Correntes de um contrato

Pássaro na gaiola

Elene andava pelas ruas daquela pacata cidade enquanto olhava de um lado para o outro apenas para ter certeza de que não estaria sendo seguida por alguém suspeito, e após constatar que estava tudo bem, ela seguiu direto para casa, mas não sem antes fazer diversos desvios e traçar caminhos diferentes do usual até chegar ao seu destino.

A jovem adentrou uma espécie de prédio de aspecto velho e um pouco insalubre e subiu uma extensa escadaria até chegar no terceiro andar. Em seguida, rapidamente tirou uma chave de seu bolso enquanto caminhava sem parar nem por um segundo até uma das portas, destrancando-a logo em seguida.

Elene entrou, trancou o apartamento novamente e correu pelo pequeno espaço no qual esteve vivendo nos últimos dois meses e começou a por uma bolsa grande e fácil de carregar por aí.

Quando a encontrou, ela andou até o quarto minúsculo e abriu o pequeno armário que continha as poucas peças de roupa que a mesma possuía e sem muita cerimônia, jogou tudo que conseguiu ali dentro. Em seguida, se inclinou um pouco e abriu uma gaveta, onde pegou sua carteira e todas as economias que tinha conseguido juntar entre uma fuga e outra.

Por último, pegou o carregador do celular e também enfiou dentro da bolsa antes de ir sorrateiramente até a janela do cômodo, onde percebeu uma movimentação estranha de carros pretos que estavam circulando o prédio e até mesmo alguns indivíduos parados nas esquinas próximas à entrada principal do local.

Elene saiu do apartamento e deixou a chave no lado de fora da porta, sequer se incomodando em trancá-la quando saiu, mas ao invés de descer as escadas como costumeiramente faria, ela passou por duas portas duplas que levavam a uma escada utilizada pelos funcionários da limpeza e começou a descer por aquela passagem que normalmente seria proibida a pessoas que não trabalhavam no local, porém, a jovem não se preocupou com aquilo e continuou a descer enquanto conversava com o taxista que havia contratado para levá-la até a rodoviária.

Elene ligou para o número dele e o sujeito rapidamente atendeu, o que a deixou aliviada. Mesmo já estando no térreo e querendo ir embora dali o quanto antes, a mesma parou e ficou na espreita para ter certeza de que ele já estava no local combinado.

— Alô, você já está no local combinado?

— Sim, estou te esperando aqui.

Depois de ter a confirmação, ela finalmente saiu de seu esconderijo e passou pela porta dos fundos que desembocava na parte de trás do prédio onde os funcionários da limpeza descartavam os lixos dos moradores daqueles apartamentos para que o caminhão de lixo pudesse carregar.

Para sua sorte, não parecia ter ninguém suspeito atrás dela, então a jovem correu até o outro lado da rua, onde o carro com uma plaquinha de táxi acoplada ao teto do veículo se encontrava parado e com o motor ligado apenas esperando para dar a partida.

Sem pestanejar, Elene abriu a porta do automóvel e rapidamente entrou.

— Por favor, vá o mais rápido que conseguir. — Ela pediu, e sem dizer nada, o motorista apenas acenou com a cabeça e deu partida com o carro.

Em silêncio, Elene agradecia a Deus por não haver ninguém nos fundos do prédio porque os homens que estavam atrás dela provavelmente achavam que ela não tinha conhecimento da chegada deles à cidade e só iria perceber a presença deles quando estivesse saindo do edifício e fosse abordada pelos mesmos, mas a verdade era que a jovem já tinha conhecimento sobre a presença deles a algum tempo.

Eles provavelmente estavam achando que hora ou outra ela iria sair tranquilamente dali, quando na verdade, a jovem já estaria longe a muito tempo.

Cerca de quase trinta minutos depois, ela já estava na pequena rodoviária da cidade, e durante todo o caminho, a garota ficou observando o movimento dos demais carros que seguiam pelo mesmo caminho que o seu e felizmente não notou nada de estranho como aqueles característicos carros pretos.