Chuva

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Beelzebub, como de costume, estava em seu laboratório com seus experimentos demoníacos, na esperança de algum deles funcionar - apesar de saber que nenhum iria.

Adamas não estava lá, ele havia saído para "esticar as pernas", como ele mesmo disse. De qualquer forma, Beelzebub não se importava com onde ele estava.

Suspirou cansado após terminar de germinar outra criatura, pronto para apenas esperar ela se desenvolver e voltar para tentar mata-lo.

Uma batida na porta lhe tirou de seus pensamentos, o fazendo erguer o olhar para a entrada do laboratório.

— Hermes. — citou o nome de seu convidado inesperado enquanto o olhava parado na porta.

— Bom dia, senhor Beelzebub. — ele se curvou em reverência.

— O que veio fazer aqui? — perguntou, ignorando formalidades.

— Tenho uma informação que pode ser de seu interesse.

Beelzebub franziu levemente o cenho. Aquilo era mais do que incomum.

— E o que seria?

— Onde e quando a alma de Lúcifer irá reencarnar.

Beelzebub paralisou com aquilo.

Haviam se passado tantos milênios desde sua morte. Como e porque Hermes ficou sabendo disso? Houveram outras reencarnações? Sua alma havia morrido todas as vezes, caso tenha reencarnado? Ou essa era sua primeira reencarnação? Beelzebub tinha muitas dúvidas, mas não tinha certeza se deveria saber as respostas. De qualquer forma, não iria questionar suas dúvidas a Hermes.

— Eu não quero saber. — respondeu com firmeza.

— Tem certeza?

Beelzebub hesitou.

Ele não queria ver quem era a reencarnação de seu antigo amigo. Tinha medo de se apegar a ele e acabar com o mesmo final. Mas algo dentro de si ainda queria poder reve-lo uma última vez. Ver se ele iria ficar bem.

Enquanto pensava acabou não respondendo, o que fez Hermes sorrir.

— Uma criança humana, irá nascer no império austrico, na pequena vila de Smiljan. O mais novo filho da família Tesla. A mulher dará a luz essa noite.

"Humana...?"

Beelzebub deveria ter cogitado essa hipótese. Diferente da maioria dos deuses, Beelzebub não odiava os humanos, apesar de também não gostar deles. Igualmente a maioria dos outros seres, humanos eram apenas objetos, irrelevantes para si.

— Algo mais?

— Não, nenhuma outra informação. Mas Hades pediu para eu lhe mandar um "oi".

— Entendo... — abaixou a cabeça — Você pode ir então.

Hermes acenou com a cabeça e se retirou, fechando a porta ao sair.

Beelzebub até gostaria de poder retribuir os gestos de Hades, mas preferia não arriscar. Não queria perde-lo também.

O que ele deveria fazer com a informação que recebeu? Ele deveria dar uma olhada? Ou apenas ignorar? Afinal, não iria ser Lúcifer. A criança não teria as memórias dele, talvez nem mesmo tivesse a personalidade dele apesar de reencarnações sempre acabarem sendo similares a alma anterior. Seria como um completo desconhecido

Beelzebub deveria apenas ignorar. Não havia o que fazer com aquilo. O que ele poderia fazer? Pedir desculpas? Esperar que ele se lembrasse de alguma coisa? Era melhor que ele apenas se esquecesse de tudo.

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