Capítulo 01

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- Íris, não vá para muito longe

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- Íris, não vá para muito longe.

O pai da querida Íris grita quando sua filha bate à porta. A intenção da pequena é apenas uma. Ler. Íris viaja nos livros, ela conseguiu ir a lugares incríveis e diria até inalcançáveis para aqueles que não possuem o mesmo que ela, imaginação fértil.

A pequena acabou de se mudar para o Texas, está tentando se adaptar em um novo país que está passando pelo inverno. Íris está tão agasalhada que é muito difícil o frio atingir sua pele coberta por uma blusa de mangas compridas mais um casaco de lã que esquenta a garota como os pelos de um lobo.

Íris é especial para mim, ela já passou por meu Palácio quando foi morta por sua própria mãe, na vida passada ela era tão diferente. A menina era rude, preconceituosa, e vivia mal humorada, fora que colocava a culpa de ser daquela maneira na sua criação. Ela era tão amada por sua família. A mãe teve que matar a garota porque se não fosse a vida da filha, seria a vida dela. O criador resolveu dar mais uma chance para a pequena. Íris está sabendo lidar com seu sofrimento, não está colocando culpa nas ações do pai pela morte da mãe, afinal foi um acidente, a culpa não é do pai se outro motorista estava dirigindo alcoolizado. Mas, se fosse na vida passada...

Ela acabou de passar por um momento muito difícil da sua vida. Íris sempre lembra do desespero do pai quando ela acordou no hospital, reparou em cada detalhe daquela cena. O pai chorando, ela perguntando pela a mãe, a dor na perna com o osso quebrado, o pai gritando seu nome de uma forma tão dolorosa, era como se ele estivesse sentindo a dor que a pequena sentia em sua perna quebrada. O pai estava ileso, sofreu em nada, e aquilo fez ela pensar no quanto ele a amava, pois, estava gritando e agonizando nos braços dos enfermeiros como se fosse ele que estivesse com os ossos triturados.

Foi nesse momento em que Íris percebeu que não estava sozinha, e ela nunca ficou tão grata por algo tão previsível. Naquela mesma noite, a pequena perguntou novamente com a voz fraca "cadê a mamãe?" mas ninguém lhe respondeu. Íris sentiu uma dor insuportável, mais insuportável do que a dor dos ossos quebrados, ela sentiu a dor que eu causo, a pior dor que o ser humano é capaz de sentir. Íris sentiu como se seu coração estivesse em pedaços, sentiu como se alguém tivesse arrancado aquele órgão de seu peito, e então tudo o que restou a ela foi o vazio. Sempre que ela encara sua cicatriz que aquele metal deixou quando atravessou sua perna vem sua mãe em sua mente, ela sempre enxergava sua mãe toda machucada e ainda sentada no banco do passageiro.

Ah minha pequena e querida Íris, se você soubesse que tudo o que acontece com você hoje é apenas consequências do seu passado.
Não iria te julgar se ficasse confusa quando lhe dissesse isso, porque nem eu entendo. Não entendo as ações do nosso criador, mas vejo que na maioria das vezes isso dá certo, ele realmente sabe o que faz.

- Uau - a garota murmurou ao ver de perto o parque que ela reparou enquanto o pai acelerava o carro para chegar na nova casa - Isso aqui é mais deserto do que pensei.

Íris ignora a pontada de medo que lhe atinge, e tira seus sapatos antes de se sentar em um dos balanços. A garota começa a balançar para frente e para trás, o balanço começa a ir alto demais e rápido demais, Íris adora. A cada movimento do balanço é uma risada da pequenina. Porém, a graça acaba quando o livro dela cai sobre a areia do parque.

Íris pula do balanço quando está no alto causando mais gargalhadas da garota enquanto ela fica deitada no chão com as mãos na barriga que dói de tanto rir. Depois de alguns minutos sentada no chão rindo mais um pouco, a pequena pega seu livro e o limpa com as mãos.

Íris vai caminhando até a saída do parquinho, no entanto, um rangido chama sua atenção. A garota vira o rosto em direção ao barulho, e então sente um enorme frio na barriga ao ver um garoto de cabelo cacheado subindo no balanço onde ela estava antes. A pequena fica parada encarando o menino que parece alheio à presença dela. Quando ele chegou aqui?
Íris pensou enquanto abraçava o livro. Em um impulso de coragem a menina vai se aproximando do garoto misterioso.

- Oi... - O sussurro dela chegou até os ouvidos de Eliot que ergueu a cabeça para então ver a garota mais linda que ele já viu em toda sua vida - Quem é você? E como chegou aqui sem eu ter visto?

Eliot encarou a menina bonita percebendo que seu primeiro pensamento tinha razão, aquela garota é linda. Os cabelos longos e pretos dão vida à pele pálida e o jeito frígido da pequena menina, ele reparou tanto nela que nem se importou em responder às perguntas dela. Íris prosseguiu encarando o garoto magro e muito pálido.

- Você sabe falar? - Íris pergunta se aproximando cada vez mais.

- Sim, eu sei. Eu estava aqui antes de você chegar - Eliot respondeu começando a balançar.

Íris continuou observando as ações do garoto que balançava rápido e alto como ela. Iris se senta na areia do parque abrindo seu livro. Ela revezava seu olhar no livro e no garoto que não parava de balançar. Íris estava curiosa demais, ela queria saber mais sobre o garoto, queria fazer amizade com ele. Eliot parece legal, Íris pensou tentando voltar seu olhar para o livro em suas mãos.

- Você vem sempre aqui? Acho que é a primeira vez que vejo você.

Íris pensa em uma resposta que seja boa, mas nada vem em sua cabeça além de não, eu não morava aqui, então a garota dá de ombros abrindo um sorriso encantador. Um sorriso tão lindo, pensou Eliot.

- Eu me mudei pra cá ontem. Sou nova na cidade.

- Por que veio pra cá?

Íris não gostou muito da pergunta de Eliot. Ela ainda não superou a morte da mãe, e perguntas como essa fazem ela se sentir triste.

- Porque o meu papai quis vir morar aqui - A garota respondeu cabisbaixa.

- Não gostou disso?

Íris não sabia responder aquela pergunta ainda. Só passou dois dias nesse lugar. Nada de interessante aconteceu além de conhecer Eliot. A garota suspirou parecendo cansada, ela só quer saber como faz para ser feliz, e não se sentir mais tão sozinha.

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