Luccas Armani

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Comecei bem.
Ah eu comecei a vida muito bem.
Comecei tudo bem demais, isso era um problema.
Eu conheci uma mulher muito gentil quando cheguei aqui, não me lembro de seu rosto, na verdade, raramente consigo lembrar do rosto das pessoas ao meu redor, tudo que me lembro é de seu sorriso acolhedor e seu semblante calmo, ela era baixa e tinha os cabelos brancos presos em um coque que deixava apenas duas mechas escaparem e escorregarem por seu ombro.
"Tudo vai dar certo pequeno" ela disse. "Estrelas que brilham muito acabam queimadas por seu próprio brilho e apagadas pela escuridão constante que sempre as segue por trás" ela me lembrou mais uma vez antes de tirar uma mecha do meu cabelo do meu rosto. "Brilhe" falou com um tom inexpressivo, "mas nunca demais."
Por quê?
Tive os altos e baixos da vida, todos me serviram apenas mentiras.
Tudo bem.
O que não mata te fortalece, não?

Acordado, agora eu observava o ambiente a minha volta, estava familiarizado com as paredes e corredores que se perdiam de vista.

- Um tanto vazio, não?- eu pergunto olhando para Lua que estava tentando ouvir um áudio em seu celular, a garota desliga o celular e concorda com a cabeça antes de responder

- Certamente, mas ainda não consegui me decidir sobre isso ser algo bom ou ruim...

- Estou impresionado com o silêncio na verdade- passei as mãos por meus cachos desarrumados antes de sorriso com um pouco de sarcasmo- não achei que o Casper fosse do tipo "ficar quieto e seguir regras".

- Pode ter certeza de que ele não está nada feliz agora.

O guarda que estava nos acompanhando parou em frente a uma porta e se virou para falar com Samantha que apenas concordou com a cabeça para o que quer que fosse a ordem dada pelo outro agente, me escorei contra a parede e soltei meu cabelo do pequeno coque apressado que havia feito algumas horas antes, minha cabeça estava doendo de uma forma descomunal, de certa forma, não é como se fosse algo incomum, depois de tudo o que ocorreu na última missão dava para ter certeza que ficaríamos inativos por algum tempo, eu fechei os olhos e deixei minha audição se ampliar e escutar o que quisesse.

"Não foi um engano garoto. O mais cedo que você aceitar isso, melhor."

"...você já sabia, não é?"

"Mas eu juro papai! Foi o quadro! Eu juro que foi!"

Acima do portão de metal fosco dava para ler as iniciais I.P.C.E, era minha nova casa, meu novo mundo, assim como os diversos olhos que estavam cobrindo boa parte da minha pele e agora e logo mais, também inundaram a minha mente.

Desde que virei parte da equipe infinito meus pesadelos tem dado um trabalho a mais para o meu psicológico, a última coisa que eu queria era lembrar do passado, mas com ele ressurgindo por todo lugar, como é que eu ia ignorar?

- Dilemas pessoais?-perguntou Lua com um chocolate em mãos

- Vou ter mais do que uma dor de cabeça se isso continuar- eu disse ríspido

- ele ainda acha que quem manda na cidade é ele?

- acha não, ele tem certeza. Eu não vou deixar ele encostar em algo que é meu, a arrogância cegou ele e o jogou em um poço sem fundo de escuridão.

- Eles não vão passar daqui, não vão deixar ele continuar a meter a mão em assuntos do qual ele não deveria nem possuir conhecimento sobre.- algo sobre o jeito com qual ela estava calma sobre o assunto me fez relaxar um pouco

- Talvez, se tudo der certo como o esperado e o Casper seja liberado sem burocracia, nós podemos pedir para ele nos deixar festejar em uma pizzaria!

- Acabamos de perder um membro da equipe Lua...- não era uma má ideia mas eu tive que lembrá-la com um tom de culpa na voz.

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⏰ Última atualização: May 19 ⏰

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Equipe InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora