PROLOGO

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Atualmente...
POV. Aurora B.

— Tragam-na! — ralhou a Rainha. — Eu ordeno! Desejo ver o rosto de quem mais desprezo!

Uau!, pensei ao ouvi-la gritando de longe com seus guardas algo fútil sobre mim. Ela dizia algo como "uma insolente plebeia não merece o meu perdão".

Ela continuava a me difamar enquanto seus guardas me encaminhavam algemada – porque, aparentemente, eu era algum tipo de "criminosa" – até sua frente. Engoli em seco, eu só tinha dois caminhos. Prisão ou morte.

— Nem é isso tudo que vocês me disseram! — vossa majestade real deveria saber que estou há dias sem comer, ou senão poderia realmente lhe fazer um estrago, pensei. Mas ela estava certa, eu não era isso tudo e obviamente não podia estragar o rosto perfeito da rainha.

— Deixe-me explicar majestade! — pedi quase suplicando. Eu devia ter o direito de explicar o meu lado. Não era exatamente como ela pensava que aconteceu, se é que ela pensa que aconteceu algo.

— Você deveria manter sua boca fechada, garotinha! Nem aqui e nem em lugar nenhum você tem lugar de fala. Eu digo quando deve falar, e digo que não é agora.

O rei, seu marido, me olhava desconfiado, ele não levantava a voz desde o dia em que eu o vi, alguns dias atrás, quando cheguei da mesma forma como estou agora, mas devia concordar com tudo o que a rainha dizia sobre mim. Era difícil se impor a ela, a rainha parecia saber como manipular uma mente para ver você como uma reles criminosa. Até eu começava a achar isso depois de algumas horas.

— O que faremos com você agora? Já está me enojando ver essa sua cara de maltrapilha! — direta!, pensei de novo.

Mas eu realmente estava maltrapilha. Cabelos sujos de vários dias, os muitos machucados que sua guarda real fizera em mim, até usava as mesmas roupas já havia uma semana devido a ficar presa o dia inteiro em cativeiro, isso fora a magreza, que era muito bem visível. Só fazia duas semanas, e eu já estava um caco.

— Eu já sei! — gritou animada, e essa foi a primeira vez que a vi sorrir desde minha entrada nada triunfal ao seu castelo. — A prisão ou a morte são caminhos muito fáceis para você, plebeia. Não! Eu preciso de alternativas melhores! E já as tenho! — engoli em seco quando ela veio em minha direção e apertou minhas bochechas, fazendo-me encará-la — Você é desprezível e insignificante! Como fez com que os garotos fizessem aquilo? O que você tem que os encantou tanto?

Os garotos... Eu não conseguia esquecer dos dois. Pensava em o que poderia estar acontecendo com os dois agora mesmo. Talvez estivessem perambulando pelo castelo, livres. Talvez pensassem em mim também. Ou talvez me odiassem tanto que concordavam com o que quer que a rainha faria comigo a partir de agora.

De certa forma, eles não vieram me ver em nenhum dia dessas duas semanas na minha prisão. Nem mesmo estavam em seus tronos hoje.

Suspirei alto e baixei o meu olhar para o chão, foi quando senti seu apertão mais forte na bochecha e voltei a olhá-la. Eu sentia culpa, mas não podia fazer nada, não era como se eu tivesse alguma coisa realmente para fazer. Eu sou apenas uma plebeia, como ela mesma diz com tanto desgosto.

— Eu não tive culpa! — tentei dizer aos sussurros, meus olhos encheram-se de lágrimas ao pensar no que aconteceu naquela noite.

Eles só queriam me ajudar..., queria dizer, mas ainda assim ela me olharia dessa forma. Ela é o predador. E eu sou a presa. Só mais alguns minutos, e ela daria o bote.

— Colocou-os um contra o outro! É claro que teve culpa, sua... Imbecil! — meu rosto queimou e eu percebi que acabara de levar um tapa real, molhei os lábios, e me segurei para não chorar hoje pela milésima vez.

— Me desculpe, majestade! — disse enquanto o ardor na bochecha passava, mas sabia que ficaria uma marca vermelha de seus dedos. Senti algo molhado descer pelo meu rosto, mas não era uma lágrima, seu anel do casamento havia cortado minha bochecha.

— Não é a mim que você deve desculpas, garotinha! — eu estava odiando a forma como ela se dirigia a mim, essa forma enojada. — Decerto, para ninguém você dirá! Seu castigo e punição já foram definidos. Seus dias na minha corte acabaram!

Arregalei os olhos para ela. De todas as punições, ela escolhera a morte para mim? Mas a pouco tempo ela disse que a morte era algo fácil demais para mim, o que poderia ser pior que a morte?

— Você vai viver, acalme-se. Mas será bem longe do meu reino, você está banida! Expulsa! Nunca mais, nem quando meus filhos forem reis, terá o direito de pisar aqui. Sua punição é viver longe, o mais distante possível desse reino!

— Não! Por favor majestade! Minha família e os meus amigos estão aqui! Eu aceito qualquer outra punição! — supliquei.

— Não adianta suplicar, garotinha! Já está decidido. Você viverá longe dos meninos, o mais longe que puder! Eu não a aceito morando aqui.

Agora, o que acho que vocês querem entender é, o que raios de tão ruim eu fiz, certo? Vamos entender a história do início, para vocês compreenderem o meu lado. Afinal, toda história tem dois lados.

Half Troubles, Half PrincesOnde histórias criam vida. Descubra agora