CENA 44 - DIA

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Estamos novamente naquele campo verde e vazio no meio da floresta, onde na sua frente há apenas o casarão abandonado. Subitamente, Gabriel surge no local usando sua velocidade. Ele vai em direção ao casarão, entrando nele. Gabriel vê que não há ninguém ali, e por isso, pela primeira vez, ele decide explorar o lugar. 

Gabriel adentra um grande corredor que via toda vez que entrava, mas sempre o ignorava por falta de interesse. Ele passa por vários cômodos: a maioria estava completamente vazios, e os que tinham alguma coisa estavam totalmente empoeirados e consumido pelo tempo, cupins haviam devorado tudo. Vendo que não há nada de interessante ali, Gabriel volta para onde estava, observando a escadaria em sua frente, que leva ao segundo andar. Mas as escadas estão destruídas, quase nenhum degrau estava inteiro; e os que estavam, parecia que ia desabar no momento que alguém colocasse os pés ali. 

Gabriel fecha os olhos, respira fundo e usa sua velocidade para subir os degraus rapidamente para, assim, não colocar muito peso por muito tempo neles. Ele chega no andar de cima, mas ouve um barulho de algo semelhante a um rangido; olha para trás e vê que o último degrau que pisou estava começando a rachar. O garoto ignora e continua explorando o local, logo vê outro corredor e pensa em entrar, mas vê algo ali que chama mais sua atenção: uma lamparina dourada enfiada no meio da parede, com um detalhe que não havia mais nenhuma pela casa, e nem precisa, afinal, os tetos do local que ainda estão inteiros, possuem suportes para lâmpadas.

 Gabriel se aproxima da lamparina cuidadosamente, curioso para tentar entender o motivo daquilo estar ali. Subitamente, Gabriel ouve alguém o chamando: a voz do Wilson. 

SR. WILSON
(fora de tela)
Gabriel? Tá aí? 

Gabriel se afasta da lamparina e usa sua velocidade para descer ao primeiro andar, ficando frente a frente com Wilson, que sorri. 

SR. WILSON (CONT'D)
Fico feliz de ter me ligado, sério mesmo. 

GABRIEL
(diz desconfiado)
Deve ter ficado. 

Wilson percebe o tom de desconfiança vinda de Gabriel. 

SR. WILSON
Alguma coisa errada? 

Gabriel pensa um pouco em sua resposta, mas outra dúvida vem a tona. 

GABRIEL
Por que eu? 

SR. WILSON
Que? 

GABRIEL
Tenho certeza que não sou o único do mundo que tem essa célula. Então, de todas essas pessoas, por quê eu? É por que sou filho do Power Man? 

Wilson pensa no que vai falar a seguir, com cautela. 

SR. WILSON
Sinceramente, sim. 

Gabriel fica decepcionado, mas já esperava essa resposta. 

SR. WILSON (CONT'D)
Mas tínhamos outras opções, podíamos ter te trocado no meio. Mas eu percebi uma coisa: você não é só o filho do homem mais rápido do mundo. Você também é a pessoa mais justa, determinada e corajosa que eu já conheci. Eu não ia simplesmente desistir de você... não depois de tudo que passamos. 

GABRIEL
Não foi isso que o Willard medisse. 

SR. WILSON
Willard!? Você se encontrou com ele!?

GABRIEL
Sim. E ele me disse que vocês não se importam comigo de verdade, tudo que vocês querem são meus poderes. E que a A.C.E. não é nada mais que uma organização corrupta. 

SR. WILSON
(diz calmamente)
Willard é um traidor... e um mentiroso. Ele traiu sua família e amigos em troca de um plano que o beneficiaria, mas ia matar milhões no processo. Por isso, você não deve confiar em nada que sair da boca dele. 

GABRIEL
E como eu sei que não são vocês que estão mentindo pra mim? 

SR. WILSON
Olha... Me desculpa por ontem. Eu perdi o controle e falei coisas insensíveis da minha parte. Podemos não ser santos, mas eu lhe garanto que tudo que a A.C.E. quer é garantir a paz. 

Querendo ou não, Gabriel confia em Wilson. Sem nada mais para falar, ele olha para o segundo andar, o local onde estava. 

SR. WILSON (CONT'D)
O que foi? 

GABRIEL
Nada... eu só tava explorando lá em cima antes de você chegar e vi uma coisa estranha. 

SR. WILSON
Tá falando da lamparina na parede? 

GABRIEL
Como sabe da—-

SR. WILSON
(o interrompe)
Vamos lá. Acho que tá na hora de você saber o que esse lugar realmente é. 

Curioso, Gabriel usa sua velocidade e leva Wilson para o segundo andar, junto com ele. Wilson toma um susto por, do nada, estar em outro lugar, tonto. 

GABRIEL
Tá tudo bem? 

SR. WILSON
Não sabia que conseguia fazer isso com facilidade. 

GABRIEL
Nem eu... 

Wilson checa o relógio em seu pulso e vemos uma expressão de surpresa vinda dele. 

GABRIEL (CONT'D)
O que foi? 

SR. WILSON
Você acabou de correr 1800, só subindo essa escada... Como ficou mais rápido em tão pouco tempo? 

GABRIEL
Eu não faço ideia, na verdade. Nem sabia que estava correndo mais rápido. 

Gabriel vai em direção á lamparina na sua frente, mas olha pra Wilson, para se certificar se deve mesmo mexer nela. 

SR. WILSON
Vai em frente. 

Gabriel puxa a lamparina, como uma alavanca. Com isso, um barulho de eco sussurrante ecoa pelo local. A parede abre sozinha, revelando um cômodo sem fundo, com três barras de metal, levando para baixo. 

SR. WILSON (CONT'D)
Pode descer. É seguro. Quer dizer... ninguém checa o lugar desde de2003. Então, só toma cuidado. 

Cautelosamente, Gabriel apoia seu braço em uma das barras. Ele olha para baixo e não vê nada além de um grande breu. Ele toma coragem e apoia suas pernas nas barras, descendo. 

Power BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora