Abre a porta!

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Mais uma vez... mais uma vez eu recebendo ataques e xingamentos por algo que ele fez e não eu. Mais uma vez eu tendo que me explicar, me desgastar. Minha ansiedade vibrava em cada pedaço do meu corpo e eu só queria poder sumir. Gritar. Xingar. Correr sem rumo no meio do mato. Ou de um lugar isolado. Sem ninguém para me atacar. Sem a internet. Sem o twitter. Cada cobrança e maldade era como uma navalha na minha pele, arrancando pedacinhos de mim. Eu não havia feito nada. Eu não havia feito nada e ainda assim eu recebia enxurradas de mensagens me chamando de cúmplice de racista.

Ás lágrimas embaçavam a minha vista e eu já quase não conseguia mais manter meus olhos abertos. Minha cabeça latejava. Meu corpo pesava uns bons kgs. O baque do meu celular no chão é o único barulho ressoando pelo apartamento. O último storie quase não havia saído devido a todo sentimento que borbulhava nas minhas palavras e nos meus olhos. Encosto na parede e minhas mãos repousam em cima das caixas de presente que Amaury havia me entregue antes de eu vir para casa. Carinho e amor de cada fã em forma de objetos. Artigos e comidinhas que enchiam meu coração de amor... mas a única coisa que ressoava na minha mente eram os comentários dos haters.

Não sei quanto tempo permaneci na mesma posição, mas meus ombros doíam e meu pescoço também. Me assusto quando um barulho alto ressoa pelo ambiente algumas vezes. A batida na porta era forte demais. Desesperada demais.

— Diego abre a porta. - A voz de Amaury ressoa grave.
— Não! Me deixa sozinho. - Peço alto o suficiente para ele ouvir.
— Anda, Diego. Abre agora essa porta. - Ele grita de novo.
— Não. - Respondo encarando a madeira por alguns segundos.
— Eu não vou pedir de novo e quando eu arrombar não quero ver você reclamar.
— Você vai arrombar? - Não me seguro com a piadinha.
— Você quer que eu arrombe? - Ele responde e eu preciso segurar o riso. Me levanto apoiando na parede e caminho em direção a ele, destranco a chave devagar e abro a porta sorrindo.
— A porta não... - Sorrio - Já eu... - O sorriso no rosto dele faz a minha dor desaparecer por alguns segundos.
— Cheio de ousadia... - Ele me puxa para um abraço.
— O que você está fazendo aqui?
— Eu vi seu stories... vi as lágrimas. Quando percebi - Ele da de ombros - Já estava parando aqui.

Apoio meu rosto no ombro dele e respiro algumas vezes antes de falar. Além de parceiro de cena e de ter se tornado um grande amigo, ele virou um grande apoio e porto seguro para a minha vida.

— Obrigado por ter vindo.
— Vai me deixar aqui na porta? Me agradece me chamando para entrar. - Solto ele e abro mais a porta liberando espaço para que ele pudesse passar.
— O que é isso? - Questiono o pacote na mão esquerda.
— O doce de leite... eu disse que vi o storie. - O sorriso como de um menininho travesso faz o meu próprio sorriso se alargar.
— Ainda bem que você trouxe se não eu já iria fazer você ir buscar.
— A única coisa que eu vou buscar é uma colher porque eu também quero um pouco disso.
— Vem! - Sorrio e o guio até a cozinha.

Pego duas colheres e coloco em cima da bancada de granito, indicando para que ele pegasse.

— Vamos para a sala.
— Você já viu os presentes?
— Ainda não.
— Então vamos abrir juntos. Acho que vai fazer bem para você.
— Ótimo! - Meu sorriso fica incontrolável quando percebo que os olhos dele esta o brilhantes para mim.

Nos sentamos no sofa rodeados de presentes e cartas. Abro os embrulhos enquanto Amaury destaca a tampa da lata do doce de leite que ganhamos de uma fã.

— Sente o cheiro - Ele inclina o pote pra mim e respiro profundamente um dos meus doces favoritos.
— Que delícia... - Falo fechando os olhos.
— Só pode falar isso depois de provar.
— Você?
— Também.
— Agora. - Respondo dando o ombro.
— Não provoca. - Ele ri mergulhando a colher no doce e retirando. O olhar dele me paralisa por um segundo quando ele leva a colher na minha direção, mas rapidamente volta para a própria boca e geme baixinho saboreando o doce.
— Filho da....
— Olha a boca!
— Boa mãe.

A risada alta de Amaury preenchia cada canto do cômodo vazio.

— Obrigado por ter vindo até aqui. Eu... realmente não estava bem.
— Não precisa agradecer. Somos parceiros. Somos amigos - O polegar dele toca meu maxilar - Estamos juntos.

Sinto um fio elétrico subir por todo o meu corpo e me ajeito no sofá afastando da mão dele e cruzando minha perna para esconder à faísca de ereção que surgiu no jeans claro.

— Somos... mas eu agradeço de qualquer forma. Não era um problema seu.
— Mas era um problema seu e você não estava bem. Eu quis estar com você. - Ele pisca - Quis te dar uns apertãozinhos... - A mão dele toca minha coxa e caminha lentamente até proximo ao meio. Ele aperta o pedaço de carne da região e para. Preciso lembrar de respirar quando sinto meu membro endurecer ainda mais.
— Amaury...
— Oi?
— Nada. Vamos ler essa cartinha...

"Diego, Amaury, Dimaury... Não sei quem vai ler essa carta, mas quero dizer... Obrigada. Obrigada por me mostrar que a jornada pode ser leve e prazeirosa. Obrigada por me mostrar que... amor é amor. As vezes precisamos exatamente disso. Obrigada por me dizerem o óbvio, que amar é cuidar, apoiar e estar ali... em todos os momentos."

As lágrimas descem pelo meu rosto com uma intensidade muito maior do que eu previa e Amaury toma o papel da minha mão para continuar a leitura.

"Abaixo está um recadinho do meu filho, Mauricio, que é gay e teve coragem de me contar graça a um momento de vocês. Obrigada por serem a representação da coragem de tantos para superar preconceitos e desafios e viver o melhor do amor."

Ele me encara por alguns segundos antes de continuar a leitura. Os olhos vermelhos. As mãos tremulas. Tudo denuncia que ele está lutando contra os próprios sentimentos.

"Olá, meninos! Eu prometo que serei breve. Estou escrevendo mais para dizer obrigado. Obrigado por entrarem nos lares brasileiros e de uma forma tão paciente, acolhedora e divertida, falarem diretamente com o público que precisava ser falado. Minha mãe é uma senhora idosa, com uma cabeça antiga, que eu vi torcendo e vibrando por cada passinho a mais dado na relação dos personagens. Eu a vi torcer pelo amor. Torcer pela liberdade e por toda a conquista que a quebra de amarras nos proporciona. A partir disso eu me senti seguro para dizer a ela que eu só queria exatamente essa cena. Ela, sorrindo e aplaudindo o amor. O amor que eu quero viver. Então... obrigado"

Amaury funga ao terminar e eu ergo meu rosto buscando ar. Sinto que eu estou me afogando com nas minhas próprias emoções.

— Eu não sei o que dizer. - Falo baixinho.
— Eu estou todo arrepiado. - Ele mostra o braço e eu toco a pele em uma reação automática.
— Está mesmo... - Encaro a pele negra contrastando com a minha mão e sinto meus olhos encherem de lágrimas novamente ao lembrar do motivo dele estar ali.
— Não chora! - Ele afasta os presentes e me puxa de uma vez para o colo dele. Meu corpo se encaixa em uma perfeição divina.

A mão dele aperta a lateral do meu glúteo e a outra aperta minha coxa, envolvendo os dois braços ao meu redor. Aperto ele contra mim em um abraço carregado de uma áurea que eu não entendia. Me ajeito no colo dele e levo o rosto até a orelha, relaxando meu peso na posição.
Amaury me aperta ainda mais forte e sinto, mesmo contra o jeans, á excitação dar as caras mais uma vez.

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Hello!
Voltei com um pedido muito especial da minha querida Natt que é do fandom Kelmiro/Dimaury hahahaa
Ela queria um hotzão deles então eu fiz!

Espero que o pessoal do fandom goste.
Um beijo🩵

Le

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