Half Troubles, Half Princes

Me escolha.

— Você prefere dia ou noite? — estávamos, Justin e eu, deitados sob o céu estrelado da noite mais luminosa do ano. Vários cometas desciam rasgando o céu e nós nos virávamos um para o outro para dizer "faça um pedido". Era romântico e mágico ao mesmo tempo. Nossos pés novamente se encontravam nas águas calmas do lago e nossa risada era um hino em conjunto para a noite.

— Noite, duh! — eu disse entre várias risadas, sentei-me na grama, sentindo-a pinicar em lugares muito incômodos mas tentando ignorá-la e colhi uma flor, depois outra e então outra, e com meus dedos ágeis fui criando uma coroa de flores, dando nós e colhendo flores uma após a outra. — Por que mais estaria aqui se não amasse a noite? — perguntei por fim.

— Por mim! — parei meu trabalho manual e o olhei engolindo em seco, era bem verdade que havia ficado super encantada com ele das outras vezes que viemos aqui e que eu poderia estar, bem, me apaixonando por esse homem – um deus grego, diga-se de passagem.

— Não posso mentir, Justin! Minha mãe me ensinou que isso é feio! — brinquei com ele e dei-lhe um sorriso amarelo, para que soubesse que eu estava mentindo nesse exato momento. Ele sorriu de volta, terminei minha coroa de flores, coloquei em seu cabelo. — Agora está lindo!

— Obrigado, milady, mas achei que ficariam melhores no seu cabelo. — Justin retribuiu a zombaria e se sentou na minha frente antes de tirar a coroa de flores e passar para mim, ajeitando-a em meu cabelo. — Seu trabalho é lindo! — senti sua caricia em minha bochecha e achei que fosse explodir de rubor.

— Obrigada! — beijei sua bochecha.
Os próximos minutos foram de silêncio. Mas, espera, não era aquele silêncio chato e que deixa todos desconfortáveis, era um silêncio bom e bem-vindo.

Ficamos nos encarando, em partes sem saber qual o próximo passo daríamos ou se daríamos esse próximo passo – e se vocês não entenderam, suas mentes pervertidas, eu estava querendo dizer beijar, afinal, existiam regras na corte sobre as mulheres, e para eles não serem machistas incluíram os homens nessa tal lei também, não poderem fazer... certas coisas sem uma relação mais íntima, como o casamento. Ninguém que eu tenha conhecido cometeu a gafe de descumprir essa regra, não era exceção nem para os reis, príncipes ou qualquer outro membro da corte real.

Justin me olhou nos olhos e eu sorri para ele.

— Conheci um Jason, não me lembro se te contei. Ele me lembrava você de rosto, E eu lembro que você falou sobre ter um irmão da mesma idade que você, então eu pensei "qual a chance de eu ter conhecido os dois irmãos no mesmo dia?", só que acho que não era, seu irmão é da guarda real?

O vi engolir em seco e pensei, por um segundo, se havia cometido algum erro em mencionar um possível encontro na mesma noite em que o conheci com o seu irmão gêmeo, mas tenho consciência de que não foi um erro, bem, espero que não tenha sido.

— Ele é. Da guarda. Como o conheceu? — desta vez eu engoli em seco, então era o irmão do Justin, exceto que o problema é: ele era mesmo da guarda real e poderia ter me prendido aquela noite pelo toque de recolher que eu não escutei – igual estava fazendo hoje de novo.

— Foi na noite em que eu te conheci. Estava voltando embora e esbarrei com um guarda. Era ele. Acho que dei sorte? Ele não me prendeu e nem me entregou ou fez algo comigo.

— Não foi sorte, Jason não brinca com isso. Ele só pensa o mesmo que eu. — Justin tinha um brilho misterioso no olhar, mordi o lábio na esperança de tentar descobrir que brilho era aquele, ou se poderia apenas ser o reflexo da lua em suas pupilas, mas era realmente algo travesso, como se ele pensasse no que pudesse ou não me contar.

— Como assim? O que vocês pensam igual? — perguntei com a curiosidade quase jorrando em cada palavra que saía da minha boca, mas ele só me deu um sorriso travesso, beijou minha bochecha e levantou-se da grama. — Justin? — perguntei.