[04] Samael e Asariel

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#AbismoEscarlate

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Ao que o sol se punha ao descanso, o anjo se alarmou

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Ao que o sol se punha ao descanso, o anjo se alarmou. Aquele era o sinal da natureza de que precisava apressar-se ou perderia a oportunidade. 

Sua atenção foi rapidamente tomada por um barulho de vozes alteradas ao longe, provindo da floresta. Sentiu um arrepio tomar seu corpo e a curiosidade quase a moveu com plumas para ver o que acontecia. 

Avistou ao longe dois jovens rapazes em roupas maltrapilhas discutindo por alguns centavos. Intrigada, Abdia se arrastou cautelosamente para mais perto, escondendo-se entre as folhas das árvores e os observando por uma fresta.

 Devolva o que roubou daquela senhora, Samael!  esbravejou o mais baixo.

 Por quê? Ela nem sequer me viu pegar nada. — o mais alto sorriu ladino, espreguiçando-se no tronco caído. 

 Mas isso é errado!  gesticulou já nervoso. 

O que o mais baixo não tinha de altura, tinha de braveza. 

 Nós não comemos faz três dias, Asariel! o mais alto esbravejou um pouco incomodado com o falatório do outro. — Precisamos desse dinheiro para sobreviver, será que não entende?!

 Pegou algo que não lhe pertence, e isso é errado! o amigo estava irredutível. 

 Foi por uma boa causa, sabe disso. Deixe de asneiras e vamos comprar algo.

 Quando irá entender que meios ruins nunca vão encobrir fins bons?  questionou decepcionado.

Abdia os olhou através de toda aquela discussão, enxergou na alma de cada um algo diferente de tudo que já havia visto em sua longa vida. Viu por trás daqueles trajes velhos e sujos que ambos vestiam, uma cumplicidade inegável. Pareciam amigos de várias datas, o que soa até mesmo irônico, pois eram completos opostos. Samael possuía uma aura corrompida, já Asariel uma aura límpida e pura. 

Quando juntos, Asariel era a luz que faltava em Samael. 

Ao despertar de seus pensamentos e observar os mortais novamente, o anjo de Vênus sorriu graciosamente quando viu Samael devolver para a senhora as mesmas moedas que havia roubado antes, e Asariel logo atrás do amigo com a mão em suas costas, o consolando carinhosamente e dizendo:

— Fez um boa escolha devolvendo o dinheiro para ela.  sorriu para o mais alto, que suspirou sem esperança alguma.  Confia em mim quando digo que daqui a pouco teremos dinheiro para comprar algo delicioso para acabar com a nossa fome?  apoiou o rosto nas costas de Samael, que riu sem humor.

 Impossível.

 Nada é impossível enquanto você sonha.  cantarolou baixinho para que apenas o amigo escutasse, e então sorriram um para o outro. 

Naquele instante, Abdia soube, de alguma forma, quem seriam os alvos. Aquela era a certeza interior que lhe prometeram sentir, dado essa sensação, sorriu largamente. 

Com postura e pontaria invejável, mirou entre as frestas atentamente, analisando as duas criaturas abraçadas um pouco a frente. Respirou fundo ao que fechou os lumes e levantou o arco com a canhota ao que a destra segurava duas flechas de uma vez. Ao sentir-se pronta, abriu os olhos e direcionou as lanças com confiança, porque havia esperado por este momento durante toda a sua vida.

Os ares trocaram de rumo, a energia do multiverso tornou-se leve e era quase verídico que toda a humanidade sentiu uma sensação diferente do habitual em seu íntimo naquele exato átimo de tempo. Como se os pensamentos de todos houvessem sido devorados por um enorme presságio de desgraça e alegria igualmente. 

O bem e o mal em contraste, interligados. 




SCARLET ABYSS | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora