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"Para com isso!" Eu sorri, me apoiando nos meus calcanhares.

O lápis entre meus dedos descansava preguiçosamente ao meu lado. Nos últimos minutos, eu estava sendo impedida de desenhar um traço na tela. "Eu não consigo desenhar você assim. Você tem que ficar quieto, vida!"

"Eu estou quieto." O homem na minha frente respondeu. Seus olhos fecharam um pouco quando ele sorriu. "Ouvi dizer que os melhores artistas conseguem pintar algo em movimento."

"Você está dizendo que sou uma péssima artista?"

"Estou dizendo–" a voz grossa diante de mim ria "–que eu tenho dificuldade de ficar parado quando estou perto de você. Eu tenho que ficar alerta pra ter certeza que você é real."

"Que eu sou real?" Perguntei casualmente, contemplando suas palavras, e levantei meu lápis para a tela, apesar do fato de ele ainda não ter começado a ficar parado.

A pulseira em meu pulso brilhou na luz.

Eu sabia que tinha palavras nela, mas não conseguia lembrar o que estava escrito. Tudo parece um pouco nublado. Escuro. Distante.

Os cantos da minha boca franziram enquanto eu tentava focar no contorno do homem à minha frente – apenas para perceber que estava um pouco nublado também.

Comecei a pintar.

"Já faz um tempo que eu não desenho nuvens," comentei com um suspiro pequeno e melancólico, gesticulando com a mão livre para a extensão macia e branca de penugem em que estávamos ambos sentados. "Eu desenhava sempre quando estava aprendendo a pintar."

Ret inclinou a cabeça para o lado. Por um momento pareceu que ele ia dizer alguma coisa. "É? Me fala mais sobre isso."

"Sobre quando eu estava aprendendo a pintar?"

Ele assentiu.

"Bom..." Me sentei mais sobre os calcanhares, deixando o lápis ficar estagnado por um momento. "Meu pai me ensinou quando eu era mais nova. Ele sempre me disse que eu tinha jeito pra ser artista."

A menção de meu pai pareceu evocar um som estridente que soou de repente e eu instintivamente deixei cair o lápis, estendendo a mão para cobrir meus ouvidos.

Ret apareceu diante de mim em questão de segundos, como se tivesse aparecido magicamente ali, e olhou meu rosto de cima a baixo com preocupação.

LOUCO PRA VOLTAR | FILIPE RETOnde histórias criam vida. Descubra agora