora você poderia roubar e fazer o que quiser, aqui dentro as leis são outras. – A mulher falava tão perto que Simone podia sentir seu bafo quente.

– Me solta! – Ela gritou enquanto a outra ainda segurava firme em seus cabelos.

– Ela tá comigo, Rebeca. – Soraya se aproximou com as cinco mulheres atrás de si, cada uma maior que a outra, e nenhuma chegava sequer perto de sua estatura.

Quinze Bilhões Ou O Meu Amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora