Prólogo - Lembranças daquele verão

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Aquela deveria ser, sem sombra de dúvidas, um costumeiro fim de tarde do verão; Estava calor e Elene suava apenas ao caminhar tranquilamente pela rua enquanto carregava uma mochila escolar em suas costas.

— Você vai direto para casa? — Mia, uma amiga que voltava da escola pelo mesmo caminho que ela, perguntou, e em seguida, bebeu um gole generoso da água que residia dentro de uma garrafa plástica em sua mão e que agora inundava sua garganta, hidratando-a e garantindo que a jovem iria se refrescar, nem que fosse ao menos um pouco.

Mia estendeu a garrafa para Elene, silenciosamente se oferecendo para compartilhar o líquido com sua amiga, que por sua vez, tomou o recipiente de suas mãos e começou a beber o que havia ali dentro, soltando um suspiro de satisfação quando terminou.

— Sim, para onde mais eu iria?

— Ah, não sei, talvez a gente pudesse matar tempo na praça ou em algum outro lugar já que as aulas acabaram mais cedo hoje...— Mia sugeriu com um sorriso.

Era comum que, por vezes, Elene e a amiga ficassem de bobeira em algum lugar tranquilo até chegar a hora em que as aulas normalmente acabariam, no entanto, ela por algum motivo estava com um pressentimento estranho tomando conta de seu corpo que subitamente a fez tomar aversão pela ideia de ficar vadiando na rua ao invés de seguir direto para casa.

— Desculpa Mia, mas hoje eu não estou muito afim disso.

— Tudo bem... — Mia resmungou e franziu a testa.

As duas garotas seguiram caminho juntas, mas em determinado momento do percurso, tiveram que se despedir e cada uma seguiu por direções opostas.

Elene caminhava tranquilamente por um percurso relativamente calmo e com pouco movimento que já estava acostumada a fazer todos os dias quando ia e voltava da escola, e depois de quinze ou vinte minutos de caminhada, já era possível avistar a rua de sua casa ao longe, no entanto, mesmo que ainda estivesse relativamente distante, conseguiu notar uma coisa um tanto quanto peculiar que não era vista com frequência.

A jovem garota apertou o passo para ter certeza de que não estava vendo errado, entretanto, quando se aproximou o suficiente, presumiu que aqueles dois carros pretos realmente estavam estacionados em frente à sua casa.

Aquele tipo de coisa era deveras estranho, afinal, Elene não se lembrava de nenhum carro da vizinhança ou de algum parente que fosse parecido com o modelo daqueles dois, e além disso, não havia motivos para alguém estacionar dois veículos de procedência duvidosa em frente a sua residência.

Era a primeira vez que via aqueles carros, e mesmo achando muito estranho, a garota mesmo assim continuou a se aproximar, afinal de contas, não havia outro lugar no qual pudesse ir e não estava a fim de ficar atoa na rua até os donos daqueles automóveis irem embora dali.

Quando chegou bem perto, Elene rapidamente percebeu que havia um homem escorado na mureta em frente a casa e se assustou um pouco com a presença do mesmo já que nunca o tinha visto em toda sua vida.

Mesmo com o calor do verão que se fazia presente em todos os cantos possíveis, o sujeito em questão trajava vestes sociais, tais como uma camiseta branca de aspecto caro e impecavelmente lisa como se tivesse sido recém passada e colocada em seu corpo sem que desse tempo do calor transmitido para o tecido através do ferro de passar esfriar.

A única parte amarrotada de sua roupa eram as mangas longas da camiseta, que encontravam-se dobradas de forma a mostrar parte da pele morena de seu antebraço protuberante.

Correntes de um contratoOnde histórias criam vida. Descubra agora